São Paulo, Domingo, 05 de Setembro de 1999
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Seleção tem amistosos da Nike ameaçados por times europeus

JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
enviado especial a Buenos Aires

Os amistosos que a seleção brasileira se compromete a fazer pelo contrato com a Nike estão ameaçados de não acontecer nos dois próximo anos.
E o motivo é simples: a pressão dos principais clubes europeus, que terão de ceder uma vez por mês seus atletas convocados para as eliminatórias sul-americanas, com início em março, e se recusam a liberá-los para a disputa de jogos amistosos pelas seleções do continente enquanto durarem as seletivas para o Mundial de 2002.
Liderados por Real Madrid, Barcelona, Inter de Milão, Manchester United, Bayern de Munique e Paris Saint-Germain, eles encaminharam à Fifa um pedido para que a entidade que dirige o futebol mundial os desobrigue de ceder jogadores para qualquer amistoso das seleções sul-americanas até 2001, o final das eliminatórias da Copa.
Eduardo Deluca, secretário da Confederação Sul-Americana de Futebol, confirmou o problema. A entidade, com sede no Paraguai, manteve-se firme no propósito de que os atletas sejam liberados cinco dias -e não três, como queriam os clubes- antes dos jogos das eliminatórias. Mas, no tocante aos amistosos, está tendo de aceitar a posição dos clubes.
Nesse caso, portanto, o Brasil disputaria os amistosos da Nike, pelo menos nos dois próximos anos, sem sua equipe principal.
Pelo contrato com a empresa, assinado em 1996 e válido por dez anos, a Confederação Brasileira de Futebol compromete-se a realizar em média cinco amistosos por ano com a equipe titular.
Procurado pela Folha, um representante da Nike, que pediu para não ser identificado, disse que a empresa estudaria o caso, mas que, de qualquer forma, o número de amistosos não só pode ser discutido como é maleável de acordo com os interesses da seleção brasileira.
Pela primeira vez na história, as eliminatórias sul-americanas terão dez times jogando no sistema de ida e volta, todos contra todos. Os quatro mais bem colocados classificam-se para o Mundial, que será dividido entre Japão e Coréia do Sul. O quinto colocado disputa uma vaga com o campeão da Oceania.
Com exceção do último caso, cada seleção terá que disputar 18 jogos entre 2000 e 2001.
Nas eliminatórias para o Mundial da França, em 98, o número de jogos foi menor, porque o Brasil, como campeão de 1994, nos EUA, já estava classificado e se ausentou da seletiva.

Próximos jogos
Depois dos dois amistosos contra a Argentina -o primeiro seria ontem, em Buenos Aires, o segundo será na terça-feira, em Porto Alegre-, a seleção brasileira deve disputar mais quatro partidas até o final do ano.
A próxima está marcada para 9 de outubro, contra a Holanda, seleção patrocinada pela Nike. Também na Europa, três dias depois, a Confederação Brasileira de Futebol tenta agendar jogo contra a Bélgica ou Portugal.
Em novembro, o time de Wanderley Luxemburgo jogaria mais duas vezes, na Austrália, mas as partidas ainda não estão oficialmente confirmadas.


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