São Paulo, quarta-feira, 06 de julho de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TÊNIS

Eficiente, talentoso e cheio de manha

RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA

Roger Federer desembarcou em Londres uma semana antes da estréia. Com o sorriso característico, disse que se sentia confiante e animado para buscar o tri em Wimbledon. Mentira. Em Roland Garros, havia ido longe, às semifinais. Saíra cansado do saibro francês e jogara a semana inteira na grama alemã em Halle. Chegava a Londres exausto.
Federer teve um papo sério com o preparador físico Pierre Paganini. "É normal [cansaço]. Você só precisa de um tempo. Uma semana fará tudo voltar ao normal."
Quem via de longe nem desconfiava. Antes da final, Federer também mostrava aquela tranqüilidade familiar. Falava bem de Roddick, do torneio, da grama, de tudo. Outra mentira. No fundo, estava ansioso, nervoso. Mas quem olhava nem suspeitava.
E em quadra, depois que fez 4/3 no terceiro set? Não parecia que caminhava ao título com a mesma calma de quem vai à sorveteria pegar um picolé? Pois é: mentira, mais uma vez. Federer tremia e começava a ficar nervoso.
Federer, acredite, quase perdeu o controle. Ali, começou a pensar em como seria levantar o troféu, qual seria sua reação no último ponto, como seria isso, como seria aquilo. "Não, não, não. Ainda não acabou", pensou alto.
Só quando fechou o jogo é que o suíço "liberou geral": fechou os olhos, cerrou os punhos, se jogou no chão, rolou, soltou as lágrimas, mandou beijos, abraçou Roddick.
Na tradicional conversa com a mídia, um jornalista lembrou a Federer que ele havia chorado há pouco e quando ganhou a primeira. "Por que não chorou no bi?", questionou. "Eu chorei. Vocês é que não viram", respondeu. "É bom [não mostrar sentimentos]. É a cara que tem de fazer quando se joga pôquer", falou, entre risos.
Não bastassem os golpes, os movimentos, a força, agora os adversários têm de se preocupar até com os "blefes" de Federer. Desse jeito, Fed-Ex caminha mesmo para ser um jogador perfeito.
"Ele nunca fica se gabando. Trata as pessoas com respeito, seja o faxineiro ou aquele que serve comida. Diz "por favor" e "obrigado". Por isso Federer é tão respeitado e querido no circuito. Não há animosidade contra ele, apesar do sucesso", revelou Roddick.
"Ele está jogando não contra os outros tenistas, mas contra a história do tênis, contra os recordes, contra as estrelas do passado", definiu Boris Becker.
"Ele me lembra Pete Sampras, mas com um backhand melhor. É o jogador mais completo que já vi", opinou Richard Krajicek.
"Ele é o tenista mais talentoso de todos os tempos. As pessoas acham que estou brincando ou falando por falar. Mas acredito nisso", afirmou John McEnroe.
"Ele me faz lembrar Rod Laver", diz seu técnico, Tony Roche.
"Ele é capaz de qualquer coisa", falou, então, o próprio Laver.
"Ele dá show em quadra. É comum ver momentos mágicos em alguns jogos, mas Federer tem momentos mágicos em todos", disse o britânico John Lloyd.
Nas palavras (exatas) de Nick Bolletieri: "É impossível explicar como ele faz o que faz".

Em Campos do Jordão
Maior Challenger do país, a Credicard Mastercard Tennis Cup será disputada de 16 a 30 deste mês no Tênis Clube de Campos do Jordão. Na primeira semana, jogam as meninas; na segunda, o masculino. Ótima chance para aproveitar para ver tênis e passear pela cidade.

Em Brasília
São Paulo ganhou o Campeonato Interfederações, no domingo. O Paraná foi vice. Nesta semana, a capital federal recebe o Campeonato Brasileiro infanto-juvenil, até domingo, no Clube do Exército e no Minas Brasília Tênis Clube.

Nos EUA
Alexandre Simoni, lembra dele?, levou o Future de Williamsville.


E-mail: reandaku@uol.com.br

Texto Anterior: Futebol: Advogado de Bosman orienta Robinho
Próximo Texto: Futebol - Tostão: Ser ou não ser campeão
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.