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Nacional vira terra estrangeira
Mais da metade dos times-base dos seis clubes da ponta da tabela é formada por atletas repatriados
Equipes têm só um quarto dos jogadores originado em suas categorias inferiores, alguns deles retornando de temporadas fora do país
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O Brasileiro-2009 será decidido por uma legião de repatriados e de estrangeiros que
compõe a maior parte dos times-base dos seis primeiros
colocados da competição.
O cenário é de um campeonato com atletas globalizados,
conhecidos e com rodagem por
vários países e por diversos times. Isso ocorre até com jogadores em início de carreira.
É o que mostra levantamento
realizado pela Folha sobre as
escalações da última rodada, a
33ª das 38 da competição, dos
times que ainda almejam o título nacional com chances
reais -São Paulo, Palmeiras,
Atlético-MG, Flamengo, Internacional e Cruzeiro.
Entre os 66 jogadores dessas
equipes, há 25 brasileiros que
já atuaram no exterior. Ou seja,
37,8% dos atletas nacionais dos
ponteiros do campeonato.
Tricampeão brasileiro, o São
Paulo é quem mais aposta em
jogadores com passagem por
times de fora. Sua lista do time-base inclui Renato Silva, Miranda, Jean, Jorge Wagner, Junior César e Washington.
São perfis bem diferentes entre eles. O atacante titular são-
-paulino, por exemplo, já rodou
em pelo menos 11 clubes, com
duas passagens pelo exterior,
por clubes de Japão e Turquia.
Com apenas 23 anos, o volante Jean já teve curta estadia
em Portugal, antes de retornar
ao São Paulo, que o revelou.
Já Jorge Wagner perambulou pelo futebol brasileiro antes de ir para a Espanha, já consagrado como campeão de Libertadores, com o Internacional na temporada de 2006. O
meia especialista em bola parada, aliás, foi repatriado pelo São
Paulo diretamente do Betis
(ESP), num alto investimento
do clube no jogador.
Aos repatriados, somam-se
dez estrangeiros. Assim, ultrapassa 50% o número de atletas
nos seis times da frente que já
atuaram em outros países.
A imensa maioria nasceu na
América do Sul: são nove contra apenas um europeu, o sérvio Petkovic, do Flamengo.
Desses, há alguns com passagens pela Europa, caso do chileno Maldonado, que esteve no
Fenerbahce, da Turquia. E há
outros contratados diretamente de seus países, como o colombiano Pablo Armero.
Os repatriados e os estrangeiros superam por larga margem o número de atletas oriundos das divisões de base dos times -há jogadores que integram os dois grupos.
Embora as primeiras posições estejam nas mãos de clubes com tradição de revelar
atletas, casos de São Paulo, Inter, Flamengo e Cruzeiro, são
apenas 16 ou cerca de um quarto das escalações na base. E há
atletas como Adriano e Vagner
Love, que já atuaram em clubes
europeus. Quem mais tem jogadores que nunca saíram do
clube é o Cruzeiro, com três.
Uma análise de todo o elenco
dos seis clubes mostra um índice percentual maior de atletas
da base. Mas, contabilizados
apenas os jogadores que mais
atuam nesses times, há pouca
variação em relação à escalação
da última rodada, mesmo com
contusões e suspensões.
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