São Paulo, sábado, 05 de outubro de 2002

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DOPING

Mesmo com política de controle ainda incipiente nas confederações, país já detectou 11 resultados positivos neste ano

Sem rigor, Brasil assiste a boom de casos

ADALBERTO LEISTER FILHO
MARCELO SAKATE
DA REPORTAGEM LOCAL

Mesmo com uma política antidoping incipiente na maioria das confederações olímpicas, o Brasil registra um significativo aumento dos casos positivos neste ano.
Sem contar o futebol, mais estruturado e com verba para realizar exames periódicos, nunca o esporte nacional detectou tantos exames positivos como em 2002.
Com os casos dos fundistas Luciene Soares de Deus, 32, e Ramiro Nogueira Filho, 25, divulgados anteontem pela CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo), já são 11 resultados positivos de brasileiros testados apenas em 2002.
O exame de Nogueira também é o primeiro caso confirmado de EPO (eritropoietina) no país. A substância estimula a produção de glóbulos vermelhos, o que melhora a oxigenação sanguínea.
Para efeito de comparação, no ano passado houve só um caso, o da meio-fundista Fabiane dos Santos, que aguarda julgamento.
Em 2000, o único exame positivo havia sido o do velocista Sanderlei Parrela, que foi inocentado pela Iaaf (Associação Internacional das Federações de Atletismo).
"Não existe mistério: é só aumentar o número de testes que encontraremos mais casos", diz Eduardo de Rose, responsável pelos controles antidoping do COB (Comitê Olímpico Brasileiro).
Para De Rose, o aumento de casos se deve, em parte, à realização dos Jogos Sul-Americanos no Brasil. "Com a competição, foi espalhado esse controle a esportes que não estão habituados a fazê-lo, como judô e triatlo", afirma.
Os Jogos tiveram três casos envolvendo brasileiros: João Derly (judô), Mariana Ohata (triatlo) e Eliane Pereira (atletismo).
Explicação semelhante teve a alta incidência de testes positivos na Volta do Rio, em abril. A UCI (União Ciclística Internacional) exigiu a realização de antidoping, já que a competição valia pontos para o ranking mundial. Cinco casos foram detectados, inclusive o de Daniel Rogelin, que havia sido campeão e perdeu o título.
"Como não costumávamos realizar exames, talvez os atletas não tivessem consciência da importância do controle antidoping", afirma José Luiz Vasconcellos, vice-presidente da CBC (Confederação Brasileira de Ciclismo).
A situação mudou na Volta de Santa Catarina, encerrada no mês passado. Na ocasião, foram feitos 32 testes -nenhum deu positivo.
O último caso no Brasil -ainda não oficializado pela CBB (Confederação Brasileira de Basquete) - foi o do pivô Rafael Araújo, o Baby, que defendeu a seleção no Mundial de Indianápolis.



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