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O PERSONAGEM
Holandês começa projeto
da Reportagem Local
O holandês Marcel Wouda,
26, 2,03 m, inicia no Troféu
Brasil, hoje, defendendo o Pinheiros, seu plano de ganhar o
ouro olímpico na Olimpíada
de Sydney-2000 e de se tornar o
melhor nadador do mundo na
sua especialidade, o nado medley (quatro estilos).
Tranquilo e de fala mansa, o
único recordista mundial presente na competição (detém a
marca nos 400 m medley, com
4min05s41, em piscina de 25
m) concedeu entrevista exclusiva à Folha ontem de manhã,
após treino na piscina olímpica
do Ibirapuera.
(LC)
Folha - Por que você decidiu
participar de uma competição
no Brasil?
Marcel Wouda - Fui convidado pelos organizadores, que
disseram ter interesse na minha presença. Costumo receber convites de outros países,
como da França, para competir
no exterior. Disse que não estaria em grande forma, pois estou voltando de férias, mas
aceitei. Recebo uma bolsa, e é
uma boa oportunidade de estar
novamente no Brasil, onde nadei em 1992 e no começo deste
ano, e me divertir um pouco.
Folha - Sabe quem são seus
adversários no Troféu Brasil?
Wouda - Não. Não conheço
os brasileiros que competem
no medley.
Folha - Quais seus planos
dentro do esporte?
Wouda - Estou voltando
agora ao ritmo de competições.
A partir de setembro volto a
treinar com força total. Em dezembro, há o Campeonato Europeu. Em abril do ano que
vem, o Mundial de piscina curta, em Hong Kong. Quero ser
campeão e quebrar o recorde
mundial. E, depois, a medalha
de ouro nos Jogos Olímpicos
do ano 2000, a grande meta.
Folha - Como você se saiu na
Olimpíada de Atlanta-96?
Wouda - Fui quarto nos 200
m e quinto nos 400 m medley.
Folha - Quando e por que começou a nadar?
Wouda - Aos 4 anos, mas só
aos 8 comecei a competir. Na
Holanda, onde nasci. Meus
pais queriam que eu fizesse
amigos e também comecei a fazer judô no clube. Mas não significava nada para mim. Queria mesmo era nadar.
Folha - E por que a opção pelo medley?
Wouda - Com 12 anos, descobri que era um bom nadador
em todos os estilos (livre, costas, peito e borboleta), mas
sempre chegava em terceiro ou
quarto nas provas. Percebi que
se combinasse todos os estilos
poderia ser o melhor. Então foi
natural ir para o medley. A
conclusão: não sou bom o suficiente para ser o melhor em um
só estilo, mas combinando os
quatro e indo para o quinto estilo, como dizem alguns, porque realmente é uma coisa diferente, posso vencer.
Folha - Você acha que pode
ser o melhor do mundo em
suas provas?
Wouda - Sim, posso ser o
melhor. Não treino para chegar em segundo lugar. Meu objetivo é a medalha de ouro em
Sydney, me preparo para isso.
Tenho talento para isso. Dizem
que sou o melhor nadador da
história da Holanda. Fui o primeiro a ser campeão mundial,
o primeiro a quebrar um recorde mundial. Quando toco a
borda em primeiro em um
Mundial, passo a ser a pessoa
mais conhecida do país. Mas
ser o melhor foi uma consequência, não uma meta. Apenas tento ser eu mesmo.
Folha - Prefere qual prova no
medley, os 200 m ou 400 m?
Wouda - Prefiro os 400 m,
mas acho que sou melhor nos
200 m (risos).
Folha - Tem outra atividade
fora das piscinas?
Wouda - Estudei em Michigan (EUA) entre 92 e 95, onde
conheci e fiquei amigo do Gustavo Borges. Me formei em
ciência da computação. Atualmente trabalho em uma companhia local de Eindhoven
(Holanda), desenho páginas
para a Internet (rede mundial
de computadores).
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