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Hip hop deixa figuração e compra equipes da NBA
DA REPORTAGEM LOCAL
Eles eram parte do show. Agora, querem comprá-lo.
Já são três times da NBA, a liga
norte-americana de basquete,
com astros do hip hop dos EUA
no rol de seus proprietários.
O último a fazer o investimento
foi Usher, estrela maior do
rhythm and blues no maior mercado fonográfico do planeta.
Na última terça-feira, ele tomou
posse como um dos donos do Cleveland Cavaliers, a equipe da sensação LeBron James.
Sua participação no negócio
não foi divulgada, mas segundo
Dan Gilbert, o chefão do grupo
que pagou US$ 375 milhões pelos
Cavs, ela é significativa.
Antes de Usher, foram os rappers Jay-Z e Nelly que compraram
parte de times da liga. O primeiro
é agora um dos proprietários do
New Jersey Nets. O segundo tem
um naco da mais nova franquia
da NBA, o Charlotte Bobcats.
Nestes dois casos também é segredo a participação dos cantores.
Mas, para a liga e os sócios, a invasão dos rappers é bem-vinda.
David Stern, o manda-chuva da
NBA, gosta da associação entre
basquete e hip hop. E a entrada
dos cantores na lista de proprietários parece mesmo uma bem tramada jogada de marketing.
Usher, Jay-Z e Nelly compraram equipes que não são de suas
cidades. O nova-iorquino Jay-Z
precisa apenas cruzar o rio para
ver os Nets. Já Usher mora em
Atlanta, a mais de mil quilômetros de Cleveland, distância parecida da Saint Louis natal de Nelly
a Charlotte, a sede dos Bobcats.
Jogadores e cartolas tradicionais comemoram a atração que os
músicos causam nos fãs.
"Quem ouvir que o Usher é um
dos donos do time vai nos assistir
a partir de agora só para vê-lo na
cadeira ao lado da quadra", diz o
ala Ira Newble, do Cleveland.
"Eu sempre digo que nosso objetivo é ganhar o coração e a mente das pessoas de Charlotte. Para
isso, precisamos agregar entretenimento ao nosso jogo, e com o
Nelly isso vai ficar bem mais fácil", afirma Robert L. Johnson, o
sócio majoritário dos Bobcats.
Foi a associação com o hip hop
que fez a NBA crescer como negócio. A venda de camisas aumentou depois que virou uniforme de
rappers famosos. Ao contrário do
que acontece com o futebol americano e o beisebol (que adotam o
rock e o country), a trilha sonora
nos ginásios da NBA é dominada
pelo hip hop.
Antes dos cantores invadirem a
NBA, foi a vez dos atletas da liga
tentarem a sorte no microfone.
E os resultados não foram nada
animadores. O pivô Shaquille
O'Neal, do Miami Heat, gravou
quatro discos de rap na década
passada. Apesar de todo o forte
marketing que envolveu todos os
lançamentos, três deles encalharam nas lojas, e ninguém lembra
hoje do único que teve algum sucesso: "Shaq Diesel".
Coisa pior aconteceu com o armador Allen Iverson, do Philadelphia 76ers. Em 2000, ele gravou
um disco de rap com letras que faziam referências negativas a gays,
mulheres e negros. Pressionado
por grupos de defesa dos direitos
civis e pela própria NBA, concordou em mudar as letras, e o disco
acabou sendo um fracasso.
(PAULO COBOS)
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