São Paulo, domingo, 05 de setembro de 2004

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Bolhas protegem e aquecem piscinas

DA REDAÇÃO

A idéia era fazer algo relacionado à água. Nem tanto pelo fato de a instalação abrigar piscinas. O líquido é uma raridade em Pequim, e o prédio precisava contar isso. A saída de um escritório de arquitetura de Sydney foi ir à internet e buscar a forma primária d'água, descer, se fosse preciso, às moléculas. Toparam com Kelvin.
Lord Kelvin, um físico da era vitoriana, propôs e resolveu um problema: qual seria o jeito mais eficiente de dividir um espaço em células de igual tamanho e com o mínimo de área nas superfícies comuns? Em 1887, ele chegou à conclusão de que um poliedro de 14 lados, formado por 8 hexágonos regulares e 6 quadrados, daria conta do recado. Seu modelo eram as bolhas de uma espuma.
Em 1993, dois professores irlandeses, Denis Weaire e Robert Phelan, usaram um programa de computador para conseguir uma solução 0,3% melhor. É difícil imaginar esse desenho? Bem, ele existirá repetidamente nas paredes do Centro Nacional de Natação, uma das jóias de Pequim.
O "água ao cubo" ou [H2O]3, como vem sendo chamado, vai custar US$ 100 milhões e ficará pronto em 2007. Terá 70 mil m2, um parque Anhembi "transparente".
Feitas de uma espécie de teflon, as bolhas formam o elemento estrutural do prédio, sem a necessidade de pilares ou apoios. Lá dentro, cinco piscinas, uma com ondas, e arquibancadas para 17 mil pessoas. Essa "parede" de bolhas, além de deixar passar a luz, retém cerca de 90% do calor do sol, que será usado para aquecer as piscinas. Segundo o escritório PTW, responsável também pelo parque aquático de Sydney-2000 e pelo plano de Atenas-2004, a água das piscinas também será reciclada -junto com a da chuva, que será captada por um fosso que delimita o complexo. Os chineses dizem que só o prédio valerá a viagem.
A poucos metros desse prédio d'água estará o fogo do Estádio Nacional, chamado de "ninho de pássaro". Um emaranhado de vigas retorcidas, protegendo um estádio para 80 mil pessoas. Outro complexo projeto, que consumiria 136 mil toneladas de aço, quatro vezes mais que um prédio convencional, e perdeu um teto retrátil para diminuir custos. Custará US$ 360 milhões.(JHM)

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