São Paulo, domingo, 05 de dezembro de 2010

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TOSTÃO

Salve o campeão


O Brasileirão de 2010 teve muitas coisas boas e muitas coisas ruins. Mais boas do que ruins


SE O FLUMINENSE não for campeão, será grande surpresa.
A apatia de Palmeiras e São Paulo nos últimos jogos, um fato claro que muitos não enxergam ou não querem enxergar, não desmerece as belas campanhas dos três candidatos ao título. Palmeiras e São Paulo provavelmente perderiam, mesmo se fossem mais vibrantes.
Justificar o pouco empenho dessas equipes somente com a falta de motivação seria como dizer que a rivalidade é a única causa da violência nos estádios e de torcedores pedirem para seus times perderem, o que é uma aberração.
São questões mais complexas. A maioria dos jogadores de Palmeiras e São Paulo lutou pela vitória, para mostrar que são dignos. A apatia da minoria fragilizou o conjunto.
O Brasileirão foi, mais uma vez, equilibrado e emocionante. Teve belos gols e muitos bons jogadores. Por outro lado, foi excessivamente corrido e brigado. Técnicos e comentaristas estão eufóricos com o fato de os jogadores brasileiros correrem mais do que os europeus. É o novo futebol brasileiro. Um retrocesso.
Existe hoje no Brasil um excesso de lançamentos longos para companheiros bem marcados e de cruzamentos para a área, para se livrar da bola. Os jogadores cavam faltas para jogar a bola no gol. A torcida vibra. Basta um adversário chegar perto para um jogador dar um chutão para frente. A bola vai e volta rapidamente. Há pouca troca de passes. É o jogo intenso.
As partidas estão muito tumultuadas, dentro e fora de campo. Enquanto os torcedores brigam na arquibancada, os jogadores brigam com os companheiros, com os adversários, com os árbitros e com a bola.
Os árbitros, por ineficiência técnica e para mostrar autoridade, são muito intervencionistas. Influenciam demais nos resultados.
Parte da imprensa está mais preocupada em aumentar a audiência de seus programas esportivos, jornais, blogs e Twitter, e tantas outras coisas estranhas que existem por aí, do que em valorizar e cobrar bons espetáculos e em criticar as mazelas e falcatruas que ocorrem dentro e fora de campo, nos clubes, nas federações, na CBF e na Fifa.
Um leitor me perguntou se existe diferença entre a imprensa da época em que joguei e a atual. O ser humano é o mesmo. Mas como o número de pessoas envolvidas com o esporte é hoje muito maior, há, obviamente, mais jornalistas brilhantes e também mais chapas brancas e/ou que não entendem de futebol. Isso ocorre em todas as atividades.


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