|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Bem loucos
Crescido no meio de artistas na Holanda, Van Persie dribla o desejo dos pais para jogar bola
DOS ENVIADOS À CIDADE DO CABO
O futebol nunca foi o caminho que os pais do atacante
holandês Robin van Persie,
26, sonharam para o filho.
Não que eles fossem milionários ou tivessem algum
preconceito contra o esporte,
mas porque sonhavam com o
único filho homem trabalhando em um ateliê.
Van Persie, uma das armas
holandesas contra o Uruguai, cresceu no meio de artistas. Seu pai é um escultor
que usa jornais velhos e outros materiais descartáveis
em suas obras. A mãe é pintora, designer de joias e ainda
professora de artes para
crianças excepcionais.
Tudo isso em Kralingen,
um bairro de Roterdã que já
foi território hippie, como
eram os pais do atacante, e é
hoje um caldeirão étnico.
O contato com o mundo
das artes ficou ainda maior
quando os pais de Van Persie
se separaram e ele foi morar
com o pai, num misto de casa
e ateliê frequentado por artistas de Roterdã.
O incentivo para que o hoje atacante seguisse o caminho dos pais acabou, segundo ele, ajudando no futebol.
"Quando era mais jovem,
meus pais me encorajavam a
ser criativo, a pintar e a jogar
jogos que expandissem minha mente. Eles queriam que
eu fosse um indivíduo", diz o
astro do Arsenal, que mede
1,84 m, à imprensa inglesa.
Van Persie, no entanto, diz
que o que faz com os pés tem
mais a ver com o que aprendeu nas ruas cheias de imigrantes de Kralingen do que
com os pincéis dos pais.
"Meu pé esquerdo definitivamente é das ruas. Futebol
também pode ser arte. Quando estou jogando, posso sentir o barulho, as cores de um
grande clube, de um estádio.
É lindo", declara o atacante,
que na carreira profissional
tem como marca a rebeldia
de muitos artistas.
Van Persie, que, quando
criança, acumulava problemas disciplinares na escola,
tem um histórico de desavenças nos times que defende.
A última delas aconteceu
nesta Copa do Mundo, quando reclamou de ter sido substituído pelo treinador Bert
van Marwijk na partida contra a Eslováquia, nas oitavas,
causando um princípio de
crise na seleção de seu país.
O atleta, por sinal, ainda
não demonstrou faro de artilheiro no Mundial. Em cinco
jogos, fez só um gol.
(MARTÍN FERNANDEZ E PAULO COBOS)
Texto Anterior: Paulo Vinicius Coelho: Respeito celeste Próximo Texto: Bem loucos: Loco Abreu Índice
|