São Paulo, sexta-feira, 06 de abril de 2001

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Pela primeira vez, Brasil reúne três atletas top ten em uma competição

O melhor tênis que o país já viu

Ana Carolina Fernandes/Folha Imagem
Beatriz Hernandez, de Assis (SP), mostra camisa personalizada


Nem estrutura precária montada em Florianópolis para receber quartas-de-final da Davis tira o brilho da disputa com a Austrália

PAULO COBOS
RÉGIS ANDAKU
ENVIADOS ESPECIAIS A FLORIANÓPOLIS

Gustavo Kuerten e Patrick Rafter iniciam hoje, às 10h, o maior evento já realizado na história do tênis no Brasil.
O jogo, que reúne dois tenistas carismáticos, já consagrados como número um do planeta e com uma platéia de quase 12 mil pessoas nas arquibancadas, é o primeiro do confronto entre brasileiros e australianos pelas quartas-de-final da Copa Davis.
Logo após o fim da partida entre Kuerten e Rafter, jogam na arena montada na avenida Beira-Mar Norte, em Florianópolis, Fernando Meligeni e Lleyton Hewitt, um dos jogadores mais badalados do circuito profissional.
Nunca antes o país recebeu dois ou reuniu três tenistas profissionais top ten em uma competição tão cobiçada e importante internacionalmente.
Apesar disso, montou uma estrutura precária, em meio a muita lama, pó e pedras, para receber o maior esportista brasileiro da atualidade e os ilustres visitantes. Nem isso tira o brilho da disputa por uma vaga nas semifinais.
As partidas serão transmitidas ao vivo pela TV australiana.
No Brasil, os jogos serão acompanhados também pela TV, por rádios e pela Internet. No site oficial da Copa Davis, aliás, o confronto é o mais destacado.
Cerca de 250 jornalistas, dos quais 20 estrangeiros, estão trabalhando em Florianópolis. O ministro do Esporte, o governador de Santa Catarina e a prefeita de Florianópolis também estarão acompanhando as partidas.
A Copa Davis, centenária, é a mais importante competição entre países do tênis mundial. E a Austrália, o país que já foi campeão em 27 edições -só perde para os Estados Unidos em número de conquistas.
Nomes importantes da história do tênis já atuaram no Brasil, mas sem a seriedade, a importância e a curiosidade que agora cerca o evento na capital catarinense.
Pela Copa Davis, já estiveram no país o norte-americano Jim Courier e o alemão Boris Becker, ambos melhores do mundo em suas épocas, mas contra equipes brasileiras que poucas chances e nenhuma estrela tinham então.
Desta vez, o Brasil pode conquistar uma vaga nas semifinais da Copa Davis pelo segundo ano consecutivo e pela terceira vez em sua história desde que o torneio ganhou seu formato atual.
Entre as mulheres, estrelas como Martina Hingis, Martina Navratilova, Steffi Graf e Monica Seles, todas líderes do ranking mundial, também já foram vistas em ação no país. Mas em partidas de exibição que nada valiam e por força contratual (praticamente sempre definido por dinheiro).
Tanto que Graf foi embora sem ao menos voltar ao hotel para tomar banho, Seles quis um bolo de aniversário e Hingis acabou obrigada a jogar duplas com uma tenista brasileira para convidados.
Neste fim-de-semana, o tênis brasileiro tem também chances reais de impor pela primeira vez em sua longa história uma derrota a uma potência e um dos mais tradicionais países do mundo.
Em três confrontos, a Austrália acumula três folgadas vitórias -a última aconteceu na grama em Brisbane pelas semifinais, e o placar terminou 5 a 0.
Por regra da competição, o Brasil escolheu a cidade (Florianópolis) e o piso da quadra (saibro) em que serão disputados os jogos.
O piso é o mais adequado ao estilo da equipe brasileira, que tem, além de Kuerten e Meligeni, Jaime Oncins e Alexandre Simoni.
A cidade, ao nível do mar e que torna as condições de jogo ainda mais favoráveis aos brasileiros, é onde nasceu Gustavo Kuerten, atleta que tornou o tênis brasileiro conhecido, respeitável e temido no circuito mundial.
"Eu não penso na hipótese de perder", afirma Kuerten, friamente, distante apenas alguns quilômetros de sua casa.
"E eu já estou acostumado aos grandes jogos", diz Rafter, sobre o fato de ter de jogar no "quintal" de seu adversário de hoje, grande amigo fora das quadras.
Vencerá o país que chegar a três vitórias até domingo.
Amanhã, o jogo é de duplas, às 11h. Pelo Brasil estão escalados Kuerten e Jaime Oncins. A Austrália tem Rafter e Wayne Arthurs. Mas mudanças podem ser feitas após os jogos de hoje.
Para o domingo, a partir das 10h, estão marcadas as partidas finais. Kuerten jogará contra Hewitt, e Meligeni enfrentará Rafter.
Se um país chegar a três vitórias no sábado, os jogos de domingo podem não acontecer ou reunir reservas. Ainda assim, terá sido o maior evento do tênis no país.
O vencedor do confronto de Florianópolis joga contra Suécia ou Rússia, que também estarão em quadra neste fim-de-semana, em Malmoe, cidade sueca.
Caso o Brasil passe pela Austrália, atuará em casa novamente, qualquer que seja o adversário, em setembro próximo, pelas semifinais da Copa Davis, naquele que poderá ser, então, o novo maior evento do tênis no país.


NA TV - Sportv, ao vivo, a partir das 10h




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