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"Pelé" do pólo aquático disputa sua sexta Olimpíada
GUSTAVO CHACRA
da Reportagem Local
Pouco conhecido no Brasil, o
espanhol Manuel Estiarte é considerado o melhor jogador de pólo
aquático de todos os tempos.
Campeão olímpico nos Jogos de
Atlanta, em 1996, Estiarte, 38, disputará em Sydney a sua sexta
Olimpíada. "Depois disso, encerro a minha carreira", disse o atleta, em entrevista à Folha.
O jogador começou a treinar
pólo aquático aos 11 anos, na cidade de Manresa, na Catalunha.
Medindo 1,74 m, pesando 70 kg
-bem abaixo da média no pólo
aquático- e atuando pela Espanha, país sem nenhuma tradição
na modalidade, Estiarte, aos 18
anos, foi o artilheiro da Olimpíada de Moscou, em 1980.
Superou jogadores mais velhos
e, principalmente, com uma força
física muito superior. As seleções
da Iugoslávia, da Hungria e da
Rússia, países com ampla tradição no pólo aquático, são compostas por atletas de mais de 1,90
m de altura.
Quatro anos mais tarde, em Los
Angeles, Estiarte foi outra vez o
goleador da Olimpíada, feito que
se repetiria em 1988, em Seul, e
em 1992, em Barcelona. Em todas
essas ocasiões, Estiarte atuou todos os minutos de todos os jogos,
algo incomum na modalidade,
que exige muito preparo físico.
Mas a primeira medalha olímpica demorou para chegar. Veio
apenas nos Jogos de Barcelona.
A partida final foi contra a Itália.
A certeza da vitória era tanta que
o rei da Espanha, Juan Carlos, fanático pelo esporte, compareceu à
piscina para assistir à decisão. O
monarca estava incumbido de entregar a medalha aos vencedores.
No segundo dos quatro quartos
de sete minutos, Estiarte perdeu
um pênalti, o primeiro de sua carreira. No último quarto, quando
faltavam 38 segundos para o final
e a partida estava empatada, o juiz
marcou outra penalidade.
Era a chance de garantir o ouro.
Estiarte arremessou e marcou.
Mas a Itália deu a saída e acabou
empatando com apenas 10 segundos para o fim do jogo e provocou
a prorrogação, de dois tempos de
três minutos.
De novo houve um empate, e os
times foram para a segunda prorrogação, que terminou com vitória dos italianos.
"Apesar da derrota, a prata significou a maior conquista espanhola no pólo aquático até aquele
dia", afirmou o jogador.
Estiarte disputou a Olimpíada
seguinte, em Atlanta, já com 34
anos. E a Espanha, então, não era
uma das favoritas ao ouro.
Mas após uma fraca campanha
na primeira fase, a seleção espanhola chegou à final, contra a
Croácia. Mais experientes, em
1996 os espanhóis souberam vencer: 7 a 5. Estiarte não conseguiu
ser artilheiro, mas conquistou finalmente o ouro.
Para esta Olimpíada, ele acredita nas chances da Espanha.
"A partir de 1990, a seleção espanhola cresceu muito. Este ano,
já como uma seleção consagrada,
temos as mesmas chances de
Hungria, Iugoslávia, Croácia,
Rússia e Itália", analisou Estiarte.
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