São Paulo, sexta-feira, 06 de fevereiro de 2004

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BOXE

Larry Holmes dos anos 90/00

EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

O ex-campeão Larry Holmes, que dominou a categoria dos pesados na primeira metade da década de 80, poderia muito bem ter chamado o inglês Lennox Lewis em um canto e comentado: "Eu sou você amanhã".
Ambos têm várias coisas em comum: o fato de não terem caído nas graças do público apesar de terem dominado suas épocas, além de terem sido subestimados.
Holmes foi vítima do fato de seu reinado como campeão ter seguido àquele do mais carismático de todos os campeões, seu mentor, Muhammad Ali, a quem surrou quando já estava com 38 anos.
Jamais foi perdoado por isso.
Para piorar, fora Ali e Holmes, já veteranos, em sua época não havia grandes nomes, só os Tims Whiterspoons, Carls Williams e Davids Bays. Sem adversários brilhantes, não havia como demonstrar que era um fora-de-série.
Mas esse era um detalhe que fugia totalmente ao seu controle.
Além disso, Holmes, dono de estilo limpo e possivelmente do melhor jab (golpe preparatório de esquerda) da história dos pesados, era um pugilista técnico, não um pegador brutal ou um brigador.
Agora, a exemplo do que ocorria com Holmes, Lewis é ignorado pelo público, apesar de ter conquistado vitórias sobre Riddick Bowe (na Olimpíada-88), Evander Holyfield, Mike Tyson, Vitali Klitshko, Tommy Morrison etc.
Tá certo que os nomes não são espetaculares como aqueles da década de 70 e que Holyfield e Tyson já estavam um pouco desgastados quando os pegou. No entanto, como acontecia com Holmes, isso não é culpa de Lewis.
Porém há o credo de que, como aconteceu quando Holmes bateu Ali, Lewis ganhou de um "Iron" Tyson já bem enferrujado quando finalmente se enfrentaram.
Eu mesmo creio que Tyson venceria Lewis caso o tivesse enfrentado quando estava no auge da forma, com movimentação de cabeça e cintura, fintas, velocidade de punhos e golpes em combinações, ingredientes que ficaram cada vez mais raros depois que demitiu Kevin Rooney, em 1988. Rooney era um treinador fantástico? Não. O fato de nunca mais ter dirigido pugilistas top do top mostra isso -seu melhor boxeador pós-Tyson foi Vinnie Pazienza. Mas era o técnico certo para Tyson, pois entendia o estilo criado por Cus D'Amato, que tão bem funcionou com Tyson.
Voltando a Holmes e Lewis, um fator que os diferencia bem é a qualidade (ou falta de) do "queixo". Holmes levantou-se de quedas contra Earnie Shavers, talvez o maior pegador da história dos pesados, e Renaldo Snipes, recuperou-se e venceu. Já quando Oliver "Atomic Bull" McCall e Hasim "The Rock" Rahman conectaram com o queixo de Lewis...
Assim, se anunciar sua aposentadoria hoje conforme foi divulgado pela rádio BBC ontem e for se incluir entre os cinco melhores pesos-pesados de todos os tempos em seu ranking pessoal, como analisou a esta coluna durante uma teleconferência no ano passado, o britânico Lewis teria de ficar atrás de Holmes nessa lista.
Mas não amargaria má colocação. Holmes é tido por muitos um dos cinco melhores pesados.

Brasil 1
Apesar de ter ido para a Venezuela para conversar sobre a possibilidade de disputar o título dos leves da AMB, vago, Popó apenas deve unificar só depois que for definido o campeão. Segundo membro da equipe do lutador baiano, ""faz mais sentido comercialmente".

Brasil 2
Maguila dará aulas a jovens carentes em Osasco. A academia, cuja inauguração será no dia 18, funcionará em convênio com a prefeitura.
Nos EUA Uma curiosidade: o co-promotor da programação que a ESPN International exibe na madrugada de sábado é o americano Bobby Hitz, ex-oponente do ex-campeão mundial "Big" George Foreman.

E-mail eohata@folhasp.com.br


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