São Paulo, quarta, 5 de agosto de 1998

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O PERSONAGEM
Holandês começa projeto


da Reportagem Local

O holandês Marcel Wouda, 26, 2,03 m, inicia no Troféu Brasil, hoje, defendendo o Pinheiros, seu plano de ganhar o ouro olímpico na Olimpíada de Sydney-2000 e de se tornar o melhor nadador do mundo na sua especialidade, o nado medley (quatro estilos).
Tranquilo e de fala mansa, o único recordista mundial presente na competição (detém a marca nos 400 m medley, com 4min05s41, em piscina de 25 m) concedeu entrevista exclusiva à Folha ontem de manhã, após treino na piscina olímpica do Ibirapuera. (LC)

Folha - Por que você decidiu participar de uma competição no Brasil?
Marcel Wouda -
Fui convidado pelos organizadores, que disseram ter interesse na minha presença. Costumo receber convites de outros países, como da França, para competir no exterior. Disse que não estaria em grande forma, pois estou voltando de férias, mas aceitei. Recebo uma bolsa, e é uma boa oportunidade de estar novamente no Brasil, onde nadei em 1992 e no começo deste ano, e me divertir um pouco.
Folha - Sabe quem são seus adversários no Troféu Brasil?
Wouda -
Não. Não conheço os brasileiros que competem no medley.
Folha - Quais seus planos dentro do esporte?
Wouda -
Estou voltando agora ao ritmo de competições. A partir de setembro volto a treinar com força total. Em dezembro, há o Campeonato Europeu. Em abril do ano que vem, o Mundial de piscina curta, em Hong Kong. Quero ser campeão e quebrar o recorde mundial. E, depois, a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos do ano 2000, a grande meta.
Folha - Como você se saiu na Olimpíada de Atlanta-96?
Wouda -
Fui quarto nos 200 m e quinto nos 400 m medley.
Folha - Quando e por que começou a nadar?
Wouda -
Aos 4 anos, mas só aos 8 comecei a competir. Na Holanda, onde nasci. Meus pais queriam que eu fizesse amigos e também comecei a fazer judô no clube. Mas não significava nada para mim. Queria mesmo era nadar.
Folha - E por que a opção pelo medley?
Wouda -
Com 12 anos, descobri que era um bom nadador em todos os estilos (livre, costas, peito e borboleta), mas sempre chegava em terceiro ou quarto nas provas. Percebi que se combinasse todos os estilos poderia ser o melhor. Então foi natural ir para o medley. A conclusão: não sou bom o suficiente para ser o melhor em um só estilo, mas combinando os quatro e indo para o quinto estilo, como dizem alguns, porque realmente é uma coisa diferente, posso vencer.
Folha - Você acha que pode ser o melhor do mundo em suas provas?
Wouda -
Sim, posso ser o melhor. Não treino para chegar em segundo lugar. Meu objetivo é a medalha de ouro em Sydney, me preparo para isso. Tenho talento para isso. Dizem que sou o melhor nadador da história da Holanda. Fui o primeiro a ser campeão mundial, o primeiro a quebrar um recorde mundial. Quando toco a borda em primeiro em um Mundial, passo a ser a pessoa mais conhecida do país. Mas ser o melhor foi uma consequência, não uma meta. Apenas tento ser eu mesmo.
Folha - Prefere qual prova no medley, os 200 m ou 400 m?
Wouda -
Prefiro os 400 m, mas acho que sou melhor nos 200 m (risos).
Folha - Tem outra atividade fora das piscinas?
Wouda -
Estudei em Michigan (EUA) entre 92 e 95, onde conheci e fiquei amigo do Gustavo Borges. Me formei em ciência da computação. Atualmente trabalho em uma companhia local de Eindhoven (Holanda), desenho páginas para a Internet (rede mundial de computadores).



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