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Atletismo quebra recorde de doping
Delegação nacional que disputará o Mundial da Alemanha em dez dias registra seis flagrantes positivos numa semana
Exames apontam presença da substância proibida EPO, e representantes da equipe Rede podem pegar até quatro anos de suspensão
JOSÉ EDUARDO MARTINS
MARIANA BASTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
A delegação brasileira de
atletismo que vai disputar o
Mundial de Berlim, a partir do
dia 15, é protagonista do maior
flagrante de doping da história
nacional da modalidade.
Dos 45 classificados, seis foram flagrados no antidoping.
Somente em 2009, foram constatados sete casos de doping no
país. Isso significa quase um
terço do total de casos desde
2003, quando os exames começaram a ser feitos no Brasil de
acordo com as normas da Agência Mundial Antidoping.
Ontem, a CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo)
anunciou que os exames das
amostras "A" de Bruno Lins e
Jorge Célio (ambos dos 200 m e
4 x 100 m), Josiane da Silva (4 x
400 m), Luciana França (400
m com barreiras) e Lucimara
Silvestre (heptatlo) -todos da
Rede Atletismo- deram positivo para a substância EPO (Eritropoietina). Foram resultado
de teste-surpresa, em 15 de junho, em Presidente Prudente.
O resultado dos exames foi
enviado anteontem pelo laboratório Armand Frapier, credenciado pela Iaaf (entidade
que gerencia o atletismo), em
Montréal, no Canadá.
Há uma semana, a CBAt divulgou também o caso de Lucimar Teodoro (400 m com barreiras). O exame da atleta, também integrante da Rede, deu
positivo para um estimulante.
Seu antidoping havia sido feito
no Troféu Brasil.
Os cinco atletas, que estavam
treinando na Alemanha, desistiram da confidencialidade e
solicitaram a análise de contraprova. Já no Brasil, eles consideram que terão mais subsídios
para apresentar a defesa.
A confederação vai abrir um
inquérito para apurar os fatos.
A suspensão dos atletas pode
variar de dois a quatro anos.
A Rede Atletismo também
vai abrir uma sindicância. "Torço por isso [uma falha nos exames], mas acho muito difícil ter
acontecido", disse Marcos Coreno, diretor técnico da Rede.
Um dia antes de anunciar os
casos, a CBAt, curiosamente,
havia divulgado um comunicado com explicações detalhadas
sobre a metodologia adotada
nos exames antidoping.
Em dezembro do ano passado, a Iaaf, entidade que comanda o atletismo mundial, criticou a estratégia de combate ao
doping da CBAt. Na ocasião,
Chris Butler, diretor do Departamento Médico e de Antidoping da Iaaf, disse que a Anad
(Agência Nacional Antidoping), órgão ligado à CBAt, errava ao concentrar os exames
durante as competições.
Em 2008, houve cerca de 320
análises. Só quatro esportistas
tiveram de passar por testes
durante seus treinamentos.
Neste ano, após as críticas, o
número de testes aumentou
significativamente. Somente
em sete meses foram realizadas
353 análises. O número de exames fora de competição cresceu mais ainda. Em 2009, foram 61 (ou 17%).
"É um número significativo
de atletas [flagrados]. Isso é resultado do nosso trabalho, que
tem se focado em testes qualitativos", disse Thomaz Mattos
de Paiva, advogado da CBAt,
que diz que, após a contraprova
ser feita no Canadá, o resultado
deve sair em duas semanas.
Com a saída dos atletas, a delegação brasileira fica enfraquecida. para o revezamento
4 x 100 m. Lins e Cena serão
substituídos por Ailson Feitosa
e Nilson de Oliveira.
Para o lugar dos técnicos Jayme Netto Junior e Inaldo Justino de Sena, que retornaram ao
Brasil, foi chamado Adriano Vitorino, que recusou o convite.
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