São Paulo, quinta-feira, 05 de novembro de 2009

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Nacional vira terra estrangeira

Mais da metade dos times-base dos seis clubes da ponta da tabela é formada por atletas repatriados

Equipes têm só um quarto dos jogadores originado em suas categorias inferiores, alguns deles retornando de temporadas fora do país

RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O Brasileiro-2009 será decidido por uma legião de repatriados e de estrangeiros que compõe a maior parte dos times-base dos seis primeiros colocados da competição.
O cenário é de um campeonato com atletas globalizados, conhecidos e com rodagem por vários países e por diversos times. Isso ocorre até com jogadores em início de carreira.
É o que mostra levantamento realizado pela Folha sobre as escalações da última rodada, a 33ª das 38 da competição, dos times que ainda almejam o título nacional com chances reais -São Paulo, Palmeiras, Atlético-MG, Flamengo, Internacional e Cruzeiro.
Entre os 66 jogadores dessas equipes, há 25 brasileiros que já atuaram no exterior. Ou seja, 37,8% dos atletas nacionais dos ponteiros do campeonato.
Tricampeão brasileiro, o São Paulo é quem mais aposta em jogadores com passagem por times de fora. Sua lista do time-base inclui Renato Silva, Miranda, Jean, Jorge Wagner, Junior César e Washington.
São perfis bem diferentes entre eles. O atacante titular são- -paulino, por exemplo, já rodou em pelo menos 11 clubes, com duas passagens pelo exterior, por clubes de Japão e Turquia.
Com apenas 23 anos, o volante Jean já teve curta estadia em Portugal, antes de retornar ao São Paulo, que o revelou.
Já Jorge Wagner perambulou pelo futebol brasileiro antes de ir para a Espanha, já consagrado como campeão de Libertadores, com o Internacional na temporada de 2006. O meia especialista em bola parada, aliás, foi repatriado pelo São Paulo diretamente do Betis (ESP), num alto investimento do clube no jogador.
Aos repatriados, somam-se dez estrangeiros. Assim, ultrapassa 50% o número de atletas nos seis times da frente que já atuaram em outros países.
A imensa maioria nasceu na América do Sul: são nove contra apenas um europeu, o sérvio Petkovic, do Flamengo. Desses, há alguns com passagens pela Europa, caso do chileno Maldonado, que esteve no Fenerbahce, da Turquia. E há outros contratados diretamente de seus países, como o colombiano Pablo Armero.
Os repatriados e os estrangeiros superam por larga margem o número de atletas oriundos das divisões de base dos times -há jogadores que integram os dois grupos.
Embora as primeiras posições estejam nas mãos de clubes com tradição de revelar atletas, casos de São Paulo, Inter, Flamengo e Cruzeiro, são apenas 16 ou cerca de um quarto das escalações na base. E há atletas como Adriano e Vagner Love, que já atuaram em clubes europeus. Quem mais tem jogadores que nunca saíram do clube é o Cruzeiro, com três.
Uma análise de todo o elenco dos seis clubes mostra um índice percentual maior de atletas da base. Mas, contabilizados apenas os jogadores que mais atuam nesses times, há pouca variação em relação à escalação da última rodada, mesmo com contusões e suspensões.


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