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AUTOMOBILISMO
Questões internas motivam Ferrari a dar melhor equipamento possível a brasileiro na Espanha
Política iguala Barrichello a alemão
FÁBIO SEIXAS
enviado especial a Barcelona
Questões políticas internas motivam a Ferrari a fornecer, neste
final de semana, o melhor equipamento possível ao brasileiro Rubens Barrichello. Para setores do
time, é vital que ele chegue ao fim
do GP da Espanha, se possível à
frente de Michael Schumacher.
Até agora, das quatro provas já
disputadas no Mundial, o brasileiro só terminou duas. Abandonou os GPs do Brasil e da Inglaterra com problemas hidráulicos.
Enquanto isso, o piloto alemão
venceu três corridas e terminou
outra na terceira colocação.
Segundo o próprio Barrichello,
essa discrepância vem causando
certo mal estar em alguns técnicos
e engenheiros do time, já que a
impressão que fica é que o carro é
muito problemático e que Schumacher é sua única solução.
Um eventual bom resultado do
brasileiro em Barcelona combateria essa opinião e aumentaria o
prestígio do projeto F1-2000.
"O Ross Brawn (diretor técnico
ferrarista) me chamou e disse que
o interesse dele é que meu carro
ande até melhor que o do Schumacher, para mostrar que esse
projeto não é só movido pelo alemão. Para mostrar que tem uma
equipe que trabalha bem forte e
que faz tudo ir para a frente."
A situação paradoxal proposta
pelo engenheiro inglês evidencia
a ciumeira que permeia a F-1.
Mesmo com um piloto líder absoluto do campeonato, a preferência do dirigente no momento é
por um bom resultado de Barrichello. Mesmo que isso não acrescente nada na luta da Ferrari para
sair do jejum de 21 anos sem título
do Mundial de Pilotos.
"Não se trata de querer que ele
(Schumacher) quebre duas vezes,
para ficar a igual a mim. Mas preciso terminar o ano com um nível
de confiabilidade bom. Até agora,
50%, não está legal", afirmou Barrichello, em Barcelona.
Em tom de desabafo, o brasileiro atacou as pessoas que o criticaram pelos dois abandonos.
"Saiu muita coisa no Brasil, gente tentando explicar o meu problema. Sem querer tirar meu corpo da reta, o que posso dizer é que
não tem como um piloto quebrar
um sistema hidráulico", declarou.
"O carro do Schumacher também
quase quebrou no fim do GP da
Inglaterra. Esta segurança eu posso passar para aqueles que gostam de F-1 e que não fazem críticas sem fundamento."
A péssima confiabilidade do segundo carro da Ferrari neste ano
fica ainda mais gritante quando
comparada ao desempenho do
ano passado, mesmo levando em
conta que Eddie Irvine tornou-se
o primeiro piloto com o acidente
de Schumacher em Silverstone.
Em 1999, o irlandês só abandonou 1 das 16 etapas do calendário
-índice de confiabilidade de
93,75%. Das 15 etapas que terminou, só não marcou pontos no GP
da Europa, o que lhe confere um
aproveitamento de 87,5%.
No caso de Barrichello, ambos
os parâmetros são de 50%.
"Estou numa equipe competente. E eles, mais do que qualquer
um, estão insatisfeitos com minhas quebras", disse o brasileiro.
A primeira chance de aproveitar o súbito "favorecimento" na
escuderia italiana será hoje, no
treino oficial para o GP da Espanha, quinta etapa do Mundial.
Amanhã, será vital para Barrichello completar a prova, já que
uma chance como essa pode não
se repetir. Irvine, que correu quatro anos no time, precisou que
Schumacher quebrasse a perna
para receber tratamento igual.
NA TV - Treino oficial, Globo,
ao vivo, a partir das 8h
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