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FUTEBOL
Ser ou não ser campeão
TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA
Após escutar, ler e refletir
sobre as milhares de
opiniões e explicações técnicas e
científicas, desisti da resposta,
se em duas partidas é melhor jogar a primeira em casa ou fora.
Essa questão é mais difícil e profunda do que a do Hamlet, ser ou
não ser.
O Atlético-PR não tem mais essa dúvida. Terá de jogar as duas
partidas fora, sendo uma no campo do adversário. É injusto. Se o
estádio do Atlético-PR é moderno, seguro e tinha condição para
os jogos anteriores da Libertadores, é ilógico não servir para a
partida final, já que seria vendido
o número correto de ingressos.
Mas o regulamento, aceito pelo
Atlético-PR, precisa ser cumprido.
Qualquer time do mundo exigiria
isso, como fez o São Paulo.
Não há dúvidas de que o São
Paulo é melhor e que aumentaram as suas chances com a mudança do local do jogo. Isso não
significa que já é o campeão. Em
dois jogos, em qualquer estádio,
com freqüência aparecem fatores
imprevisíveis e psicológicos que
costumam mudar o resultado das
partidas. Nesse tipo de confronto,
aumenta também a importância
dos treinadores.
Com Paulo Autuori, o ala Júnior tem jogado mais pelo meio e
sido o principal organizador da
equipe. Josué e Mineiro defendem
e atacam bem, mas não são bons
articuladores. Danilo é mais atacante do que armador e tem
atuado mais pela esquerda. Seus
cruzamentos fortes e de curva são
extremamente eficientes.
O Atlético-PR surpreendeu na
Libertadores. A equipe deveria
arriscar, marcar por pressão, sufocar o São Paulo como se jogasse
em seu campo e como fez no primeiro jogo contra o Chivas. Se o
Furacão não vencer, terá poucas
chances no Morumbi.
Os espertos
Antes do Campeonato Brasileiro, escrevi que na décima rodada
estariam definidas as chances de
cada equipe. Esquece! Com tantas
mudanças nos times, desapareceram os parâmetros técnicos.
Se Santos e São Paulo tivessem
atuado completos desde o início,
provavelmente seriam os líderes.
Sem os titulares dessas duas
equipes, o Fluminense teria hoje
chance de ser o primeiro se não tivesse também tido problemas por
causa da Copa do Brasil e da seleção sub-20. Já o Inter, com sua
equipe completa, é, merecidamente, o terceiro na tabela.
Antes do campeonato, houve
uma supervalorização do Cruzeiro. O time tem alguns bons jogadores (Fábio, Maldonado, Maurinho e Fred) e outros apenas razoáveis. Poucos times têm um zagueiro tão fraco como Argel.
Levir Culpi estava também confuso. O time joga com dois volantes muito recuados (um é quase
zagueiro) e dois meias muito
avançados. Além de ficar um vazio no meio-campo, não há um
armador habilidoso, organizador
de jogadas.
O Palmeiras é um dos times
com mais chances de melhorar.
Porém, diferentemente da maioria, não me entusiasmo tanto
com o trio Marcinho, Juninho e
Pedrinho. Parecem os sobrinhos
do Pato Donald ou do Bonamigo.
Os três são bons, habilidosos, mas,
juntos, terão dificuldades, principalmente fora de casa.
Flamengo e Vasco são fortes
candidatos ao rebaixamento. O
Flamengo cometeu 43 faltas contra o Atlético-MG e contratou o
volante Augusto Recife, especialista em fazer faltas. O Atlético-MG está um ponto atrás dos dois
(o Vasco ganhou dois pontos no
tapetão), mas tem mais chances
de crescer.
Fábio Júnior é lento, sem habilidade, porém finaliza bem. Ruim
com ele, pior sem ele.
Com Marques (o melhor do time) na ponta esquerda e Euller
ou Luis Mario na direita, o Atlético-MG só vai fazer gols de pênaltis cavados pelo Euller. Deveriam
atuar os dois mais o Fábio Júnior
pelo centro. O seu reserva, Quirino, é pior.
Fábio Baiano deveria atuar de
ala ou armador pela direita, defendendo e atacando, para aproveitar sua velocidade e os seus ótimos cruzamentos. Mas ele cismou
que é um craque, um pensador no
meio-campo e que todas as bolas
precisam passar por ele. Pior é
que o Tite concorda.
Era esperada a queda do Botafogo. Começou com Paulo César
Gusmão. Mais à frente, vão dizer
que foi por causa de sua saída. O
técnico percebeu, caiu fora e agora foi contratado pelo Cruzeiro.
Muito desconfiam de que já estava tudo combinado quando ele
deixou o Botafogo. O esperto
técnico e os espertos Perrellas negam.
E-mail: tostao.folha@uol.com.br
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