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TÊNIS
Eficiente, talentoso e cheio de manha
RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA
Roger Federer desembarcou
em Londres uma semana
antes da estréia. Com o sorriso característico, disse que se sentia
confiante e animado para buscar
o tri em Wimbledon. Mentira. Em
Roland Garros, havia ido longe,
às semifinais. Saíra cansado do
saibro francês e jogara a semana
inteira na grama alemã em Halle.
Chegava a Londres exausto.
Federer teve um papo sério com
o preparador físico Pierre Paganini. "É normal [cansaço]. Você só
precisa de um tempo. Uma semana fará tudo voltar ao normal."
Quem via de longe nem desconfiava. Antes da final, Federer
também mostrava aquela tranqüilidade familiar. Falava bem
de Roddick, do torneio, da grama,
de tudo. Outra mentira. No fundo, estava ansioso, nervoso. Mas
quem olhava nem suspeitava.
E em quadra, depois que fez 4/3
no terceiro set? Não parecia que
caminhava ao título com a mesma calma de quem vai à sorveteria pegar um picolé? Pois é: mentira, mais uma vez. Federer tremia e começava a ficar nervoso.
Federer, acredite, quase perdeu
o controle. Ali, começou a pensar
em como seria levantar o troféu,
qual seria sua reação no último
ponto, como seria isso, como seria
aquilo. "Não, não, não. Ainda
não acabou", pensou alto.
Só quando fechou o jogo é que o
suíço "liberou geral": fechou os
olhos, cerrou os punhos, se jogou
no chão, rolou, soltou as lágrimas,
mandou beijos, abraçou Roddick.
Na tradicional conversa com a
mídia, um jornalista lembrou a
Federer que ele havia chorado há
pouco e quando ganhou a primeira. "Por que não chorou no bi?",
questionou. "Eu chorei. Vocês é
que não viram", respondeu. "É
bom [não mostrar sentimentos].
É a cara que tem de fazer quando
se joga pôquer", falou, entre risos.
Não bastassem os golpes, os movimentos, a força, agora os adversários têm de se preocupar até
com os "blefes" de Federer. Desse
jeito, Fed-Ex caminha mesmo para ser um jogador perfeito.
"Ele nunca fica se gabando. Trata as pessoas com respeito, seja o
faxineiro ou aquele que serve comida. Diz "por favor" e "obrigado".
Por isso Federer é tão respeitado e
querido no circuito. Não há animosidade contra ele, apesar do
sucesso", revelou Roddick.
"Ele está jogando não contra os
outros tenistas, mas contra a história do tênis, contra os recordes,
contra as estrelas do passado",
definiu Boris Becker.
"Ele me lembra Pete Sampras,
mas com um backhand melhor. É
o jogador mais completo que já
vi", opinou Richard Krajicek.
"Ele é o tenista mais talentoso
de todos os tempos. As pessoas
acham que estou brincando ou
falando por falar. Mas acredito
nisso", afirmou John McEnroe.
"Ele me faz lembrar Rod Laver", diz seu técnico, Tony Roche.
"Ele é capaz de qualquer coisa",
falou, então, o próprio Laver.
"Ele dá show em quadra. É comum ver momentos mágicos em
alguns jogos, mas Federer tem
momentos mágicos em todos",
disse o britânico John Lloyd.
Nas palavras (exatas) de Nick
Bolletieri: "É impossível explicar
como ele faz o que faz".
Em Campos do Jordão
Maior Challenger do país, a Credicard Mastercard Tennis Cup será
disputada de 16 a 30 deste mês no Tênis Clube de Campos do Jordão.
Na primeira semana, jogam as meninas; na segunda, o masculino.
Ótima chance para aproveitar para ver tênis e passear pela cidade.
Em Brasília
São Paulo ganhou o Campeonato Interfederações, no domingo. O
Paraná foi vice. Nesta semana, a capital federal recebe o Campeonato
Brasileiro infanto-juvenil, até domingo, no Clube do Exército e no
Minas Brasília Tênis Clube.
Nos EUA
Alexandre Simoni, lembra dele?, levou o Future de Williamsville.
E-mail: reandaku@uol.com.br
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