São Paulo, terça-feira, 05 de dezembro de 2006

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Abel vê Inter pior que na Libertadores

Técnico da equipe gaúcha pretende copiar algumas das experiências positivas de Boca Juniors e São Paulo no Japão

Time embarca hoje para o Mundial, e o treinador acha que o título só virá se o time jogar no ataque, até contra o Barcelona em uma final


Fernando Gomes/Agência RBS
O atacante colombiano Rentería, que foi cortado do grupo do Inter que vai ao Mundial no Japão


LUÍS FERRARI
DA REPORTAGEM LOCAL

Para buscar o maior título da história do Inter, o Mundial, o técnico Abel Braga pretende aproveitar as experiências bem-sucedidas do São Paulo e do Boca Juniors. A equipe gaúcha, que embarca hoje rumo ao Japão, ainda não está tão bem quanto o grupo campeão da Libertadores, no entender de seu comandante, que falou por telefone com a Folha.
 

FOLHA - O Inter está melhor hoje ou quando ganhou a Libertadores?
ABEL BRAGA -
O estágio é muito bom. Mas [em agosto] estava melhor. Não sei se é por que a competição estava ali, a gente passando obstáculo por obstáculo, mas o foco estava muito maior que agora. Agora, ainda temos um jogo de Brasileiro [perdeu do Goiás de 4 a 1], viagem longa. A ficha cai só quando a gente chegar lá. Aí sim começa a focar realmente no Japão. E há a questão dos valores [individuais]. O time estava bem redondo na Libertadores.

FOLHA - O foco é no Barcelona ou contempla também os outros?
ABEL -
O foco mais importante é o primeiro jogo. Tanto que temos muitos dados do Barcelona, mas mandamos um observador para a decisão do Al Ahly na África. Lá, vamos poder assistir ao jogo Auckland x Al Ahly. Não adianta pensar no segundo se não passar o primeiro.

FOLHA - Até porque há também a chance de o segundo ser contra o América do México, não?
ABEL -
Não sei o que resolveram. Estavam em dúvida se mandavam equipe titular ou reserva, se priorizavam o Mexicano. Estavam em dúvida se seriam capazes de bater o Barcelona. Tinham medo de perder o campeonato local e o Mundial. Mas, claro, é time com tradição.

FOLHA - Para o Barcelona, o Mundial será no meio da temporada. Para o Inter, no fim. Em termos de planejamento, o que é melhor?
ABEL -
Para nós, seria muito melhor no meio. Estamos com 70 e poucos jogos nas pernas. Com certeza, eles devem estar com 30, se têm isso. Então, para nós, o desgaste é muito maior. Até no fuso horário eles têm uma diferença de sete, oito horas. Nós temos muita coisa.

FOLHA - Quais foram os conselhos que pegou de Paulo Autuori, técnico campeão com o São Paulo em 2005?
ABEL -
Conversei com ele sobre a chegada ao Japão. Sobre a maneira de usar o sono. O primeiro dia é o mais importante. Vamos chegar, tirar a roupa de viagem e ir direto para o treino. Vamos voltar, almoçar e ir para um shopping, para que os jogadores não durmam durante o dia. Para dormirem só no horário do Japão, à noite, certinho. O Autuori disse que foi fantástica a maneira que o organismo reagiu a isso. Disse que, no dia seguinte, como ninguém havia dormido durante o dia, o fuso horário deixou de existir.

FOLHA - No ano passado, os são-paulinos sofreram com o frio...
ABEL -
Estamos no Rio Grande do Sul. Frio para nós é habitual. Na semana passada, a temperatura aqui estava muito baixa. Para nós, é indiferente o frio. E nosso material de treino e jogo também será especial. Não vejo como um problema o frio.

FOLHA - Alexandre Pato é um substituto à altura de Rafael Sobis?
ABEL -
Eles têm características completamente diferentes. Os dois têm uma coisa boa, de serrem bastante ""verticais", de sempre irem em direção ao gol. Mas a característica é bem diferente. Um [Sobis] é de infiltração e finalização, e o Pato é mais do drible, deslocamentos.

FOLHA - E qual a contribuição de Iarley e Vargas, atletas do Inter que já venceram o Mundial pelo Boca?
ABEL -
O Iarley falou sobre o problema do vôo, de como fizeram na ida. A idéia é não dormir no vôo entre o Brasil e Paris e dormir só no trecho de Paris a Tóquio. Isso foi feito pelo Boca e teve resultados muito bons. E, no primeiro dia lá, vamos fazer como o São Paulo. Temos que saber que estaremos jogando para ser os primeiros do planeta. Somos campeões da América e isso foi bom, valorizou todo mundo. Agora temos a chance de, em 180 minutos, nos tornarmos o primeiro do planeta. Claro que isso mexe conosco.

FOLHA - Esta perspectiva assusta?
ABEL -
De jeito nenhum. Quantos não gostariam de estar lá? E nós estamos, por direito. Isso é motivação extra, traz descontração. A gente sabe que só vai conseguir levar se chegarmos lá e jogarmos de forma descontraída e atacando. Se a gente ficar atrás, esperando, seja no primeiro jogo, seja contra o Barcelona, caso façamos a final com eles, tomaremos saco. Temos é que ir para dentro deles, marcar forte e jogar com velocidade. Nunca abdicar de atacar.


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