São Paulo, sábado, 06 de março de 2004

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Cuca condena oba-oba da diretoria

EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL

A primeira derrota do São Paulo na temporada provocou o primeiro mal-estar entre o técnico Cuca e a diretoria do clube.
A Folha apurou que ele ficou irritado com o "inchaço" da delegação são-paulina que foi ao Equador para acompanhar o confronto com a LDU, pela Libertadores.
Na avaliação de Cuca, a presença de jornalistas, torcedores e conselheiros do clube, convidados pela diretoria, atrapalhou a concentração dos atletas.
Em ano de eleição para a presidência do São Paulo, que será realizada na segunda quinzena de abril, uma das estratégias da atual situação é explorar o sucesso da equipe, que até anteontem estava invicta na temporada.
A derrota para a LDU, por 3 a 0, fez vir à tona um fantasma que ronda o clube há anos: a falta de conquistas. Após o revés em Quito, os dirigentes são-paulinos demonstravam muito abatimento.
Isolado em um canto do aeroporto de Quito, à espera do embarque para São Paulo, Cuca também era o retrato da desolação.
Pouco antes, porém, ainda nos vestiários do estádio Casa Blanca, o treinador, inconformado com o resultado, desafiava o rival, que colocou sua equipe na roda sob os gritos de "olé" de seus torcedores.
"Não vi essa superioridade toda. Na quarta-feira, eles [LDU] terão oportunidade de ir ao Morumbi para mostrar se são superiores como acham e falam que são", disse.
Cuca, que chamou a atenção de alguns jogadores no intervalo do jogo, também teve de engolir a presença de um torcedor na preleção da equipe.
Publicamente, porém, o técnico são-paulino assumiu a responsabilidade pelo tropeço em Quito, embora tenha dito que faltou "mobilização" a seus atletas.
"Nós não entramos no espírito de decisão que deveríamos ter para esse jogo. Tudo o que aconteceu no Equador serviu como lição. Não adianta ficar achando outros culpados. Podem ter certeza de que eu vou trabalhar para corrigir todos esses erros", disse o treinador, que reclamou das chances perdidas por sua equipe quando a partida estava 0 a 0.
"Nós jogamos muito mal e estávamos desconcentrados", disse o goleiro e capitão Rogério, cujo principal passatempo na concentração do time foi tocar e cantar com o músico Nando Reis, ex-Titãs, um dos convidados do clube na viagem ao Equador.
Enquanto Cuca atribui o fracasso à falta de concentração de seus atletas, reservadamente, a diretoria são-paulina encontrou outro vilão: o lateral Gustavo Nery.
Os dirigentes acreditam que o atleta, que já acertou sua transferência para o futebol alemão, tem comprometido nas partidas. Cuca, porém, não admite sacar Nery.


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