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BASQUETE
Oásis
MELCHIADES FILHO
EDITOR DE ESPORTE
Dado o regulamento estrambótico, com duas fases
classificatórias antes dos playoffs,
em que os times parecem correr
atrás do próprio rabo em câmera
lenta, eu havia resolvido deixar o
Campeonato Paulista, por ora, de
lado. Mas a história do São Bernardo é boa demais -e história
boa não se despreza hoje em dia.
Recém-promovida à primeira
divisão, a equipe do ABC fazia
até ontem a melhor campanha
entre os 15 participantes.
Com cinco vitórias em seis rodadas -só caiu na estréia-,
aparecia à frente de forças tradicionais do Estado como Araraquara (2v e 3d) e Mogi (4v e 1d).
Pude vê-la em ação apenas
uma vez neste semestre -o malfadado duelo contra o Ribeirão
Preto e a arbitragem, pelos Jogos
Abertos. A ESPN Brasil infelizmente ainda não se interessou pelo sucesso dos rapazes (bem que
podia, aliás, mudar a programação de outubro para incluí-los).
Naquele dia, o time tateou no
ataque, possivelmente porque
ainda estranha(va) o sistema de
triângulos, celebrizado pelo Chicago Bulls. Se o número de assistências foi alto, o de "turnovers"
também foi. Jefferson Sobral, único conhecido do grande público,
atuou como válvula de escape.
Mas na defesa a equipe já se diferenciava, atlética e esperta. Impressão, aliás, que as estatísticas
do Estadual reforçam -São Bernardo lidera o ranking de bolas
roubadas e surge em 2º no de tocos (ataca a bola, não o rival, já
que vem só em 9º em faltas).
Mas os números e um jogo não
bastariam para descrever o conto
de fadas. Em busca de consistência, a coluna apelou ao raçudo
Frederico Batalha. Graças ao jornalista, coletou os depoimentos
dos principais jogadores. Confira:
"A preparação no dia-a-dia, especificamente nos treinos físicos e
táticos, explica a boa campanha",
opina Daniel Campos, que volta
ao país depois de anos nos EUA.
"Não fazemos coisas mirabolantes na preparação. Trabalhamos de uma forma mais próxima
do basquete. Não quero ser puxa-saco, mas temos um técnico que
parece jogador", diz Fabrício.
"As coisas são mais bem definidas aqui. Sabemos o que fazer em
cada instante da partida. Temos
as explicações de como proceder",
conta Lucas, que já passou pelo
Ribeirão Preto, de Lula, treinador
da seleção masculina principal.
"Nenhum técnico trabalha
igual. O sistema é diferente, é gostoso de jogar", sintetiza Sobral,
que disputou o Nacional deste
ano pelo Minas, sob o comando
de Flávio Davis, auxiliar de Lula.
"A seriedade da comissão técnica distingue o trabalho do São
Bernardo dos outros clubes. Ninguém treina tanto como a nossa
equipe", diagnostica Shilton, que
jogou o primeiro semestre em
Campos, time de Guerrinha, o outro assistente de Lula no Brasil.
Um a um, os rapazes do São
Bernardo prestam reverência à
atuação de Marcel, ex-jogador
consagrado, hoje um técnico dissonante no basquete nacional.
O time será campeão? Duvido,
pois lhe falta recurso. Pena, pois
muitos se apegarão a isso para
desqualificar o trabalho pioneiro
no ABC -e o esporte seguirá perdendo para o rancor e a inação.
Miragem 1
"A CBB terá recursos [para a seleção masculina], nem que tenhamos
de vender nosso carro", prometeu o presidente Gerasime Bozikis.
Miragem 2
A confederação anuncia que o Nacional rendeu mais de US$ 80 milhões em exposição de mídia. O Flamengo, "beneficiado" com US$
21 milhões, desativou o deficitário departamento de basquete.
Miragem 3
O Nacional feminino não deve emplacar de novo na TV aberta.
Miragem 4
O diretor do novo time do Oscar é... o assessor de imprensa do Oscar.
E-mail melk@uol.com.br
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