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Rodada de hoje promove a estréia do baixo clero da Copa JH
Módulos Amarelo, Verde e Branco iniciam participação no Nacional, extrapolando o gigantismo de sua 1ª década
Com mais 50, Brasileiro volta aos 70
FÁBIO VICTOR
DA REPORTAGEM LOCAL
A Copa João Havelange começou na semana passada, mas a rodada que tem o seu ponto alto hoje simboliza a verdadeira abertura
do torneio -ou pelo menos a que
tem a sua cara.
Afinal, é nesta tarde que vai a
campo pela primeira vez boa parte das equipes dos Módulos Amarelo (correspondente à segunda
divisão), Verde e Branco (ambos
terceira divisão), que representam 78% do total de participantes
do Campeonato Nacional mais
inchado da história.
São 116 clubes, divididos em
quatro módulos. A primeira divisão, codinome Módulo Azul, reúne 25 times. O Módulo Amarelo,
36, e os Verde e Branco, 55.
O diferencial em relação aos últimos anos -e que faz das quatro
divisões um único torneio- é
que todos os 116, embora com
probabilidades distintas, podem
ser campeões.
Para a segunda fase se classificam 16 equipes, sendo 12 do Módulo azul, três do Amarelo e uma
dos Verde e Branco.
Enquanto a rodada de hoje do
grupo de elite tem apenas sete
partidas programadas, o domingo do baixo clero terá 25 jogos,
envolvendo 50 times.
Isso porque 39 deles ainda
aguardam a sua vez de estrear
-os sul-matogrossenses Comercial e Operário, que completam a
lista dos 91 "pequenos", já se enfrentaram, anteontem à noite.
Esse amontoado de equipes,
que remonta aos "Brasileirões"
dos anos 70, quando a política ditava o número de participantes, é,
como no passado, consequência
da desordem da cúpula dirigente
do futebol nacional.
A Copa JH é fruto de uma batalha de tribunais travada entre o
Gama e a dupla CBF-Clube dos
13, que pôs em risco a realização
do Brasileiro-2000, seguida de
uma virada de mesa que acabou
por inchar o torneio.
Vendo por outro lado, pelo prisma dos que têm saudade dos
enormes Nacionais organizados
pelo almirante Heleno Nunes, a
rodada de hoje é um prato cheio.
Clássicos regionais aos borbotões, equipes folclóricas dos rincões mais distantes e "gols da rodada" de duração interminável.
É a chance, por exemplo, de ver
em ação, nem que seja por segundos, o lendário ASA de Arapiraca
(AL), citado por Chico Buarque e
Francis Hime como referência de
eterno perdedor (na canção "E
Se", de 1980, que diz, como algo
impossível de acontecer: "E se o
Arapiraca for campeão").
Eufórico com a inédita conquista, este ano, do Campeonato Alagoano, sobre o CSA, o presidente
do ASA, Luciano Machado, tem
planos ambiciosos para a disputa
do Módulo Verde.
Questionado se pensava em brigar pelo título, o dirigente não titubeou: "Olhe, estamos montando uma equipe para isso".
Ele diz que, após o surpreendente título, cobrará uma retratação dos compositores. "Estou esperando que eles (Chico e Hime)
mudem a música", brinca.
Um bar de Arapiraca se deu
mal. Até julho, quando o ASA foi
campeão, tinha pendurada na parede uma placa com a inscrição:
"Só vendo fiado quando o ASA
for campeão".
"Agora ele (o dono do bar) está
lascado", diverte-se Machado.
Como os saudosos dos anos 70,
o dirigente só vê vantagens na Copa JH. "É o único Brasileiro que
ajuda financeiramente os clubes
da terceira divisão", afirma, se referindo aos R$ 2.000,00 para custear hospedagens nos jogos em
que o time é visitante.
Se a cidade ficar numa distância
de até 400 km, o Clube dos 13,
promotor do torneio, pagará ainda um ônibus leito; se ultrapassar
isso, as equipes receberão 23 passagens de avião.
Outro que comemora é o presidente do Central de Caruaru (PE),
Leonardo Chaves, que apresenta,
no entanto, outros motivos.
"Tem que acabar com essa história de que futebol no Brasil é só
São Paulo, Rio, Minas e Rio Grande do Sul. Craque tem em todo o
lugar. Um campeonato desses,
embora financeiramente não seja
muito importante, dá oportunidade de todos os clubes do país
participarem", diz ele, cuja equipe
disputará o Módulo Verde.
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