São Paulo, sexta-feira, 06 de julho de 2007

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XICO SÁ

Ufa, vem aí a Terceirona


Em todo time, mesmo o mais cheio de beques, sempre tem um menino abusado, dublê de Robinho pra fazer a alegria


AMIGO TORCEDOR , amigo secador, nunca esperei tanto que começasse a Terceirona do Brasileiro, meu certame predileto, reserva moral e estética do ludopédio de verdade. Depois que vi Brasil x Equador, então, estou aqui contando as horas para que entrem em campo, amanhã, na abertura da temporada, Jaciara x Vila Nova, Jaruense x Rio Branco, América x Tupi, grande clássico mineiroca, ali onde o Rio e as Gerais falam os mesmos dois dedos de prosa.
Não está sendo fácil, só mesmo um doente sem cura, mais que um tarado obsessivo, para suportar os jogos da Série A, o pior torneio desde que os bárbaros praticaram a primeira vez o futebol com as cabeças dos inimigos, desde que a bola se fez redonda e a terra azulada, desde que o maluco do Charles Miller organizou o primeiro Casados x Solteiros destas plagas, desde os primórdios da humanidade, desde o Fiat lux.
Outro dia, num Santos 0 x 0 Grêmio, meu vira-lata Fio Maravilha saltou pela janela, de tanta ruindade dos dois times. Esse jogo é apenas um exemplo do insuportável, dos jogos suicidas, nova tendência do país pentacampeão. Poderia citar quase todas as pelejas, Fluminense 0 x 0 Paraná, meu Deus, São Paulo 1 x 0 Inter, minha Nossa Senhora do Morumba. Fora o Botafogo, anda todo mundo igual ao América natalense do meu amigo Fialho, mesma coisa.
Não vejo a hora de amanhecer logo, para que entrem em cena Itapipoca x River, Confiança x Bahia, Juventus x Democrata, no coração da Mooca, Jaguaré x Guarani, time do chapa Edgard, não o meu bravo corvo, falo do Edgard Picoli, o boa-praça, aquele rapaz que todos queríamos como cunhado no churrasco de domingo, agora passa a picanha, que a cerva nunca esteve tão gelada.
Sim, a Série B tem o seu encanto, os jogos têm sido, sem exceção, todos melhores do que os embates da elite, com destaque para as atuações do Vitória em casa. No Barradão, Índio e companhia fazem misérias, é goleada garantida. Sem a mínima dúvida, asseguro, o melhor jogo do ano foi aquele 4 a 0 do rubro-negro de todos os orixás, salve, salve, contra a Ponte. E a Macaca, apesar do exagero numérico, jogou também o fino da bola, com nove em campo.
Mas não vejo a hora mesmo é de voltar a ver o meu Icasa, de Juazeiro, onde vivi os verdes anos, o Icasa que pega o Porto de Caruaru para embalar rumo a Tóquio. Na mesma chave, o Atlético de Cajazeiras (PB) e o Potiguar, conhecido em Mossoró -a única terra em que Lampião saiu corrido- como o "time macho".
Em tempos de dunguices e mais concentração de volantes do que na época do cangaço, a Terceirona é a melhor forma de resgatar a magia ludopédica. E em todo time, mesmo o mais cheio de trombadores e beques de fazenda, sempre tem um menino abusado, um dublê de Robinho pra fazer a alegria da cidade.

O melhor da TV
O mais divertido da semana foi ver e ouvir a dupla José Trajano e Celso Unzelte, diante de um incrédulo Dudu, torcedor do Tupi, entoando o clássico "Biquíni de Bolinha Amarelinha". Não entendi nada, só sei que Trajano, naquela manhã, não queria falar da seleção. Coisas que só acontecem no "Pontapé Inicial" da ESPN Brasil.

xico.folha@uol.com.br


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