São Paulo, terça-feira, 06 de julho de 2010

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PAULO VINICIUS COELHO

Respeito celeste


Em 1974, o mundo conheceu o Carrossel e descobriu que o Uruguai estava saindo da elite


ENFRENTAR A Holanda traz boa lembrança para o Uruguai. São quatro confrontos e três vitórias da Celeste, todas em campanhas de títulos. Em 1924 e 1928, nas duas Olimpíadas vencidas. Em 1981, Ramos e Victorino fizeram os gols nos 2 a 0 que abriram a caminhada para o título do Mundialito, torneio disputado em Montevidéu para lembrar os 50 anos da primeira Copa do Mundo.
Mauricio Victorino, titular da zaga uruguaia hoje à tarde, é sobrinho do velho centroavante Waldemar Victorino, autor de um dos gols da última vitória do Uruguai sobre a Holanda.
A história em Copas do Mundo é um pouco diferente. O único encontro aconteceu na estreia das duas seleções no Mundial de 1974. Um atropelamento, como costuma relatar o antigo meia-armador Pedro Rocha: "Os holandeses vinham de todos os lados, não sabíamos como marcá-los". Pablo Forlán, pai do atacante Diego Forlán, foi uma das vítimas daquela equipe uruguaia. Era lateral direito na partida em que Rep marcou duas vezes e a Holanda ganhou por 2 a 0.
Naquele 15 de junho de 1974, o mundo conheceu o Carrossel e descobriu que o Uruguai estava saindo da elite do futebol. Em 1970, os uruguaios fizeram uma das semifinais da Copa contra o Brasil. Perderam por 3 a 1, caíram na decisão do terceiro lugar contra a Alemanha e voltaram a campo quatro anos mais tarde, contra a Holanda, na partida que mudou o destino dos dois países. Os holandeses ganharam o respeito que os uruguaios perderam a partir daquele dia.
Em campo, a Holanda continua dando motivos para ser mais respeitada. É o único classificado para as semifinais com 100% de aproveitamento. Está invicta há 24 jogos, a maior série sem derrotas da Laranja. Mérito da comissão técnica formada por Bert van Marwijk e seu auxiliar, Frank de Boer.
De Boer, em holandês, significa "o fazendeiro". Eram chamados assim, bôeres, os colonizadores holandeses que espalharam terror e dividiram a África do Sul entre brancos e negros. Frank de Boer não tem nada a ver com isso, mas seria uma ironia do destino ver um "Boer" vencer a Copa em plena África pós-apartheid. Na Cidade do Cabo, um pouco do respeito uruguaio se deve à boa campanha na Copa. E, outra parte, ao fato de serem adversários dos velhos colonizadores da África do Sul.

pvc@uol.com.br


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