UOL


São Paulo, terça-feira, 05 de agosto de 2003

Texto Anterior | Índice

FUTEBOL

Teixeira, o descobridor

MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
EDITOR DE OPINIÃO

Li na Folha que o sr. Ricardo Teixeira descobriu a pólvora. Diz-se favorável a adaptar o calendário brasileiro ao europeu. A reportagem explica que essa iluminação mental do cartola, como era previsível, não foi fruto de um raciocínio de gestão esportiva, mas de interesse político: como Joseph Blatter quer implantar um calendário mundial, Teixeira, que é candidato à Fifa e pretende ter o apoio do atual presidente da entidade, percebeu que seria esperto apoiar a idéia.
O presidente da CBF também poderia aproveitar o ensejo e inventar a roda, atuando para reduzir o número de times no Brasileiro. Afinal, Blatter manifestou-se favoravelmente a limitar o número de clubes em torneios nacionais. O futebol do país seria outra coisa se adotasse duas divisões de no máximo 20 times, com um número maior de vagas para ascenso e descenso e classificação via Brasileirão para a Sul-Americana, além da Libertadores.
 
Fui ao Morumbi presenciar a lamentável atuação do São Paulo contra o Inter, que jogou muito bem, aplicando um baile de bola num Tricolor incapaz de armar jogadas. A batata de Rojas, ao que tudo indica, começou a assar. O São Paulo foi beneficiado por dois tropeços do Cruzeiro, mas não conseguiu aproveitar a chance -e jogando em casa. Perdeu para a Ponte Preta e para o Inter.
O meio-de-campo escalado pelo treinador chileno revelou-se um completo desastre, com destaque para Simplício, jogador que a torcida não quer ver nem pintado de ouro. Se Simplício, como querem, é meia, e não volante, parabéns. Não dá, porém, para ser meia do São Paulo. E a idéia de colocá-lo como batedor oficial de escanteios é fantástica. Não acerta um!
No final, a Torcida Independente descarregou sua ira sobre Kaká. Compreende-se a irritação com as ausências e a irregularidade dele nos últimos meses. Torcida também não gosta de atletas que notoriamente estão armando transferência. A questão é que as falhas que o São Paulo tem mostrado pouco têm a ver com Kaká.
 
O Brasileiro chega ao fim do primeiro turno com os clubes cariocas em situação muito ruim na tabela, o que certamente tem afetado as médias de público. Clubes de enormes torcidas como Flamengo e Vasco não têm oferecido motivo para alguém sair de casa, comprar um ingresso e vê-los no campo. Já o Fluminense, a permanecer onde está, acabará atraindo gente para torcer contra o rebaixamento. É muito pouco para um futebol com a tradição do carioca. E tome Caixa D'Água!
 
O Corinthians é outra grande decepção. O sr. Alberto Dualib e seu falante diretor de futebol deveriam, no lugar de tramar contra o torneio por pontos corridos e o Estatuto do Torcedor, mostrar serviço para a Fiel. O time hoje é uma colcha de retalhos, que joga de forma medíocre, um arremedo do que foi na temporada passada.

Raposa e Peixe
O Cruzeiro foi o merecido campeão do primeiro turno do Campeonato Brasileiro de pontos corridos. O time de Wanderley Luxemburgo jogou muito bem essa primeira fase da competição e, quando vacilou, foi ajudado pela incompetência de seus adversários mais próximos. Caso do Santos, que perdeu na partida contra o Grêmio a chance de igualar-se à Raposa na última rodada. Vai bem, no entanto, a equipe da Vila Belmiro. Ao que tudo indica, disputará o título, que lhe daria um glorioso bicampeonato. Tem razão o treinador Emerson Leão ao afirmar que é preciso "reconstruir" Robinho. Há um estranho impulso destrutivo contra esse jogador. O moleque é muito bom de bola, e tenho certeza de que ainda dará a volta por cima.

E-mail mag@folhasp.com.br


Texto Anterior: Basquete - Melchiades Filho: O chaveiro
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.