São Paulo, terça-feira, 06 de janeiro de 2004

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Pentacampeão abre mão de petrodólares, despreza Rio e aumenta poder de fogo do Cruzeiro

Por vitrine e Luxemburgo, Rivaldo volta para o Brasil

EDUARDO ARRUDA
TONI ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL

Rivaldo, 31, está de volta ao Brasil após oito anos para atuar no time mais badalado do país. O meia-atacante acertou sua ida para o Cruzeiro por um ano e vitaminou ainda mais o poderoso elenco mineiro, que manteve o meia Alex e quase todos os jogadores que conquistaram o primeiro Brasileiro da história do clube e a Copa do Brasil em 2003.
A decisão do pentacampeão mundial foi tomada no último sábado, quando ele se encontrou com o técnico Wanderley Luxemburgo no Rio. Amigo pessoal do atleta, o treinador articulou a ida de Rivaldo para Minas.
Anteontem, o procurador do jogador e a diretoria cruzeirense acertaram as bases do acordo.
Para defender o Cruzeiro, o ex-atleta do Milan, que se apresenta na quinta-feira, vai receber R$ 180 mil mensais, sendo R$ 100 mil bancados pela Energil C, patrocinadora do clube. O valor é muito aquém dos 6 milhões anuais que Rivaldo recebia na Itália.
E também ficou bem abaixo das ofertas do futebol árabe (US$ 4 milhões anuais) e do Botafogo (R$ 540 mil mensais).
"Sem dúvida o aspecto financeiro não pesou. O que trouxe o Rivaldo foi a estrutura do Cruzeiro, que é inigualável no Brasil", disse o homem-forte do futebol cruzeirense, Zezé Perrella.
O procurador do jogador, Carlos Arine, afirmou que o que motivou Rivaldo a aceitar a proposta mineira foi a possibilidade de vencer a Libertadores, título que ainda não possui, e o fato de voltar a trabalhar com Luxemburgo.
"Ele passou os melhores momentos da carreira ao lado do Luxemburgo, e o Cruzeiro hoje oferece uma excelente estrutura para o jogador trabalhar", afirmou Arine, referindo-se à época em que Rivaldo e Luxemburgo trabalharam juntos no Palmeiras e na seleção brasileira na década de 90.
Para o técnico cruzeirense, a má fase de Rivaldo no Milan deve ser atribuída a Carlo Ancellotti, treinador do time italiano, que não soube explorar o talento do atleta. Segundo Luxemburgo, Rivaldo continua sendo um dos principais atletas do país.
Pesou também para Rivaldo escolher o atual campeão brasileiro o fato de que jogará ao lado de estrelas, como o meia Alex. No Botafogo, por exemplo, Rivaldo teria de carregar o peso de ser o único atleta consagrado do time, que voltará este ano para a primeira divisão do Brasileiro.
Já na Árabia Saudita, Rivaldo ficaria mais distante da seleção brasileira. Ontem, em entrevista à rádio Itatiaia, o técnico do time nacional, Carlos Alberto Parreira, disse ter ficado "muito satisfeito" com a ida do atleta para o Cruzeiro. "O Rivaldo vai estar em forma", afirmou o treinador.
A última partida oficial disputada por Rivaldo ocorreu em 19 de novembro pelas eliminatórias da Copa-2006 no empate do Brasil por 3 a 3 com o Uruguai.
Outro fator para o meia-atacante voltar ao futebol brasileiro foi o fato de querer ficar perto do filho, que vive em Mogi-Mirim (162 km de São Paulo).
Mas Rivaldo pode deixar o Brasil em seis meses, caso receba proposta de um clube europeu, como prevê cláusula contratual. Para ter o atleta, o Cruzeiro desistiu de renovar com o meia Zinho e o atacante Aristizábal, destaques da equipe em 2003. "Tivemos de fazer isso para não onerar nossa folha", disse Zezé Perrella.


Colaborou Thiago Guimarães, da Agência Folha, em Belo Horizonte

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