São Paulo, sexta-feira, 06 de setembro de 2002

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BOXE

O gênio

EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma das perguntas mais comuns que ouço dos fãs do boxe é: "Onde está Roy Jones Jr.?".
Claro, com o pugilismo relegado a segundo plano pelas TVs brasileiras, é compreensível o público nacional estar curioso sobre o paradeiro do americano campeão unificado dos meio-pesados.
Mas o fato é que nem mesmo nos EUA Roy Jones Jr., que em termos de talento talvez seja o melhor pugilista da atualidade, é conhecido pelo grande público.
(Em certo sentido, Roy Jones Jr. é refém de sua habilidade, pois é tão superior à concorrência que a chance de participar de lutas competitivas é muito pequena.)
Aliás, nem mesmo uma recente (e breve) parceria com Bob Arum, da firma promotora de lutas Top Rank, mudou esse cenário.
A última vez que Roy Jones Jr. lutou em Las Vegas, a capital do boxe internacional e onde os maiores "nomes" se apresentam, foi em 1994, quando enfrentou James "Lights Out" Toney. Depois, lutou na maior parte das vezes em locais sem tanta tradição, termômetro de sua (pouca) popularidade: Pensacola, Jacksonville, Tampa, Ledyard, Biloxi, Indianápolis, Nova Orleans e, menos mau, Los Angeles e Nova York. Amanhã, ele defende os seus cinturões em Portland, onde está a sede da Nike, sua patrocinadora.
O adversário é o britânico Clinton Woods, azarão em 100 por 1.
E por que não? Embora seja o desafiante oficial pelo CMB, Woods é medíocre. Isso ficou claro em luta contra o compatriota Ali Forbes (que foi exibida no Brasil). E quem perdeu para o limitado David Starie não pode nutrir muitas expectativas.
Não parece justo o modo como a carreira de Roy Jones se desenvolve, pois ele é um gênio. Afinal, é ou não genialidade o fato de o americano, com os braços atrás das costas, dar um show de esquivas e, partindo dessa posição, nocautear o rival (pena que só momentos dessa luta, contra Glen Kelly, foram exibidos no Brasil)?
Tal habilidade, aliada ao fato de Roy Jones Jr. ter "limpado sua categoria", faz com que os adversários mais atraentes estejam nas categorias de cima ou de baixo, como o campeão unificado dos médios Bernard Hopkins e os campeões da OMB Joe Calzague (supermédio) e Dariusz Michalczewski (meio-pesado). Nesta semana, Jones Jr. reafirmou que gostaria de lutar com o campeão dos pesados da AMB, John Ruiz. Mas parece ser só papo-furado.

Ainda falando sobre Roy Jones Jr., uma prova de que há futuro após enfrentá-lo (diferentemente do que ocorria com quem desafiava outros campeões dominantes como Tyson) é o canadense Eric Lucas, a quem o americano bateu em 1996. Jones pareceu poupar o oponente até o 12º assalto, como que para provar o valor do adversário. É que o campeão havia sido criticado por ter aceitado aquela luta, mas o fato é que no momento em que mostrou algum empenho, encerrou-o com facilidade.
(Para pôr aquela performance em perspectiva, é só lembrar que horas antes da luta, Roy Jones Jr. tomou parte em um jogo de basquete de uma liga independente.)
Pois bem, Lucas recuperou-se, conquistou em 2001 o cinturão dos supermédios do CMB, e hoje faz a terceira defesa do cinturão, contra Omar Sheika (a ESPN International exibe VT às 22h30 da próxima sexta). O combate, ao menos no papel, é equilibrado.

Mesquita x Chop Chop
O meio-médio-ligeiro brasileiro Antonio Mesquita Jr. disputará o título da Organização Mundial de Boxe contra o campeão, Demarcus "Chop Chop" Corley, e inclusive já teria assinado contrato para a luta, segundo informou a esta coluna Félix "Tuto" Zabala Jr., diretor de boxe da Don King Productions, que promove os pugilistas. O manager de Mesquita e Xuxa, Mauro Katzenelson, confirma a informação. Zabala explicou que a idéia é que o combate aconteça entre as duas primeiras semanas de dezembro ("para não ficar muito perto dos festejos do Natal") e que planeja visitar o Brasil em breve para tentar viabilizar sua realização no país. Para o amigo de Mesquita, o leve Edson do Nascimento, o Xuxa, outro contratado da Don King Productions, a empresa atua no sentido de garantir a ele uma disputa pelo título interino da Associação Mundial de Boxe (provavelmente contra Gilberto Serrano) ou da OMB. Enquanto esperam pela definição de suas situações, Mesquita e Xuxa, que nesta semana voltam ao país, devem passar a treinar na Venezuela.

E-mail eohata@folhasp.com.br



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