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F-1
Dirigentes brasileiros admitem falha na fixação das placas, mas culpam carros pelo vento que as derrubou
Corrente de ar "defende" GP Brasil hoje
FÁBIO SEIXAS
da Reportagem Local
O deslocamento brusco de ar
causado pela passagem dos carros
somado a uma falha na fixação
das placas publicitárias serão os
argumentos apresentados pela
CBA (Confederação Brasileira de
Automobilismo) em sua defesa
do GP Brasil, hoje, em Paris.
Assim, os dirigentes brasileiros
pretendem garantir a permanência da F-1 no país e, se possível, escapar de uma multa pesada.
Segundo instrumento de poder
dentro da FIA, o Conselho Mundial da entidade máxima do automobilismo vai ouvir as explicações da CBA sobre os problemas
que ocorreram no treino oficial
para a prova, no último dia 25.
A FIA convocou, na semana
passada, a organização do GP
Brasil para explicações depois de
analisar os episódios ocorridos
durante os treinos livres e classificatórios.
Fato inédito, a sessão foi interrompida por três vezes devido a
quedas de placas publicitárias da
marca de cigarros Marlboro, patrocinadora oficial da corrida.
Além de vexatório para os organizadores brasileiros, o incidente
acabou sendo determinante para
o resultado final do treino.
Um dos grandes prejudicados,
ironicamente, foi o piloto brasileiro Rubens Barrichello, da Ferrari,
grande atração do GP, que fazia a
sua melhor volta na sessão quando a terceira placa caiu na reta dos
boxes, atingindo o carro de Jean
Alesi, da equipe Prost.
O treino, então, foi finalmente
interrompido para que todas as
placas fossem retiradas. No intervalo até o reinício da sessão, começou a chover em Interlagos,
impedindo que qualquer piloto
melhorasse seu tempo.
Na quarta-feira da semana passada, a FIA decidiu convocar os
organizadores do GP Brasil para
prestarem explicações.
A Sauber, equipe do brasileiro
Pedro Paulo Diniz, havia desistido de correr o GP Brasil devido a
problemas na asa de seus carros.
Após o pedido de explicações da
FIA, a equipe suíça soltou um comunicado culpando as ondulações do autódromo de Interlagos
pela desistência.
Quase que imediatamente após
a convocação da reunião pela
FIA, começaram a surgir ameaças
à permanência da F-1 no Brasil.
O primeiro a se manifestar foi
Francesco Longanesi, porta-voz
da entidade, ainda na quarta-feira. Entre as sanções previstas, o
italiano destacou que a corrida do
ano que vem corria risco.
O que aparentemente era uma
opinião isolada, combatida veementemente pelos organizadores
do GP Brasil, ganhou força no último final de semana, quando o
inglês Max Mosley, presidente da
FIA, reiterou a ameaça à prova.
"Estava assistindo ao treino pela
TV e fiquei profundamente irritado com tudo o que aconteceu",
afirmou o dirigente.
Mosley é um dos 24 integrantes
do Conselho Mundial que ouvirão hoje a defesa brasileira. Alívio
para os dirigentes do país, Bernie
Ecclestone, presidente da FOA
(empresa que comanda comercialmente a F-1) também faz parte
do grupo -o inglês mantém relações estreitas com os organizadores da prova em Interlagos.
Para apresentar seus argumentos, a CBA enviou a Paris seu vice-presidente e diretor da prova,
Carlos Montagner, acompanhado do diretor jurídico da entidade, Felipe Zeraick.
A dupla desembarcou ontem na
capital francesa, levando um relatório de 20 páginas, ilustrado com
fotos.
Embora o cancelamento imediato da corrida seja uma hipótese pouco provável, a admissão
parcial de negligência, no caso da
má fixação das placas, deve render uma multa à CBA.
"Acima da Confederação Brasileira está a FIA, que fiscalizou as
condições da prova. Se a FIA multar o GP Brasil, estará admitindo
que alguém falhou na fiscalização", afirmou Reginaldo Bufaiçal,
presidente da CBA.
"Nós prestamos todo o apoio
para a realização da corrida. Mas
a autoridade principal do evento é
a FIA, que faz toda a vistoria do
autódromo", completou ele.
Outro resultado possível é a colocação da prova sob condicional
-a FIA pediria melhorias em Interlagos e só garantiria a realização da corrida depois que suas
exigências fossem cumpridas.
De certo, está o enfraquecimento político do GP Brasil junto à cúpula da entidade. Que terá mais
argumentos para pressionar a organização da prova e para aumentar o preço da categoria em
suas futuras negociações com a
Prefeitura de São Paulo.
Colaborou Adalberto Leister Filho, da Reportagem Local
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