|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Hoje, TV rende mais que atletas aos clubes
Auditoria esmiuça balanços dos 21 times que mais arrecadaram em 2006
Venda de jogadores virou a segunda fonte de dinheiro para as equipes de futebol, mas ainda é vital para evitar rombos maiores nos cofres
RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC
Os principais clubes brasileiros estão mais dependentes da
TV e lucram menos com a venda de jogadores. E quase todos
acumulam dívidas maiores do
que seus patrimônios líqüidos.
Os dados que revelam o tamanho do buraco das maiores
equipes do país estão em um
estudo feito pela Casual Auditores e apresentado na Federação Paulista de Futebol.
Especializada em balanços
de clubes, ela esmiuçou as contas das 21 agremiações com
mais receitas no ano passado.
Concluiu que a transferência
de atletas deixou de ser a principal fonte de ganhos, perdendo para as cotas de TV.
Em 2006, o dinheiro das
transmissões representou 29%
do que os clubes arrecadaram,
um crescimento de três pontos
percentuais em relação a 2005.
Ao mesmo tempo, a arrecadação com a venda de jogadores caiu oito pontos de um ano
para o outro: 23% contra 31%.
"Isso mostra a dificuldade
dos dirigentes em gerar receitas", afirmou Amir Somoggi,
analista da Casual.
Mesmo com a redução no
montante obtido com as negociações, desfazer-se de seus jogadores continua vital para as
equipes evitarem rombos ainda
maiores. Excluindo o Barueri
(16ª maior arrecadação), todos
os 21 pesquisados teriam apresentado déficit se não vendessem seus destaques.
O São Paulo, dono da melhor
arrecadação em 2006, com R$
122,9 milhões, teve um superávit de R$ 3,2 milhões. Mas, caso
não tivesse se desfeito de atletas, o clube do Morumbi teria
fechado o ano com um prejuízo
de R$ 19,3 milhões.
Quem puxa a fila dos mais
dependentes de venda é o Atlético-PR, com 47% de seus recursos provenientes disso.
Esse percentual, entretanto,
é bem menor do que o do campeão de vendas em 2005, o Santos, quando a saída de talentos
representou 69% da receita -a
principal transação foi a de Robinho com o Real Madrid.
Já em 2006, foi justamente o
Santos, entre os clubes paulistas, quem mais aumentou a sua
dependência em relação à TV.
Recebeu R$ 22 milhões, contra
R$ 19 milhões em 2005.
Os corintianos, que dividem
as melhores cotas com o Flamengo, ficaram em segundo lugar no ranking das receitas de
TV, atrás do São Paulo. Faturaram R$ 22,35 milhões, contra
R$ 27,78 milhões do rival.
Outro dado alarmante do estudo da auditoria: a maioria dos
clubes teve seu patrimônio líqüido -resultado da subtração
entre ativo e passivo- diminuído. Apenas 6 dos 21 clubes estudados (São Paulo, Atlético-PR,
Cruzeiro, Atlético-MG, Botafogo e Paraná) apresentaram
crescimento nesse índice.
Mas até a situação do clube
que menos comprometeu o seu
patrimônio, o Atlético-PR, não
é das mais confortáveis. Pelo
estudo, os débitos do time correspondem a 49% de seus recursos. Na outra ponta,está o
Vasco, com um grau de endividamento em 2006 de 14.620%.
Colaborou PAULO GALDIERI,
da Reportagem Local
Texto Anterior: Olimpíadas: Primeiros jogos juvenis serão em 2010 Próximo Texto: Fábio Seixas: Sobre sol e peneira Índice
|