São Paulo, quarta, 5 de agosto de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TÊNIS
Falta de respeito

THALES DE MENEZES

A coluna de hoje é proibida para os leitores com colesterol alto, já que o assunto aqui é fritura. E quem ficou no meio do óleo quente foi Paulo Cleto.
Não está em questão se Cleto era o nome ideal para continuar sendo o capitão do Brasil na Copa Davis. Essa discussão tinha sentido há 17 anos, quando ele assumiu o cargo.
Nesse espaço de tempo, Cleto fez o possível com a equipe que tinha nas mãos. Teve ajuda da técnica refinada de Kirmayr e Motta, depois ajudou a ascensão do pupilo Mattar, aproveitou uma ótima fase de Oncins em 1992 para chegar às semifinais da competição e, por último, desfrutou da dupla mais bem colocada que o tênis do Brasil já teve no ranking mundial, Kuerten e Meligeni.
Vale ressaltar que um bom período desse trabalho foi desenvolvido durante momentos de crise braba na Confederação Brasileira de Tênis, que deixou os jogadores um bom tempo sem receber um tostão. Chegou a ser comentado que a equipe teria até viajado custeando as próprias despesas.
Tudo isso serve para mostrar que Paulo Cleto tem uma das histórias mais significativas no tênis brasileiro. Mas não foi o bastante para que os titulares da equipe o respeitassem.
Porque o que foi visto na disputa contra a Espanha, em abril, foi uma nítida falta de respeito. Kuerten e Meligeni levaram a Porto Alegre seus técnicos, que palpitaram o tempo todo e criaram uma situação constrangedora para Cleto.
O capitão precisava do apoio da CBT. Será que a Associação de Tênis dos EUA (Usta) deixaria o técnico de Agassi ou de Courier atrapalhar o trabalho de Tom Gullikson, capitão da equipe na Davis? Nunca.
Cleto não tinha um cargo vitalício, é lógico, mas poderia sair dele com tranquilidade e respeito, sem ser torpedeado pelos técnicos de seus jogadores.
Ciúme e inveja nunca combinaram com profissionalismo.

Sem carisma
O espanhol Albert Costa ganhou o ATP de Kitzbuehel, no último domingo, conquistando o oitavo título de sua carreira. A final, contra o italiano Andrea Gaudenzi, foi soporífera. Costa é um desses tenistas de carisma zero e tênis sem brilho. Saca bem, mas nem tanto.
Ataca, mas só de vez em quando. Jogadas surpreendentes? Nem a pau. Para o bem do tênis, esse tipo de jogador nunca deveria ganhar, mas a democracia no esporte dá todas as chances a ele.

Carisma demais
Falando em carisma, que tal sair de Albert Costa e ir ao extremo oposto? Andre Agassi, lógico. O garoto de Las Vegas venceu o Torneio de Los Angeles no domingo, provando estar em forma. O título levou Agassi à 11ª posição na ATP.
Agora, ele quer aproveitar o US Open para retornar aos "top ten". Com Agassi jogando bem, o tênis ganha espetáculo. E o público agradece.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.