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JUCA KFOURI
Suspeição total
Escrevo antes da final paulista. Tomara que o húngaro
Sándor Puhl tenha ido bem.
Mas pergunto: é legítimo supor que quem apitou a final
de uma Copa é suspeito de
participar de armações?
E respondo: mais que legítimo, é obrigatório que se desconfie, pois são os que chegam
ao topo os que mais concessões fizeram.
Há exceções, suponho, dado
o meu incorrigível otimismo.
Só que, por exemplo, o brasileiro Romualdo Arpi Filho,
que apitou a final da Copa de
1986, foi afastado anos depois
do quadro da FPF acusado de
ser de esquemas.
Que garantia significou o
húngaro se ele apitou a final
de uma Copa que, sabe-se
agora por meio da revista
"Placar", teve as eliminatórias também manipuladas,
num arranjo entre as cúpulas
da CBF, a Casa Bandida do
Futebol, e a AFA, a Associação Argentina do Futebol?
Dos oito jogos brasileiros
nas eliminatórias, três foram
apitados por argentinos (Losteau, 0 a 0, contra o Equador;
Bava, 1 a 1, contra o Uruguai;
e Lamolina, Brasil 4 a 0 Venezuela) e contra o Equador
houve pelo menos um pênalti
claro de Márcio Santos em
Aguinaga não marcado.
Verdade que só uma vez um
brasileiro apitou jogo argentino nas eliminatórias, contra a
Colômbia, na qual José Aparecido de Oliveira não quis,
segundo contou à "Placar",
favorecer a Argentina.
Pode-se desconfiar que, como aquele foi apenas o terceiro jogo dos argentinos e os
brasileiros falharam, a AFA
foi buscar outra solução.
Mas não resta dúvida que a
Copa de 1994, já marcada por
uma tabela claramente favorável ao Brasil no sentido de
evitar que a seleção encontrasse algum papão antes da
final, está sob suspeição.
'E o que é que não está?',
você pode perguntar, razão
pela qual, antes de responder,
abri a coluna desejando que o
húngaro tenha ido bem.
Agora, a resposta: o trabalho dos repórteres Paulo Vinícius Coelho e Sérgio Ruiz Luz
não permite apenas suspeitar
de que a armação partiu de
quem andou ultimamente se
dizendo "traído" por Ivens
Mendes, o presidente da CBF
Ricardo Teixeira.
A reportagem é simplesmente taxativa a esse respeito:
"Não cumprimos o acordo firmado entre os presidentes Ricardo Teixeira e Julio Grondona, da AFA, e ficamos para
sempre fora dos jogos internacionais", afirmou o bandeirinha Daniel Fernandes.
Será que a Fifa de João Havelange abrirá inquérito?
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