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FUTEBOL
Melhor do mundo, italiano, 45, já atingiu idade limite para árbitros
Às do apito, Collina tenta evitar vermelho em junho
JASON HOROWITZ
DO "NEW YORK TIMES"
Pierluigi Collina, estrela italiana
de maior sucesso no futebol, nunca esteve perto de fazer um gol.
O olhar penetrante e a careca reluzente fizeram dele um dos rostos mais famosos no esporte mais
popular do planeta. Não como
um jogador, mas como árbitro.
"Isto não é sempre útil", afirmou o consultor financeiro Collina, 45, sobre sua distinta cabeça,
que o faz ser chamado desde Nosferatu até "Careca Luminosa". "Se
você fizer um mau trabalho, todo
mundo vai saber que é você."
Mas, no final das contas, Collina
não tem desempenho ruim. A Fifa
o elegeu como o melhor árbitro
de seis das sete últimas temporadas, período em que ele apitou a
final da Copa e de outros torneios.
A maneira como controla o jogo
e a firmeza com que lida com as
mais mimadas estrelas faz dele
um ídolo para milhões de fãs.
Na Olimpíada de Atlanta-96, o
time inteiro da China veio até o
italiano após o jogo atrás de autógrafos e fotos. "Até um jogador
contundido deixou o banco."
Mas, apesar da badalação, esta
pode ser sua última temporada. A
Fifa e a federação italiana têm como limite de idade para árbitros
45 anos, o que significa que Collina, que fez aniversário em fevereiro, será efetivamente aposentado
ao final da temporada, em junho.
"Se eles não mudarem as regras
será uma vergonha, já que Collina
é um verdadeiro tesouro para o
esporte", disse Tullio Lanese, presidente da associação de árbitros
da Itália, que faz lobby para aumentar o limite para 48 anos.
Collina se recusa a dissertar sobre o assunto, mas em seu livro,
"As Minhas Regras do Jogo", escreveu que a perspectiva de parar
deixa "um sabor amargo na boca"
e que discriminar os árbitros pela
idade é "uma pena".
Intensamente centrado na arbitragem, que rende a ele mais de
US$ 200 mil (R$ 530 mil) por ano,
Collina malha quatro dias por semana. Antes de um jogo, ele também lê sobre os jogadores e gasta
mais de 15 horas vendo vídeos.
"Eu preciso saber tudo", diz ele.
"Para um juiz, o importante não é
reagir, mas saber o que vai acontecer. A reação é tardia."
Collina também afirma ter uma
resistência inata à ansiedade.
A mistura de confiança e concentração motivaram corporações como a IBM e a Unilever a
contratá-lo para desenvolver em
seus funcionários habilidades para tomada de decisão.
Sua performance em campo,
seu conhecimento em negócios e
sua singular aparência o levaram
para comerciais de TV, clipes musicais e até desfiles de moda.
Mas ele não é uma unanimidade. Torcedores da Juventus o acusam pela perda de jogos e títulos.
"Quanto mais você erra contra a
Juventus, mais famoso você fica, e
Collina quer a fama porque ele
quer patrocínios e dinheiro", disse Sergio Vessicchio, criador do
site "Eu Odeio o Collina", que registrou mais de 200 mil acessos
nos últimos dois anos. "Ele erra
mais do que qualquer outro, mas
ninguém fala nada porque ele é
considerado um patrimônio nacional. Dá um tempo."
Filho de uma professora e um
funcionário público, Collina cresceu em Bolonha e estudou em um
colégio de freiras. Aos 17 anos,
apitou seu primeiro jogo.
Aos 24, passou a ser contestado
por alguns atletas pela doença que
provocava a queda dos pêlos do
corpo. "Alguns pensaram que isso poderia ser um problema. Provei que não e ainda economizei
com produtos antiqueda."
Trabalhando no Italiano desde
1991, costuma usar um apito prata
e fica horas no vestiário esperando que torcedores insatisfeitos se
cansem e voltem para casa.
A situação atual não anima Collina. "Se você está acostumado a
tomar decisões não é fácil esperar
que alguém as tome por você",
declarou ele, que mais tarde foi repreendido por sua mulher por se
atrasar para o almoço. "Em casa,
o único que aceita minhas decisões é o cachorro."
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