São Paulo, quarta, 6 de maio de 1998

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A ilustre lista precisa de treino e bom senso

ALBERTO HELENA JR.
da Equipe de Articulistas

Taffarel, Carlos Germano e Dida -um trio previsível, assim como Júnior Baiano, Aldair e Gonçalves, embora o zagueiraço do Flamengo seja um risco, menos pelo seu futebol vigoroso e muito mais por seu temperamento instável.
Já Márcio Santos, no lugar de Cléber, se não chega a ser uma injustiça, pelo que vem jogando o beque campeão do mundo, é, no mínimo, uma surpresa. Nesse caso, valeria a pena levar também Mauro Galvão, em vez de Gonçalves.
Mas isso tudo é cosmético, diante da imprevidência de convocar apenas um lateral-direito (Cafu) e dois esquerdos (Roberto Carlos e Zé Roberto), sobretudo se levarmos em conta que, enquanto Zé Roberto atravessa péssima forma e tem em Leonardo, chamado para o meio-campo, um substituto óbvio, pois foi lateral-esquerdo quase toda a vida, Zé Carlos, pela direita, está tinindo.
Zagallo pode argumentar que Flávio Conceição cumpre eventualmente essa função. Cumpre, mal.
Em contrapartida, lá estamos congestionados de cabeças-de-bagre (ôps, cabeças-de-área) à frente da zaga: Doriva, Dunga, César Sampaio e o próprio Conceição. Para que tantos, se, mais à frente, teremos escassez?
Explico: num estalo, Zagallo resolveu definir Giovanni e Rivaldo como os meias titulares. Está na cara que essa não é uma decisão sua. Por certo, é resultado da tal reunião de anteontem, que o solerte Mário Magalhães nos advertiu ter sido, de fato, uma intervenção do presidente Teixeira.
Mesmo porque Zagallo, na véspera do jogo contra a Argentina, me deixou claro que, para ele, Giovanni era uma possibilidade remota e assim mesmo entre os 22 eleitos.
De repente, Zagallo, não só convoca Giovanni, como ainda por cima lhe dá o título de titular. Nada contra -ao contrário, há tempos venho defendendo tal postura. Mas, certamente, não era a convicção do treinador, que, de súbito, abre mão de um dos seus raros titulares absolutos -Denílson-, para promover Rivaldo.
No mínimo, estranho.
Por fim, o ataque já anunciado repetidamente: Romário, Ronaldo, Bebeto e Edmundo. Ah, a ausência de Muller... Um crime.
Mas não é um desastre, longe disso. Trata-se de uma ilustre lista de jogadores, um grupo capaz de nos trazer o penta, até mesmo com o brilho que faltou no tetra, desde que bem treinado e escalado com critério e bom senso.

Na verdade, o maior problema de nossa seleção não está na escolha dos jogadores, embora a insistência de Zagallo em escalar canhotos incorrigíveis na meia-direita tenha atrasado demais a nossa preparação, tanto que aí está: Giovanni, depois de longo período de hibernação, reaparece, não como um candidato descartável, mas como titular.
Nosso problema maior é a absoluta falta de treinamentos específicos, sobretudo na armação da defesa, na saída de bola do meio-campo e na conexão entre ataque e sistema de armação.
Tudo isso, porém, é reversível. Desde que haja empenho por parte da comissão técnica e dos jogadores. Será?


Alberto Helena Jr. escreve aos domingos, segundas e quartas


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