São Paulo, quarta-feira, 06 de julho de 2005

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FUTEBOL

Atacante de 30 anos, que teve sucesso imediato ao substituir o contundido Grafite, provoca e irrita os atleticanos

Amoroso rouba cena pela bola e pela boca

Reginaldo Castro/Lancepress
O atacante são-paulino Amoroso, que causou impacto positivo nas semifinais da Libertadores, treina para a partida de hoje à noite


DA REPORTAGEM LOCAL

E DO ENVIADO A CURITIBA

Amoroso chegou ao Morumbi há menos de um mês, mas já se sente em casa. Tão em casa que até rebatizou o estádio são-paulino: "Vai ser Morumtri", declarou, referindo-se a um possível terceiro título do São Paulo na Libertadores. A declaração irritou técnico e jogadores do Atlético-PR.
"Nossos jogadores ficaram sabendo e estão furiosos. Um jogador como o Amoroso não devia proceder assim. Já ficamos sabendo que a diretoria do São Paulo está se preparando para a festa", disse Antônio Lopes, que preferiu não se dar por ofendido. "Tudo bem se eles já estão se achando campeões. Isso será um combustível a mais", afirmou ele.
No Morumbi. Amoroso, 30, já fez os são-paulinos esquecerem Grafite, que, com uma lesão no joelho, só deve retornar aos gramados no próximo ano. Mas, se é querido em São Paulo, em Curitiba Amoroso virou persona non grata. "Tem que respeitar a nossa equipe, mas eles não estão respeitando", declarou o atacante Lima, visivelmente irritado.
Mais tranqüilo, o atacante Aloísio, que deve voltar à equipe após se recuperar de uma lesão na coxa, optou pela diplomacia.
"O Amoroso é um grande jogador, e quem tem boca fala o que quer. Não vai ser isso que vai atingir a nossa disposição."
A contratação de Amoroso foi quase tão rápida quanto sua adaptação ao clube. Poucos dias após perder Grafite, a diretoria decidiu trazer o atleta após indicação do auxiliar Milton Cruz, que o convenceu a não retornar para o futebol da Espanha.
O jogador estava no Málaga, onde não fez uma boa temporada no Campeonato Espanhol, e o seu desejo era voltar ao país.
Na estréia, no primeiro jogo das semifinais contra o River Plate, ele agradou. Atuou bem e reviveu a dupla de ataque que formou no Guarani, nos anos 90, com Luizão. No segundo jogo, foi ainda melhor. Vitória por 3 a 2 na Argentina e seu primeiro gol com a camisa são-paulina.
"Eu só tenho um título nacional na carreira [campeão do Estadual do Rio em 1996, com o Flamengo], e ganhar a Libertadores terá um sabor especial. Estou voltando, e com o título fica mais fácil prorrogar minha permanência no São Paulo", disse o atacante, que viveu sua melhor fase na Europa quando atuou na Alemanha -foi artilheiro e campeão pelo Borussia Dortmund, em 2002.
"Voltei com a mesma vontade de quem está iniciando a carreira", acrescentou o jogador.
"A qualidade técnica dele é excelente. Ele entrou em sintonia rápido porque o grupo é bom", diz o técnico Paulo Autuori.
O volante e zagueiro Cocito, que marcou duramente Kaká em 2001, lembrou que o Atlético-PR não era considerado favorito em nenhum mata-mata e mesmo assim eliminou pesos-pesados como o Santos e o Chivas.
"Não me considero zebra, mas os outros acham que a gente é. Então por mim pode continuar dando zebra", afirmou ele.
Tido como jogador violento, o que ele nega, o ex-corintiano prometeu manter seu estilo de marcação. "Não se ganha no futebol só na técnica. O Milan ganhava de 3 a 0 do Liverpool na Copa dos Campeões e perdeu o título. Faremos de tudo por esse título", disse Cocito. (EDUARDO ARRUDA, TONI ASSIS E MÁRVIO DOS ANJOS)

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