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Não se deve abrir mão do trunfo Zagallo
ALBERTO HELENA JR.
da Equipe de Articulistas
O presidente da CBF já admite manter Zagallo na futura
comissão técnica, sob o argumento de que o velho Lobo dos
campos, além de confiável, é o
treinador mais experiente em
atividade no futebol brasileiro.
O argumento é bom. E, fosse
eu presidente da CBF (perdão,
Senhor!), também não abriria
mão desse trunfo, desprezando
a histeria pós-Copa que já começa a se abrandar, pois cabe
ao dirigente manter a cabeça
fria e os olhos postos no horizonte.
Só que reservaria a Zagallo a
função de conselheiro-mor,
numa comissão técnica montada em moldes verdadeiramente revolucionários para o
nosso futebol, inusitados mesmo até para o resto do mundo.
A partir do modelo adotado
pela célebre máquina húngara
dos anos 50, imagino um grupo de trabalho dividido, na
verdade, em três segmentos:
administrativo (pessoal que
cuida da logística, que vai desde a escolha de hotéis, passagens, escolha dos adversários
em amistosos, até a parte jurídica e burocrática); técnico
(que trata especificamente da
escolha dos jogadores, da estratégia e da tática a serem
adotadas pelo time) e o fisiológico (médicos e preparadores
físicos). Cada um desses grupos de trabalho, que se comunicam entre si, por meio de
seus respectivos chefes, reporta-se a um superintendente,
alguém de bom senso, com natural capacidade de liderança
e notório conhecedor do assunto futebol, que dará a última palavra.
E aqui está o nó da questão?
Quem? Das pessoas que aí estão, só vejo um nome que reúne tais dotes: o dr. Eduardo
Gonçalves de Andrade, popularmente conhecido como Tostão. Lúcido, articulado, sensato, atualizadíssimo, Tostão
carrega na bagagem, além do
diploma de médico, a justa fama de um dos maiores jogadores da história do futebol, o
que lhe dá autoridade para
tanto discutir com o médico
quanto com o treinador de
campo sobre as questões das
duas áreas.
E isso é fundamental para
que o esquema proposto funcione. Caso contrário, caímos
no buraco vazio da falta de liderança e de responsabilidade.
Quanto ao grupo de trabalho
técnico, visualizo uma formação heterodoxa: um treinador
de campo, chefe do grupo, que
pode ser qualquer um desses
cogitados pela imprensa -Luxemburgo, Felipão, Leão, Carpegiani, Autuori, sei lá -desde que aceite de antemão o novo organograma e a ele se submeta na prática; o conselheiro
Zagallo e mais três auxiliares
técnicos, incumbidos de desenvolverem treinamentos específicos, para goleiros, defesa,
meio-campo e ataque.
No outro grupo, dois médicos
(ortopedista e geral), um fisioterapeuta, dois preparadores
físicos, um nutricionista e um
psicólogo de verdade, com diploma e reconhecida competência no meio.
Como? Gente demais, custo
altíssimo, desse jeito vira zorra?
Bem, se assim é, que assim
seja: meta-se lá um Felipão ou
um Luxemburgo da vida; de
um lado, um Paixão; de outro,
um Lídio. Reúne-se a turma
em cima da bucha, sob os auspícios da Nike e à sombra dos
interesses dos senhores da
CBF, e vamo nóis, que Deus é
brasileiro.
Alberto Helena Jr. escreve às quartas, domingos e segundas
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