São Paulo, terça-feira, 06 de julho de 2010

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Bem loucos

Crescido no meio de artistas na Holanda, Van Persie dribla o desejo dos pais para jogar bola

DOS ENVIADOS À CIDADE DO CABO

O futebol nunca foi o caminho que os pais do atacante holandês Robin van Persie, 26, sonharam para o filho.
Não que eles fossem milionários ou tivessem algum preconceito contra o esporte, mas porque sonhavam com o único filho homem trabalhando em um ateliê.
Van Persie, uma das armas holandesas contra o Uruguai, cresceu no meio de artistas. Seu pai é um escultor que usa jornais velhos e outros materiais descartáveis em suas obras. A mãe é pintora, designer de joias e ainda professora de artes para crianças excepcionais.
Tudo isso em Kralingen, um bairro de Roterdã que já foi território hippie, como eram os pais do atacante, e é hoje um caldeirão étnico.
O contato com o mundo das artes ficou ainda maior quando os pais de Van Persie se separaram e ele foi morar com o pai, num misto de casa e ateliê frequentado por artistas de Roterdã.
O incentivo para que o hoje atacante seguisse o caminho dos pais acabou, segundo ele, ajudando no futebol.
"Quando era mais jovem, meus pais me encorajavam a ser criativo, a pintar e a jogar jogos que expandissem minha mente. Eles queriam que eu fosse um indivíduo", diz o astro do Arsenal, que mede 1,84 m, à imprensa inglesa.
Van Persie, no entanto, diz que o que faz com os pés tem mais a ver com o que aprendeu nas ruas cheias de imigrantes de Kralingen do que com os pincéis dos pais.
"Meu pé esquerdo definitivamente é das ruas. Futebol também pode ser arte. Quando estou jogando, posso sentir o barulho, as cores de um grande clube, de um estádio. É lindo", declara o atacante, que na carreira profissional tem como marca a rebeldia de muitos artistas.
Van Persie, que, quando criança, acumulava problemas disciplinares na escola, tem um histórico de desavenças nos times que defende.
A última delas aconteceu nesta Copa do Mundo, quando reclamou de ter sido substituído pelo treinador Bert van Marwijk na partida contra a Eslováquia, nas oitavas, causando um princípio de crise na seleção de seu país.
O atleta, por sinal, ainda não demonstrou faro de artilheiro no Mundial. Em cinco jogos, fez só um gol.
(MARTÍN FERNANDEZ E PAULO COBOS)


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