São Paulo, quarta-feira, 06 de julho de 2005

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FUTEBOL

Ser ou não ser campeão

TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA

Após escutar, ler e refletir sobre as milhares de opiniões e explicações técnicas e científicas, desisti da resposta, se em duas partidas é melhor jogar a primeira em casa ou fora. Essa questão é mais difícil e profunda do que a do Hamlet, ser ou não ser.
O Atlético-PR não tem mais essa dúvida. Terá de jogar as duas partidas fora, sendo uma no campo do adversário. É injusto. Se o estádio do Atlético-PR é moderno, seguro e tinha condição para os jogos anteriores da Libertadores, é ilógico não servir para a partida final, já que seria vendido o número correto de ingressos.
Mas o regulamento, aceito pelo Atlético-PR, precisa ser cumprido. Qualquer time do mundo exigiria isso, como fez o São Paulo.
Não há dúvidas de que o São Paulo é melhor e que aumentaram as suas chances com a mudança do local do jogo. Isso não significa que já é o campeão. Em dois jogos, em qualquer estádio, com freqüência aparecem fatores imprevisíveis e psicológicos que costumam mudar o resultado das partidas. Nesse tipo de confronto, aumenta também a importância dos treinadores.
Com Paulo Autuori, o ala Júnior tem jogado mais pelo meio e sido o principal organizador da equipe. Josué e Mineiro defendem e atacam bem, mas não são bons articuladores. Danilo é mais atacante do que armador e tem atuado mais pela esquerda. Seus cruzamentos fortes e de curva são extremamente eficientes.
O Atlético-PR surpreendeu na Libertadores. A equipe deveria arriscar, marcar por pressão, sufocar o São Paulo como se jogasse em seu campo e como fez no primeiro jogo contra o Chivas. Se o Furacão não vencer, terá poucas chances no Morumbi.

Os espertos
Antes do Campeonato Brasileiro, escrevi que na décima rodada estariam definidas as chances de cada equipe. Esquece! Com tantas mudanças nos times, desapareceram os parâmetros técnicos.
Se Santos e São Paulo tivessem atuado completos desde o início, provavelmente seriam os líderes.
Sem os titulares dessas duas equipes, o Fluminense teria hoje chance de ser o primeiro se não tivesse também tido problemas por causa da Copa do Brasil e da seleção sub-20. Já o Inter, com sua equipe completa, é, merecidamente, o terceiro na tabela.
Antes do campeonato, houve uma supervalorização do Cruzeiro. O time tem alguns bons jogadores (Fábio, Maldonado, Maurinho e Fred) e outros apenas razoáveis. Poucos times têm um zagueiro tão fraco como Argel.
Levir Culpi estava também confuso. O time joga com dois volantes muito recuados (um é quase zagueiro) e dois meias muito avançados. Além de ficar um vazio no meio-campo, não há um armador habilidoso, organizador de jogadas.
O Palmeiras é um dos times com mais chances de melhorar. Porém, diferentemente da maioria, não me entusiasmo tanto com o trio Marcinho, Juninho e Pedrinho. Parecem os sobrinhos do Pato Donald ou do Bonamigo. Os três são bons, habilidosos, mas, juntos, terão dificuldades, principalmente fora de casa.
Flamengo e Vasco são fortes candidatos ao rebaixamento. O Flamengo cometeu 43 faltas contra o Atlético-MG e contratou o volante Augusto Recife, especialista em fazer faltas. O Atlético-MG está um ponto atrás dos dois (o Vasco ganhou dois pontos no tapetão), mas tem mais chances de crescer.
Fábio Júnior é lento, sem habilidade, porém finaliza bem. Ruim com ele, pior sem ele.
Com Marques (o melhor do time) na ponta esquerda e Euller ou Luis Mario na direita, o Atlético-MG só vai fazer gols de pênaltis cavados pelo Euller. Deveriam atuar os dois mais o Fábio Júnior pelo centro. O seu reserva, Quirino, é pior.
Fábio Baiano deveria atuar de ala ou armador pela direita, defendendo e atacando, para aproveitar sua velocidade e os seus ótimos cruzamentos. Mas ele cismou que é um craque, um pensador no meio-campo e que todas as bolas precisam passar por ele. Pior é que o Tite concorda.
Era esperada a queda do Botafogo. Começou com Paulo César Gusmão. Mais à frente, vão dizer que foi por causa de sua saída. O técnico percebeu, caiu fora e agora foi contratado pelo Cruzeiro. Muito desconfiam de que já estava tudo combinado quando ele deixou o Botafogo. O esperto técnico e os espertos Perrellas negam.


E-mail: tostao.folha@uol.com.br

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