São Paulo, quinta-feira, 05 de novembro de 2009

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Aumento de taxas vira ameaça para "Liga das Estrelas"

Decisão de governo espanhol de subir de 24% para 43% alíquota de imposto em janeiro afetará atletas estrangeiros

Contrários à medida, clubes irão se reunir amanhã para decidir se farão uma greve no Campeonato Espanhol como forma de protesto

DA REPORTAGEM LOCAL

Nos últimos anos, a Espanha virou uma espécie de paraíso fiscal entre os países da elite da bola, devido às convidativas taxas de imposto, quando comparadas com as de outras nações. Mas esse "doping" financeiro está com os dias contados e já gera chiadeira no futebol local.
É que o governo espanhol decidiu modificar a chamada "Lei Beckham", aumentando a alíquota de impostos sobre ganhos de jogadores estrangeiros.
A partir de 1º de janeiro de 2010, a taxa será de 43% para vencimentos iguais ou acima de 600 mil anuais- faixa que atinge em cheio o bolso dos principais craques mundiais que desejam jogar na chamada "Liga das Estrelas" para justamente reduzir a incidência de impostos sobre seus ganhos.
O aumento de 19 pontos percentuais causou revolta na Liga Espanhola, associação responsável pela organização do Campeonato Espanhol da primeira divisão, e em seus associados.
Uma reunião da entidade está marcada para amanhã e, conforme a ameaça de seus dirigentes, pode determinar uma greve que paralisaria uma das competições nacionais mais badaladas do planeta por pelo menos uma rodada.
A maioria dos clubes com quem temos falado já está de acordo", ameaçou Javier Tebas, vice-presidente da LFP, a liga espanhola de futebol.
As ameaças, no entanto, não foram recebidas com temor pelo governo espanhol.
"Uma greve agora seria uma medida que nenhum contribuinte entenderia neste momento", apostou Elena Salgado, ministra da Economia.
"A liga espanhola perderá potência em relação às outras e deixará de ser a melhor do mundo", disse José Luis Astiazarán, presidente da LFP. "É um prejuízo irreparável para o futebol do país", afirma.
A afirmação, no entanto, não comoveu a ministra da Economia. "Estes argumentos serão contrastados com a realidade. Continuará sendo uma liga estupenda", disse Elena Salgado.
Apesar de toda a reclamação, a nova alíquota de imposto não será aplicada retroativamente.
Isso significa que os contratos em vigência ainda obedecem à regra dos 24% de imposto. Kaká, Cristiano Ronaldo, Benzema, Ibrahimovic e outros tantos estrangeiros que trocaram outros países para jogar na Espanha motivados também pela mordida menos voraz em seus ganhos estão salvos pelos próximos cinco anos ou até o término de seus contratos atuais, segundo o projeto aprovado na Espanha.
Apesar da chiadeira dos cartolas espanhóis, a regra do Imposto de Renda espanhol para estrangeiros é mais branda que em outros centros da bola.
Na Itália, a taxação de 43% já é utilizada para ganhos anuais a partir de 75 mil. Na Alemanha, são 45% de quem ganha anualmente 250 mil vai para os cofres do o governo.
Mas, se dentro da Espanha a decisão causou protestos dos clubes, em outros países europeus ela foi comemorada.
"Agora parece que os espanhóis e os estrangeiros estarão igualados, exatamente como os estrangeiros que vêm à Itália", elogiou o vice-presidente do Milan, Adriano Galliani, que perdeu seu principal jogador para o Real Madrid.


Com agências internacionais

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