São Paulo, Domingo, 05 de Setembro de 1999
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Teorias de rivais que na prática podem ser outras

JUCA KFOURI
Colunista da Folha

Dois grandes clássicos nacionais movimentam o domingo, dia de futebol. O Vasco recebe o Galo, e o Palmeiras recebe o Cruzeiro.
Vasco, que ainda está longe de ser o grande time do ano passado, e Galo, que começa a dar fortes sinais de reorganização.
Palmeiras, que ainda não é nem sombra do time competitivo do primeiro semestre, e Cruzeiro, que recupera a toada de equipe de chegada.
São dois jogos sem favoritos, apesar de São Januário e do Parque Antarctica. E o Palmeiras merece um comentário separado.
O publicitário Washington Oliveto é corintiano e tem uma incrível capacidade para criar teorias sobre tudo. Em regra, as sobre o Corinthians são positivas, e as sobre os rivais, sempre negativas.
Quando se trata do Palmeiras então...
Pois Oliveto garante que o campeão da Libertadores está sofrendo do que ele chama de ""síndrome do cangote", alusão à embaixada de Edílson na decisão do Paulista. ""Aquela bola na nuca acabou com eles", imagina.
Para ele, o molecagem de Edílson pôs a nu a fragilidade alviverde, que, desde então, nunca mais foi o mesmo.
Que não foi, de fato, não foi, embora haja outras teorias, como a da ""maldição da Libertadores", que também teria acometido o Vasco, o Cruzeiro e o Grêmio.
Mas Oliveto garante que o caso palmeirense é mais sério, pois revelaria uma crise de auto-estima desde que o capeta corintiano mostrou que não tinha o menor respeito -nem mesmo pela recente façanha de quem tinha ganhado o troféu que os dois clubes tanto ambicionavam.
Pois o Palmeiras tem hoje a oportunidade ideal para marcar o recomeço de sua trajetória e a recuperação da confiança abalada. Vencer o Cruzeiro, o invicto que sobrou ao lado do Vasco, melhora qualquer ambiente.
O sociólogo Jorge Santana é cruzeirense e nem quer ouvir falar da possibilidade de derrota hoje. Ele aposta que na quarta-feira que vem, diante do Corinthians, seu time assume a liderança.
Mas também arrisca seus palpites sobre os rivais, principalmente quando são alvinegros, como o Galo, o Corinthians e o Botafogo.
Sobre o último, comentou na quinta-feira passada. ""O Botafogo anda tão azarado que quando ganha não é ele, é o outro", em alusão à vitória do homônimo de Ribeirão Preto diante do Grêmio.
E não tem a menor dúvida de que o Vasco papará o Galo.
Rivalidades tratadas desse modo são sempre saudáveis.
Na última quinta-feira, por exemplo, a cidade de São Paulo estava dividida. Metade cabisbaixa e a outra rubro-negra.
Nunca jamais viu-se tanto rubro-negro assim na Paulicéia, e Oliveto, que tinha reunião marcada no Rio de Janeiro, preferiu ir para bem longe, para os Estados Unidos, onde futebol é coisa de mulher.
Aonde irá Jorge Santana, que está escrevendo um livro sobre o Cruzeiro, amanhã?
Não se pode deixar de constatar que são criativas as duas fórmulas achadas para escolher o quarto representante brasileiro na Libertadores do ano 2000 -emergencial- e daí por diante. Mesmo que a fórmula definitiva contrarie a opinião desta coluna, pois os campeonatos estaduais de São Paulo e do Rio ganharam um oxigênio que não resolve o calendário de nosso futebol.


Juca Kfouri escreve aos domingos, às terças e às sextas-feiras

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