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Abel vê Inter pior que na Libertadores
Técnico da equipe gaúcha pretende copiar algumas das experiências positivas de Boca Juniors e São Paulo no Japão
Time embarca hoje para o Mundial, e o treinador acha que o título só virá se o time jogar no ataque, até contra o Barcelona em uma final
Fernando Gomes/Agência RBS
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O atacante colombiano Rentería, que foi cortado do grupo do Inter que vai ao Mundial no Japão |
LUÍS FERRARI
DA REPORTAGEM LOCAL
Para buscar o maior título da
história do Inter, o Mundial, o
técnico Abel Braga pretende
aproveitar as experiências
bem-sucedidas do São Paulo e
do Boca Juniors. A equipe gaúcha, que embarca hoje rumo ao
Japão, ainda não está tão bem
quanto o grupo campeão da Libertadores, no entender de seu
comandante, que falou por telefone com a Folha.
FOLHA - O Inter está melhor hoje
ou quando ganhou a Libertadores?
ABEL BRAGA - O estágio é muito
bom. Mas [em agosto] estava
melhor. Não sei se é por que a
competição estava ali, a gente
passando obstáculo por obstáculo, mas o foco estava muito
maior que agora. Agora, ainda
temos um jogo de Brasileiro
[perdeu do Goiás de 4 a 1], viagem longa. A ficha cai só quando a gente chegar lá. Aí sim começa a focar realmente no Japão. E há a questão dos valores
[individuais]. O time estava
bem redondo na Libertadores.
FOLHA - O foco é no Barcelona ou
contempla também os outros?
ABEL - O foco mais importante
é o primeiro jogo. Tanto que temos muitos dados do Barcelona, mas mandamos um observador para a decisão do Al Ahly
na África. Lá, vamos poder assistir ao jogo Auckland x Al
Ahly. Não adianta pensar no segundo se não passar o primeiro.
FOLHA - Até porque há também a
chance de o segundo ser contra o
América do México, não?
ABEL - Não sei o que resolveram. Estavam em dúvida se
mandavam equipe titular ou
reserva, se priorizavam o Mexicano. Estavam em dúvida se seriam capazes de bater o Barcelona. Tinham medo de perder o
campeonato local e o Mundial.
Mas, claro, é time com tradição.
FOLHA - Para o Barcelona, o Mundial será no meio da temporada. Para o Inter, no fim. Em termos de planejamento, o que é melhor?
ABEL - Para nós, seria muito
melhor no meio. Estamos com
70 e poucos jogos nas pernas.
Com certeza, eles devem estar
com 30, se têm isso. Então, para
nós, o desgaste é muito maior.
Até no fuso horário eles têm
uma diferença de sete, oito horas. Nós temos muita coisa.
FOLHA - Quais foram os conselhos
que pegou de Paulo Autuori, técnico
campeão com o São Paulo em 2005?
ABEL - Conversei com ele sobre a chegada ao Japão. Sobre a
maneira de usar o sono. O primeiro dia é o mais importante.
Vamos chegar, tirar a roupa de
viagem e ir direto para o treino.
Vamos voltar, almoçar e ir para
um shopping, para que os jogadores não durmam durante o
dia. Para dormirem só no horário do Japão, à noite, certinho.
O Autuori disse que foi fantástica a maneira que o organismo
reagiu a isso. Disse que, no dia
seguinte, como ninguém havia
dormido durante o dia, o fuso
horário deixou de existir.
FOLHA - No ano passado, os são-paulinos sofreram com o frio...
ABEL - Estamos no Rio Grande
do Sul. Frio para nós é habitual.
Na semana passada, a temperatura aqui estava muito baixa.
Para nós, é indiferente o frio. E
nosso material de treino e jogo
também será especial. Não vejo
como um problema o frio.
FOLHA - Alexandre Pato é um substituto à altura de Rafael Sobis?
ABEL - Eles têm características
completamente diferentes. Os
dois têm uma coisa boa, de serrem bastante ""verticais", de
sempre irem em direção ao gol.
Mas a característica é bem diferente. Um [Sobis] é de infiltração e finalização, e o Pato é
mais do drible, deslocamentos.
FOLHA - E qual a contribuição de
Iarley e Vargas, atletas do Inter que
já venceram o Mundial pelo Boca?
ABEL - O Iarley falou sobre o
problema do vôo, de como fizeram na ida. A idéia é não dormir
no vôo entre o Brasil e Paris e
dormir só no trecho de Paris a
Tóquio. Isso foi feito pelo Boca
e teve resultados muito bons. E,
no primeiro dia lá, vamos fazer
como o São Paulo. Temos que
saber que estaremos jogando
para ser os primeiros do planeta. Somos campeões da América e isso foi bom, valorizou todo
mundo. Agora temos a chance
de, em 180 minutos, nos tornarmos o primeiro do planeta.
Claro que isso mexe conosco.
FOLHA - Esta perspectiva assusta?
ABEL - De jeito nenhum. Quantos não gostariam de estar lá? E
nós estamos, por direito. Isso é
motivação extra, traz descontração. A gente sabe que só vai
conseguir levar se chegarmos lá
e jogarmos de forma descontraída e atacando. Se a gente ficar atrás, esperando, seja no
primeiro jogo, seja contra o
Barcelona, caso façamos a final
com eles, tomaremos saco. Temos é que ir para dentro deles,
marcar forte e jogar com velocidade. Nunca abdicar de atacar.
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