São Paulo, domingo, 06 de março de 2005

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Hip hop deixa figuração e compra equipes da NBA

DA REPORTAGEM LOCAL

Eles eram parte do show. Agora, querem comprá-lo.
Já são três times da NBA, a liga norte-americana de basquete, com astros do hip hop dos EUA no rol de seus proprietários.
O último a fazer o investimento foi Usher, estrela maior do rhythm and blues no maior mercado fonográfico do planeta.
Na última terça-feira, ele tomou posse como um dos donos do Cleveland Cavaliers, a equipe da sensação LeBron James.
Sua participação no negócio não foi divulgada, mas segundo Dan Gilbert, o chefão do grupo que pagou US$ 375 milhões pelos Cavs, ela é significativa.
Antes de Usher, foram os rappers Jay-Z e Nelly que compraram parte de times da liga. O primeiro é agora um dos proprietários do New Jersey Nets. O segundo tem um naco da mais nova franquia da NBA, o Charlotte Bobcats.
Nestes dois casos também é segredo a participação dos cantores. Mas, para a liga e os sócios, a invasão dos rappers é bem-vinda.
David Stern, o manda-chuva da NBA, gosta da associação entre basquete e hip hop. E a entrada dos cantores na lista de proprietários parece mesmo uma bem tramada jogada de marketing.
Usher, Jay-Z e Nelly compraram equipes que não são de suas cidades. O nova-iorquino Jay-Z precisa apenas cruzar o rio para ver os Nets. Já Usher mora em Atlanta, a mais de mil quilômetros de Cleveland, distância parecida da Saint Louis natal de Nelly a Charlotte, a sede dos Bobcats.
Jogadores e cartolas tradicionais comemoram a atração que os músicos causam nos fãs.
"Quem ouvir que o Usher é um dos donos do time vai nos assistir a partir de agora só para vê-lo na cadeira ao lado da quadra", diz o ala Ira Newble, do Cleveland.
"Eu sempre digo que nosso objetivo é ganhar o coração e a mente das pessoas de Charlotte. Para isso, precisamos agregar entretenimento ao nosso jogo, e com o Nelly isso vai ficar bem mais fácil", afirma Robert L. Johnson, o sócio majoritário dos Bobcats.
Foi a associação com o hip hop que fez a NBA crescer como negócio. A venda de camisas aumentou depois que virou uniforme de rappers famosos. Ao contrário do que acontece com o futebol americano e o beisebol (que adotam o rock e o country), a trilha sonora nos ginásios da NBA é dominada pelo hip hop.
Antes dos cantores invadirem a NBA, foi a vez dos atletas da liga tentarem a sorte no microfone.
E os resultados não foram nada animadores. O pivô Shaquille O'Neal, do Miami Heat, gravou quatro discos de rap na década passada. Apesar de todo o forte marketing que envolveu todos os lançamentos, três deles encalharam nas lojas, e ninguém lembra hoje do único que teve algum sucesso: "Shaq Diesel".
Coisa pior aconteceu com o armador Allen Iverson, do Philadelphia 76ers. Em 2000, ele gravou um disco de rap com letras que faziam referências negativas a gays, mulheres e negros. Pressionado por grupos de defesa dos direitos civis e pela própria NBA, concordou em mudar as letras, e o disco acabou sendo um fracasso.
(PAULO COBOS)


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