São Paulo, sexta-feira, 06 de abril de 2001

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FUTEBOL

Depois de 15 meses, dirigentes do clube dão como certo o fim do contrato

Flamengo admite fim da parceria com a suíça ISL

RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO

Menos de dois meses depois de o rival Vasco ter rompido com a Vasco da Gama Licenciamentos, o Flamengo também perdeu seu parceiro, a ISL (empresa suíça de marketing esportivo).
O contrato ainda não foi rescindido, mas os dirigentes do clube da Gávea consideram inevitável o fim do acordo.
A ISL tenta, na Justiça da Suíça, evitar o início da decretação de sua falência. A empresa nega, por meio de sua assessoria de imprensa, ter proposto a quebra do contrato, mas afirma que o clube está ciente da crise que enfrenta.
A ISMM (holding da qual a ISL faz parte) conta com um novo parceiro para se reerguer nos próximos três meses (ler texto nesta página).
Com o rompimento da parceria, o orçamento do Flamengo se reduz drasticamente. De R$ 80 milhões anuais, passa a R$ 50 milhões, afirma o vice de futebol, Walter Oaquim.
Como o Vasco, o Flamengo está quebrado. O clube da Gávea tem uma dívida de cerca de R$ 40 milhões, de acordo com Oaquim, e nenhum parceiro para ajudá-lo a pagar as despesas.
Quando assinaram os contratos de parceria, Flamengo e Vasco diziam estar fazendo negócios duradouros e altamente rentáveis.
O acordo do clube da Gávea durou 15 meses, o do Vasco, pouco menos de três anos. Hoje, ambos os clubes estão de volta ao amadorismo na administração.
O Flamengo deixa de ganhar um estádio de futebol e um centro de treinamento prometidos pela empresa suíça.
"Esses são os nossos únicos prejuízos", minimizou Oaquim.
O presidente do Flamengo, Edmundo Santos Silva, não quis comentar o assunto ontem. Seus assessores indicaram o vice-presidente jurídico, Amir Bocaiúva, que também se negou a falar sobre o problema com a ISL.
O setor que deve sentir mais diretamente as consequências do fim do acordo é o de esportes olímpicos. A redução de quase 40% do orçamento deve provocar a redução da quantidade de modalidades do clube.
"Teremos de nos adaptar à nova realidade. Se não conseguirmos mais receita, teremos de encolher todas as nossas atividades", afirmou Walter Oaquim.
A crise tem afetado, por exemplo, a equipe feminina de vôlei, que conta com as jogadoras Leila e Virna e disputará a final da Superliga nacional amanhã, justamente contra o Vasco, não recebe salários há quatro meses.
Para Oaquim, a situação do Flamengo não se compara à do Vasco. "Nós temos receita, o que não acontece com eles. Contamos com os direitos de transmissão de TV e os contratos de patrocínio da Petrobras e da Nike (fornecimento de material esportivo)."
Como a Folha revelou, o Vasco reconheceu, por meio de um "instrumento particular de confissão de dívida", um débito de R$ 37,4 milhões com a Globo Esportes e autorizou a emissora a reter pagamentos até que o débito seja saldado. O clube recebeu ainda adiantamentos da emissora no valor de R$ 9,9 milhões.
O Vasco rompeu o acordo com a VGL em fevereiro e não tem patrocinador atualmente. O time de São Januário também enfrenta problemas com a Kappa, que lhe fornece material esportivo.
O presidente do Vasco, Eurico Miranda, afirma que o clube está asfixiado financeiramente. Ele chegou a ameaçar "bagunçar" o Estadual do Rio caso não recebesse dinheiro da Globo.


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