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FUTEBOL
FHC estuda proposta de modificação da Lei Pelé, para impedir que uma empresa administre mais de um clube
Ministério lança projeto de lei anticartel
da Sucursal do Rio
O ministro do Esporte e Turismo, Rafael Greca, já enviou ao presidente Fernando Henrique Cardoso a primeira proposta de alteração da Lei Pelé, que regulamenta
todo o esporte nacional.
A intenção do projeto, encaminhado no final do mês passado, é
evitar, principalmente, a cartelização do futebol brasileiro.
Diz o artigo, ao qual a Folha teve
acesso, que "não poderão participar de uma mesma competição entidades desportivas que forem associadas ou gerenciadas por uma
mesma sociedade anônima, incluindo holdings ou subsidiárias".
Desde o início do ano, empresas
de marketing esportivo estão tentando controlar mais de um clube
de futebol no país.
A Hicks, Muse, Tate & Furst Incorporated, grupo norte-americano que controla o departamento
de futebol do Corinthians, já anunciou que está tentando administrar
outro time do país. No mês passado, a empresa fez uma proposta
oficial ao Flamengo.
O governo teme que as empresas
manipulem resultados das partidas nessas competições.
Caso a proposta do ministro seja
aceita pelo presidente, a Parmalat,
por exemplo, teria que escolher
apenas um clube para administrar.
Atualmente, a multinacional italiana realiza co-gestão com o Palmeiras, em São Paulo, e o Juventude, no Rio Grande do Sul, o que
não será mais permitido, de acordo com advogados consultados
pela Folha.
""Eles (Parmalat) vão ter que modificar seus projetos. Não poderão
ter co-gestão com mais de um clube", disse o advogado Valed Perry,
especialista em direito desportivo.
Segundo a empresa, no entanto,
caso a proposta seja aprovada, ela
não teria que abrir mão do controle de um dos clubes, pois a lei não
seria retroativa. Ou seja, como os
contratos com o Palmeiras e o Juventude teriam sido assinados antes da mudança, os acordos continuariam valendo.
O ministério aguarda para os
próximos dias que o presidente
edite uma Medida Provisória sobre o artigo.
A proposta também foi encaminhada à Secretaria do Direito Econômico do Ministério da Justiça.
De acordo com o ministro, será
incluído um artigo no capítulo que
obriga a transformação dos clubes
em empresas. O texto foi baseado
no inciso 5º do artigo 7 do estatuto
da Fifa, entidade máxima do futebol mundial.
A proposta faz parte de um pacote de alterações que o Indesp (Instituto Nacional de Desenvolvimento do Desporto), órgão executivo do Ministério dos Esportes e
Turismo, está preparando para
mudar a Lei Pelé.
O principal ponto do grupo que
tenta alterar a Lei Pelé é separar o
futebol dos outros esportes brasileiros. A proposta conta com o
apoio do presidente do Indesp,
Manuel Tubino.
Conflito
A iniciativa de Tubino entra em
conflito com a articulação política
feita pelo próprio governo federal
na primeira gestão do presidente
Fernando Henrique Cardoso para
aprovar a Lei Pelé.
A decisão do presidente do Indesp fortaleceu o lobby das entidades esportivas lideradas pelo presidente do COB (Comitê Olímpico
Brasileiro), Carlos Arthur Nuzman, para que a lei separe o futebol
das demais modalidades.
O Indesp também deverá propor
mudanças na Lei Pelé no capítulo
dos bingos. O ministro e o presidente do Indesp são favoráveis.
Existe a possibilidade de as cartelas serem emitidas pela Caixa Econômica Federal, que repassaria a
porcentagem às entidades no momento em que fossem compradas
pelas casas de bingo.
(SÉRGIO RANGEL)
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