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Em caso de indisciplina, técnico afirma que pode trabalhar só com 21 atletas
Zagallo
ameaça
rebelde
JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
MARCELO DAMATO
ALEXANDRE GIMENEZ
MÁRIO MAGALHÃES
Ozoir-la-Ferrière
O técnico da seleção brasileira,
Mario Zagallo, e o coordenador
técnico Zico fizeram, separadamente, ameaças ao jogador Edmundo, de forma velada.
Ontem, depois do treino da manhã, o atacante disse, por telefone
a uma emissora de rádio do Rio de
Janeiro, que considera estar
"reunindo condições físicas e
técnicas bem melhores" do que as
do titular da posição, Bebeto, já escalado para atuar na estréia do
Brasil na Copa, na quarta-feira,
contra a Escócia. "Quero jogar.
Isso só depende do Zagallo."
Apesar de afirmar que Edmundo
tinha o direito de expressão, Zagallo anunciou ontem que vai expulsar da delegação brasileira
qualquer jogador que cometer um
ato de desordem.
"Se algum jogador cometer
um ato grave de indisciplina, vocês
podem ter certeza de que vão ficar
apenas 21 jogadores na seleção.
Não tenho receio nenhum de ficar
com um jogador a menos. Estou
falando isso para pôr um ponto final nessa discussão."
Ao mesmo tempo, Zico, distante
de Zagallo, dava uma entrevista no
mesmo tom: "Não vou tolerar
tumulto no elenco."
Mas os dois negaram ter dado
importância à declaração de Edmundo na entrevista.
"Ele apenas mostrou a opinião
dele. Eu tenho a minha, que é a que
prevalece. E minha opinião é que o
Bebeto está em melhores condições." O técnico disse até que
aprova a atitude do reserva. "Ele
mostrou que tem vontade de jogar.
É isso que eu espero de todos os
jogadores. Ele só está falando isso
porque está aqui", afirmou, argumentando que a convocação do
jogador se deve ao treinador.
Mas, depois, Zagallo deixou claro por que Edmundo não é seu titular. "O Bebeto é um jogador
tranquilo, com experiência de Copa." A referência é clara. Edmundo é conhecido pelo temperamento explosivo e por ter sido expulso
em todos os clubes brasileiros pelos quais passou: Vasco, Flamengo, Corinthians e Palmeiras.
A entrevista de Edmundo minou
em parte o esforço da comissão
técnica em mostrar que o desentendimento entre Edmundo e Leonardo estava superado.
No domingo, logo após o amistoso contra o Athletic, em Bilbao,
Edmundo reclamou com os colegas que eles não lhe passavam a
bola e em seguida discutiu rispidamente com o meia Leonardo.
O episódio só foi tornado público anteontem. Nessa noite, houve
uma reunião da comissão técnica
para pôr um ponto final no caso,
que acirrou o clima negativo na seleção brasileira, criado com a derrota para Argentina, no final de
abril, e que se transformou em crise com o corte de Romário.
Ontem de manhã, o clima foi
descontraído. Edmundo brincou e
esteve sempre com seus supostos
desafetos: Bebeto, Leonardo e Júnior Baiano.
Tensão
De tarde, o clima era diferente.
Bebeto, o mais atingido pela entrevista do colega, tentou mostrar
que não se importou com o episódio, mas depois não se controlou.
Aos primeiros jornalistas que o
entrevistaram, disse que não se
importava, que só pensava nos
treinos e no grupo. "Eu sempre
venci pelo trabalho. Nunca dependi da mídia." Mas, aos últimos, o
tom era bem diferente: "Eu não
estava na reserva? Ele tem que ter
tranquilidade e paciência."
De fato, ao se apresentar no Brasil, Bebeto, ainda reserva, disse
que tinha muita esperança de jogar. Citou como exemplo a Copa
de 94, quando os zagueiros Aldair
e Márcio Santos entraram no time
com as contusões de Ricardo Gomes e Ricardo Rocha. Agora, Bebeto ascendeu da mesma maneira,
com o corte de Romário.
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