São Paulo, quarta-feira, 05 de agosto de 2009
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TOSTÃO Com o burro na sombra
SEMPRE FUI contra as exageradas críticas que sofrem árbitros e auxiliares por erros que só ficam claros pela televisão. É o futebol virtual. Trabalhos científicos mostram que, nas situações difíceis, é impossível um auxiliar ver, em uma fração de segundo, a posição do jogador que dá o passe e a do que recebe, ainda mais com tantos outros à sua frente. No entanto, é necessário separar essa e outras limitações humanas dos frequentes, evidentes e graves erros. Árbitros e auxiliares sabem as regras, porém conhecem pouco de futebol. Não sabem marcar faltas, pênaltis nem impedimentos. Erram mais por marcar o que não existiu do que por deixar de marcar o que existiu. Os árbitros não sabem separar o carrinho, que deve ser punido com cartão vermelho, do desarme pelo chão, quando o marcador desliza no gramado, estica a perna e toca na bola. Isso não é nem falta. Muitas vezes, o jogador cai para provocar a falta ou é inevitável a queda. Os árbitros não sabem também diferenciar a cotovelada, que é uma agressão, do lance em que o jogador, ao saltar, instintivamente, para se proteger ou para manter o equilíbrio, movimenta os braços e atinge o adversário. Isso também não é falta. É melhor mudar de assunto. Os técnicos brasileiros adoram mudar o número de zagueiros, de uma partida para outra ou em uma mesma partida. Em um jogo, o time joga bem com dois zagueiros. Em outro, com três. Algumas vezes, a mudança é necessária. Quando o Sport ficou com dez jogadores, Muricy Ramalho, imediatamente, trocou o terceiro zagueiro por um atacante e avançou a marcação. O Palmeiras, que jogava mal, cresceu e venceu o jogo. Muricy fez o óbvio. Isso é que o diferencia dos outros treinadores. Ele faz bem e sabe o momento de fazer o óbvio, o essencial. O Palmeiras está na frente e tem, hoje, o melhor time do campeonato. O melhor elenco ainda é o do São Paulo, como nos últimos anos. Por isso, o São Paulo tem ainda boas chances de chegar entre os primeiros e até de ser campeão. Muito mais difícil é o Atlético-MG ou o Goiás, mesmo com Fernandão, chegar entre os primeiros ou ser campeão, com elencos muito inferiores aos de outras equipes. Se isso acontecer, seus treinadores terão ainda mais méritos. O medo do torcedor do Atlético- -MG é Diego Tardelli, que continua jogando muito bem, voltar da seleção muito pior, como tantos outros jogadores. No primeiro semestre, o futebol brasileiro teve vários melhores jogadores. Todos foram pedidos para a seleção, como Nilmar, Taison, Keirrison, Ronaldo, Ramires, Kléber e Tardelli. Agora, dizem que é Diego Souza. Quem será o próximo? Na semana passada, escrevi que o Corinthians, por ter garantido vaga na Libertadores, está com o burro na sombra. Um leitor me disse que o burro na sombra é mais importante para a queda da equipe que a saída de tantos atletas. Ele me perguntou quando, onde e quem inventou essa expressão. Não sei. Nem o Google sabe. Quando escrevo, devo colocar aspas nessas expressões populares? Também não sei. Esse é um bom e gostoso assunto para se estudar. Texto Anterior: Tênis: Não é pouco Próximo Texto: Atletismo quebra recorde de doping Índice |
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