São Paulo, domingo, 05 de dezembro de 2010

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PAULO VINICIUS COELHO

Brasileirozinho!


O Brasileiro chama a atenção por erros dos árbitros, suspeita de entreguismo e morte na fila


PRESENCIEI A cena, tão real quanto insólita, no domingo passado. A filha perguntou ao pai como o presidente Lula perdeu seu dedo mindinho. O pai disse: "Ele estava distraído enquanto fazia seu trabalho". Nos últimos cinco anos, o Brasil perdeu dois ministros da Casa Civil. Lula estava distraído.
Na quarta-feira, o torcedor Evangelista Martins Freire, tricolor de 52 anos, morreu, vítima de infarto, na fila por ingressos para Fluminense x Guarani. Evangelista poderia estar à frente de um computador, adquirindo o mesmo bilhete, como se fez no estádio Olímpico para Grêmio x Botafogo. Pelo Estatuto do Torcedor, a culpa é do clube mandante, o Fluminense. Mas não é só dele.
O presidente da CBF, no cargo há 21 anos, disse que a entidade que preside não tem nada a ver com a Copa de 2014. Lembremos, então, que o presidente da CBF é, por acaso, presidente do Comitê da Copa também. Que este comitê é uma entidade com fins lucrativos constituída em 99,9% pela CBF, em 0,01% por Ricardo Teixeira, mas com divisão dos lucros à vontade dos sócios.
Há um ano, o presidente Lula sugeriu à Odebrecht que construísse o novo estádio do Corinthians, mas frisou não desejar que fosse o estádio da Copa. Descobriu depois que o novo campo será a casa da Copa em São Paulo.
O prefeito paulistano afirma que fez todos os esforços para que o Mundial acontecesse no Morumbi, mas o presidente -o da CBF e do Comitê- não aprovou. Só que o governo paulista já havia destinado R$ 3,1 bilhões para a região do Morumbi. Obras, agora, há de haver também em Itaquera.
O presidente -o da CBF e do Comitê- escolhe o estádio e, em consequência, a região onde deve haver investimento público.
Mas voltemos à origem da conversa. O presidente da CBF ocupa o cargo há 21 anos, período em que o Brasil não construiu nenhum estádio digno de Copa do Mundo nem aprendeu a vender ingressos.
O campeonato tem três candidatos ao título no último jogo, mas não se consegue tocar nesse assunto. Chamam mais a atenção os erros dos árbitros, os seis jogos suspeitos de entreguismo e a morte do torcedor na fila.
Não cabe ao governo ter atenção sobre isso. Cabe a Teixeira, mas este está muito atento ao Mundial. Há três anos, o presidente Lula nos disse que a Copa seria do Brasil e que não haveria dinheiro do governo. Mas o dinheiro é do Brasil, e a Copa tem outro dono. Dono se escreve com D de distração. Tomara, com D de Dilma.

pvc@uol.com.br


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