São Paulo, domingo, 06 de março de 2005

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FUTEBOL

À frente de Palmeiras e Santos, Candinho e Oswaldo de Oliveira se cruzam na tentativa de voltar à elite dos bancos

Clássico confronta técnicos fora de moda

MÁRVIO DOS ANJOS
PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL

Palmeiras e Santos se enfrentam hoje, às 16h, no Parque Antarctica, pondo em rota de colisão dois técnicos que chegaram desacreditados aos seus clubes.
Antes considerados treinadores da elite e hoje em baixa, Candinho e Oswaldo de Oliveira retornaram e tentam provar que a descrença em seus trabalhos é infundada.
A volta por cima que eles buscam dar em suas carreiras começou de maneira semelhante para ambos. Tanto um como o outro não eram os preferidos de Santos e Palmeiras quando os clubes foram atrás de novos técnicos.
Para desembarcar de helicóptero em Santos para assinar seu contrato com o time da Vila Belmiro e substituir Vanderlei Luxemburgo, mesmo depois de campanhas pífias em 2004 à frente de Corinthians e Vitória, Oliveira teve a ajuda de Ricardinho.
O meia e capitão santista foi quem convenceu o presidente Marcelo Teixeira a apostar na competência do amigo pessoal -com quem já trabalhara no Corinthians e no São Paulo. Tite e Carlos Bianchi eram os sonhos de consumo do cartola.
Já Candinho, que em 1996 levou a Portuguesa ao vice-campeonato do Brasileiro e no ano seguinte salvou o Corinthians do rebaixamento no Nacional, chegou ao Parque Antarctica como a última opção de uma lista de cinco nomes. Virou o preferido depois que Muricy Ramalho (o "plano A"), Geninho, Péricles Chamusca e Zetti foram descartados.
Apesar da desconfiança com que foram recebidos em seus atuais times, Oliveira e Candinho tiveram seus nomes ligados até mesmo à seleção brasileira.
O treinador palmeirense, 58, foi o auxiliar técnico do time nacional durante a passagem de Luxemburgo, de 1998 a 2000 -chegou a dirigir o time em uma goleada sobre a Venezuela (6 a 0).
Oliveira, que também já foi o braço direito do atual treinador do Real Madrid, fora cogitado para suceder Luiz Felipe Scolari na seleção -cargo que acabou com Carlos Alberto Parreira.
Apesar de estar longe dos holofotes há um bom tempo, Candinho diz que já voltou a se acostumar com a rotina de entrevistas e cobranças. "Mas na Arábia era até pior do que aqui", compara, ao citar seu último trabalho, no comando do Al Ittihad.
"Ele é um treinador que pensa grande. Está mostrando que é técnico de time grande", elogia o zagueiro Gláuber, que virou titular após a chegada de Candinho.
Do lado santista, Oliveira aproveita o bom momento do time depois da vitória sobre o Danubio na última quinta, pela Libertadores. "Não sinto essa contestação da torcida. Eu me sinto totalmente à vontade no Santos, estou muito tranqüilo no clube."
O técnico recordou que, ao chegar à Vila Belmiro, fora tratado como "extraterrestre", por sua maneira de se expressar. À ocasião, disse que o Santos tinha um "cast [elenco, em inglês] dileto".
"Há pessoas que têm um vocabulário de 2.000 palavras, outras de 5.000 palavras, outras de cinco e outras de duas. Tenho 54 anos, como vou mudar algo que já tenho sedimentado?", questionou.
Oliveira também falou de Candinho. "É um cara muito legal, conheço-o há bastante tempo e temos uma relação amistosa, apesar das rivalidades do futebol."
Rivalidade que hoje põe os dois frente a frente, cada um à sua maneira, tentando subir um degrau na volta ao topo. E empurrando o outro um pouquinho mais para baixo. De novo.


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