São Paulo, sábado, 06 de maio de 2000


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AUTOMOBILISMO
Questões internas motivam Ferrari a dar melhor equipamento possível a brasileiro na Espanha
Política iguala Barrichello a alemão

FÁBIO SEIXAS
enviado especial a Barcelona

Questões políticas internas motivam a Ferrari a fornecer, neste final de semana, o melhor equipamento possível ao brasileiro Rubens Barrichello. Para setores do time, é vital que ele chegue ao fim do GP da Espanha, se possível à frente de Michael Schumacher.
Até agora, das quatro provas já disputadas no Mundial, o brasileiro só terminou duas. Abandonou os GPs do Brasil e da Inglaterra com problemas hidráulicos.
Enquanto isso, o piloto alemão venceu três corridas e terminou outra na terceira colocação.
Segundo o próprio Barrichello, essa discrepância vem causando certo mal estar em alguns técnicos e engenheiros do time, já que a impressão que fica é que o carro é muito problemático e que Schumacher é sua única solução.
Um eventual bom resultado do brasileiro em Barcelona combateria essa opinião e aumentaria o prestígio do projeto F1-2000.
"O Ross Brawn (diretor técnico ferrarista) me chamou e disse que o interesse dele é que meu carro ande até melhor que o do Schumacher, para mostrar que esse projeto não é só movido pelo alemão. Para mostrar que tem uma equipe que trabalha bem forte e que faz tudo ir para a frente."
A situação paradoxal proposta pelo engenheiro inglês evidencia a ciumeira que permeia a F-1.
Mesmo com um piloto líder absoluto do campeonato, a preferência do dirigente no momento é por um bom resultado de Barrichello. Mesmo que isso não acrescente nada na luta da Ferrari para sair do jejum de 21 anos sem título do Mundial de Pilotos.
"Não se trata de querer que ele (Schumacher) quebre duas vezes, para ficar a igual a mim. Mas preciso terminar o ano com um nível de confiabilidade bom. Até agora, 50%, não está legal", afirmou Barrichello, em Barcelona.
Em tom de desabafo, o brasileiro atacou as pessoas que o criticaram pelos dois abandonos.
"Saiu muita coisa no Brasil, gente tentando explicar o meu problema. Sem querer tirar meu corpo da reta, o que posso dizer é que não tem como um piloto quebrar um sistema hidráulico", declarou. "O carro do Schumacher também quase quebrou no fim do GP da Inglaterra. Esta segurança eu posso passar para aqueles que gostam de F-1 e que não fazem críticas sem fundamento."
A péssima confiabilidade do segundo carro da Ferrari neste ano fica ainda mais gritante quando comparada ao desempenho do ano passado, mesmo levando em conta que Eddie Irvine tornou-se o primeiro piloto com o acidente de Schumacher em Silverstone.
Em 1999, o irlandês só abandonou 1 das 16 etapas do calendário -índice de confiabilidade de 93,75%. Das 15 etapas que terminou, só não marcou pontos no GP da Europa, o que lhe confere um aproveitamento de 87,5%.
No caso de Barrichello, ambos os parâmetros são de 50%.
"Estou numa equipe competente. E eles, mais do que qualquer um, estão insatisfeitos com minhas quebras", disse o brasileiro.
A primeira chance de aproveitar o súbito "favorecimento" na escuderia italiana será hoje, no treino oficial para o GP da Espanha, quinta etapa do Mundial.
Amanhã, será vital para Barrichello completar a prova, já que uma chance como essa pode não se repetir. Irvine, que correu quatro anos no time, precisou que Schumacher quebrasse a perna para receber tratamento igual.
NA TV - Treino oficial, Globo, ao vivo, a partir das 8h

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