São Paulo, quinta-feira, 06 de abril de 2000


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F-1
Dirigentes brasileiros admitem falha na fixação das placas, mas culpam carros pelo vento que as derrubou
Corrente de ar "defende" GP Brasil hoje

FÁBIO SEIXAS
da Reportagem Local

O deslocamento brusco de ar causado pela passagem dos carros somado a uma falha na fixação das placas publicitárias serão os argumentos apresentados pela CBA (Confederação Brasileira de Automobilismo) em sua defesa do GP Brasil, hoje, em Paris.
Assim, os dirigentes brasileiros pretendem garantir a permanência da F-1 no país e, se possível, escapar de uma multa pesada.
Segundo instrumento de poder dentro da FIA, o Conselho Mundial da entidade máxima do automobilismo vai ouvir as explicações da CBA sobre os problemas que ocorreram no treino oficial para a prova, no último dia 25.
A FIA convocou, na semana passada, a organização do GP Brasil para explicações depois de analisar os episódios ocorridos durante os treinos livres e classificatórios.
Fato inédito, a sessão foi interrompida por três vezes devido a quedas de placas publicitárias da marca de cigarros Marlboro, patrocinadora oficial da corrida.
Além de vexatório para os organizadores brasileiros, o incidente acabou sendo determinante para o resultado final do treino.
Um dos grandes prejudicados, ironicamente, foi o piloto brasileiro Rubens Barrichello, da Ferrari, grande atração do GP, que fazia a sua melhor volta na sessão quando a terceira placa caiu na reta dos boxes, atingindo o carro de Jean Alesi, da equipe Prost.
O treino, então, foi finalmente interrompido para que todas as placas fossem retiradas. No intervalo até o reinício da sessão, começou a chover em Interlagos, impedindo que qualquer piloto melhorasse seu tempo.
Na quarta-feira da semana passada, a FIA decidiu convocar os organizadores do GP Brasil para prestarem explicações.
A Sauber, equipe do brasileiro Pedro Paulo Diniz, havia desistido de correr o GP Brasil devido a problemas na asa de seus carros. Após o pedido de explicações da FIA, a equipe suíça soltou um comunicado culpando as ondulações do autódromo de Interlagos pela desistência.
Quase que imediatamente após a convocação da reunião pela FIA, começaram a surgir ameaças à permanência da F-1 no Brasil.
O primeiro a se manifestar foi Francesco Longanesi, porta-voz da entidade, ainda na quarta-feira. Entre as sanções previstas, o italiano destacou que a corrida do ano que vem corria risco.
O que aparentemente era uma opinião isolada, combatida veementemente pelos organizadores do GP Brasil, ganhou força no último final de semana, quando o inglês Max Mosley, presidente da FIA, reiterou a ameaça à prova.
"Estava assistindo ao treino pela TV e fiquei profundamente irritado com tudo o que aconteceu", afirmou o dirigente.
Mosley é um dos 24 integrantes do Conselho Mundial que ouvirão hoje a defesa brasileira. Alívio para os dirigentes do país, Bernie Ecclestone, presidente da FOA (empresa que comanda comercialmente a F-1) também faz parte do grupo -o inglês mantém relações estreitas com os organizadores da prova em Interlagos.
Para apresentar seus argumentos, a CBA enviou a Paris seu vice-presidente e diretor da prova, Carlos Montagner, acompanhado do diretor jurídico da entidade, Felipe Zeraick.
A dupla desembarcou ontem na capital francesa, levando um relatório de 20 páginas, ilustrado com fotos.
Embora o cancelamento imediato da corrida seja uma hipótese pouco provável, a admissão parcial de negligência, no caso da má fixação das placas, deve render uma multa à CBA.
"Acima da Confederação Brasileira está a FIA, que fiscalizou as condições da prova. Se a FIA multar o GP Brasil, estará admitindo que alguém falhou na fiscalização", afirmou Reginaldo Bufaiçal, presidente da CBA.
"Nós prestamos todo o apoio para a realização da corrida. Mas a autoridade principal do evento é a FIA, que faz toda a vistoria do autódromo", completou ele.
Outro resultado possível é a colocação da prova sob condicional -a FIA pediria melhorias em Interlagos e só garantiria a realização da corrida depois que suas exigências fossem cumpridas.
De certo, está o enfraquecimento político do GP Brasil junto à cúpula da entidade. Que terá mais argumentos para pressionar a organização da prova e para aumentar o preço da categoria em suas futuras negociações com a Prefeitura de São Paulo.


Colaborou Adalberto Leister Filho, da Reportagem Local


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