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FUTEBOL
Depois de 15 meses, dirigentes do clube dão como certo o fim do contrato
Flamengo admite fim da parceria com a suíça ISL
RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO
Menos de dois meses depois de
o rival Vasco ter rompido com a
Vasco da Gama Licenciamentos,
o Flamengo também perdeu seu
parceiro, a ISL (empresa suíça de
marketing esportivo).
O contrato ainda não foi rescindido, mas os dirigentes do clube
da Gávea consideram inevitável o
fim do acordo.
A ISL tenta, na Justiça da Suíça,
evitar o início da decretação de
sua falência. A empresa nega, por
meio de sua assessoria de imprensa, ter proposto a quebra do contrato, mas afirma que o clube está
ciente da crise que enfrenta.
A ISMM (holding da qual a ISL
faz parte) conta com um novo
parceiro para se reerguer nos próximos três meses (ler texto nesta
página).
Com o rompimento da parceria, o orçamento do Flamengo se
reduz drasticamente. De R$ 80
milhões anuais, passa a R$ 50 milhões, afirma o vice de futebol,
Walter Oaquim.
Como o Vasco, o Flamengo está
quebrado. O clube da Gávea tem
uma dívida de cerca de R$ 40 milhões, de acordo com Oaquim, e
nenhum parceiro para ajudá-lo a
pagar as despesas.
Quando assinaram os contratos
de parceria, Flamengo e Vasco diziam estar fazendo negócios duradouros e altamente rentáveis.
O acordo do clube da Gávea durou 15 meses, o do Vasco, pouco
menos de três anos. Hoje, ambos
os clubes estão de volta ao amadorismo na administração.
O Flamengo deixa de ganhar
um estádio de futebol e um centro
de treinamento prometidos pela
empresa suíça.
"Esses são os nossos únicos prejuízos", minimizou Oaquim.
O presidente do Flamengo, Edmundo Santos Silva, não quis comentar o assunto ontem. Seus assessores indicaram o vice-presidente jurídico, Amir Bocaiúva,
que também se negou a falar sobre o problema com a ISL.
O setor que deve sentir mais diretamente as consequências do
fim do acordo é o de esportes
olímpicos. A redução de quase
40% do orçamento deve provocar
a redução da quantidade de modalidades do clube.
"Teremos de nos adaptar à nova
realidade. Se não conseguirmos
mais receita, teremos de encolher
todas as nossas atividades", afirmou Walter Oaquim.
A crise tem afetado, por exemplo, a equipe feminina de vôlei,
que conta com as jogadoras Leila
e Virna e disputará a final da Superliga nacional amanhã, justamente contra o Vasco, não recebe
salários há quatro meses.
Para Oaquim, a situação do Flamengo não se compara à do Vasco. "Nós temos receita, o que não
acontece com eles. Contamos
com os direitos de transmissão de
TV e os contratos de patrocínio
da Petrobras e da Nike (fornecimento de material esportivo)."
Como a Folha revelou, o Vasco
reconheceu, por meio de um "instrumento particular de confissão
de dívida", um débito de R$ 37,4
milhões com a Globo Esportes e
autorizou a emissora a reter pagamentos até que o débito seja saldado. O clube recebeu ainda
adiantamentos da emissora no
valor de R$ 9,9 milhões.
O Vasco rompeu o acordo com
a VGL em fevereiro e não tem patrocinador atualmente. O time de
São Januário também enfrenta
problemas com a Kappa, que lhe
fornece material esportivo.
O presidente do Vasco, Eurico
Miranda, afirma que o clube está
asfixiado financeiramente. Ele
chegou a ameaçar "bagunçar" o
Estadual do Rio caso não recebesse dinheiro da Globo.
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