São Paulo, terça-feira, 06 de agosto de 2002

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BASQUETE

Indy 1

MELCHIADES FILHO
EDITOR DE ESPORTE

O Brasil estréia no dia 29 contra uma seleção baixa, tão fraca que a federação nacional chegou a apelar à internet à procura de reforços.
A rigor, o Líbano possui somente um jogador "digno" de um Mundial: o ala Fadi El Katib, 23, 1,96 m, cestinha do Asiático, bom no drible e excelente em arremessos rápidos ("catch and shoot").
No grupo que disputou o Asiático de 2001, havia apenas um atleta com mais de 2 metros. E, de novo, o trabalho sujo do garrafão repousará nos ombros do norte-americano naturalizado Joseph Vogel, pivô letárgico de 2,10 m.
A campanha no qualificatório surpreendeu a crítica. Afinal, foi só por causa de um erro de arbitragem que os libaneses bateram os Emirados Árabes Unidos e avançaram à segunda rodada.
Mas, açulado pelo folclórico norte-americano Johnny Neumann, o time embalou, atropelando nas rodadas seguintes as potências continentais Japão e Coréia do Sul. O técnico agora terá a recompensa pela aventura quixotesca: voltará a Indianápolis, cujo time defendeu na extinta ABA e na NBA nos anos 70.
No dia 30, a equipe de Hélio Rubens pega uma das sensações do basquete internacional em 2001.
Catapultada pela fanática torcida, a Turquia arrancou à final do Campeonato Europeu. Deixou pelo caminho forças como Espanha, Croácia e Alemanha e só parou diante da todo-poderosa Iugoslávia. Foi a melhor colocação dos turcos na competição -e, mais importante, sua primeira classificação para um Mundial.
A seleção levará como base atletas altos e versáteis. Três têm passagens pela NBA: Hidayet Turkoglu (2,03 m, Sacramento), Mehmet Okur (2,10 m, Detroit) e Mirsad Turkcan (2,05 m, ex-Milwaukee). Há ainda o ótimo alinha Ibrahim Kutluay, 1,98 m, campeão da Euroliga pelo Panathinaikos (Grécia) e talvez o melhor arremessador da Europa.
Foi sorte o Brasil ter enfrentado os turcos -e vencido os dois confrontos- antes do Mundial. Os reveses no torneio de Istambul, semana passada, deixaram o oponente em crise. O técnico Aydin Ors já questiona a convocação de estrelas. De todo modo, o time não poderá ser subestimado.
No dia 31, o Brasil se depara com um rival histórico, que, à semelhança dos brasileiros, busca gradualmente recuperar a competitividade na América Latina.
A fórmula dos porto-riquenhos é a mesma adotada por Hélio Rubens: combinar jovens talentos com veteranos bem rodados. Mas com uma nuance importante: os caribenhos têm mais experiência no basquete norte-americano, o mais competitivo do planeta.
Assim, estarão em Indianápolis o legendário pivô José "Piculín" Ortiz, 38, ex-Utah, o pivô Daniel Santiago, 25, ex-Phoenix, e o hábil armador Carlos Arroyo, 23, futuro colega de Nenê no Denver.
Mas o sonho de redenção pode ser minado pela bagunça administrativa. O Nacional termina duas semanas antes do Mundial. O time só treinará dez dias. Para piorar, parece que o treinador Júlio Toro adoeceu e pode nem viajar (tomara que não chamem o Flor Melendez, que conhece bem o basquete hélio-rubensiano...).
Estas serão as três primeiras partidas. Para ter chances de progredir no Mundial, o Brasil precisa vencer duas. É que os rivais do segundo "round" da fase classificatória serão mais difíceis. Na semana que vem, o raio X deles.

Pré-Mundial 1
O Brasil levou o bronze. Mas atenção: 1) A Turquia não usou dois titulares (Turkcan e Kutluay) no jogo final; 2) Angola e China têm times frágeis -e, ainda assim, os africanos caíram só na prorrogação; 3) A seleção perdeu para outro rival do Mundial, o Canadá.

Pré-Mundial 2
Mas há aspectos animadores: 1) O Brasil também não contou com dois titulares (Demétrius e Nenê); 2) Parece ter voltado à forma nos tiros de três pontos (49%), com destaque para Marcelinho (56%); 3) A equipe teve três entre os dez principais reboteiros -Guilherme (7,8, o melhor da competição), Anderson e Sandro Varejão.

Pré-Mundial 3
Hélio Rubens rodou bastante o elenco. Ninguém atuou 30 minutos por jogo. Renato, Michel e Alex, que foram a Istambul, e Luís Fernando e Splitter disputam as duas últimas vagas em Indianápolis.

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