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BOXE
O gênio
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma das perguntas mais comuns que ouço dos fãs do
boxe é: "Onde está Roy Jones Jr.?".
Claro, com o pugilismo relegado a segundo plano pelas TVs
brasileiras, é compreensível o público nacional estar curioso sobre
o paradeiro do americano campeão unificado dos meio-pesados.
Mas o fato é que nem mesmo
nos EUA Roy Jones Jr., que em
termos de talento talvez seja o
melhor pugilista da atualidade, é
conhecido pelo grande público.
(Em certo sentido, Roy Jones Jr.
é refém de sua habilidade, pois é
tão superior à concorrência que a
chance de participar de lutas
competitivas é muito pequena.)
Aliás, nem mesmo uma recente
(e breve) parceria com Bob Arum,
da firma promotora de lutas Top
Rank, mudou esse cenário.
A última vez que Roy Jones Jr.
lutou em Las Vegas, a capital do
boxe internacional e onde os
maiores "nomes" se apresentam,
foi em 1994, quando enfrentou James "Lights Out" Toney. Depois,
lutou na maior parte das vezes
em locais sem tanta tradição, termômetro de sua (pouca) popularidade: Pensacola, Jacksonville,
Tampa, Ledyard, Biloxi, Indianápolis, Nova Orleans e, menos
mau, Los Angeles e Nova York.
Amanhã, ele defende os seus cinturões em Portland, onde está a
sede da Nike, sua patrocinadora.
O adversário é o britânico Clinton Woods, azarão em 100 por 1.
E por que não? Embora seja o
desafiante oficial pelo CMB,
Woods é medíocre. Isso ficou claro em luta contra o compatriota
Ali Forbes (que foi exibida no
Brasil). E quem perdeu para o limitado David Starie não pode
nutrir muitas expectativas.
Não parece justo o modo como
a carreira de Roy Jones se desenvolve, pois ele é um gênio. Afinal,
é ou não genialidade o fato de o
americano, com os braços atrás
das costas, dar um show de esquivas e, partindo dessa posição, nocautear o rival (pena que só momentos dessa luta, contra Glen
Kelly, foram exibidos no Brasil)?
Tal habilidade, aliada ao fato
de Roy Jones Jr. ter "limpado sua
categoria", faz com que os adversários mais atraentes estejam nas
categorias de cima ou de baixo,
como o campeão unificado dos
médios Bernard Hopkins e os
campeões da OMB Joe Calzague
(supermédio) e Dariusz Michalczewski (meio-pesado). Nesta semana, Jones Jr. reafirmou que
gostaria de lutar com o campeão
dos pesados da AMB, John Ruiz.
Mas parece ser só papo-furado.
Ainda falando sobre Roy Jones
Jr., uma prova de que há futuro
após enfrentá-lo (diferentemente
do que ocorria com quem desafiava outros campeões dominantes
como Tyson) é o canadense Eric
Lucas, a quem o americano bateu
em 1996. Jones pareceu poupar o
oponente até o 12º assalto, como
que para provar o valor do adversário. É que o campeão havia sido
criticado por ter aceitado aquela
luta, mas o fato é que no momento em que mostrou algum empenho, encerrou-o com facilidade.
(Para pôr aquela performance
em perspectiva, é só lembrar que
horas antes da luta, Roy Jones Jr.
tomou parte em um jogo de basquete de uma liga independente.)
Pois bem, Lucas recuperou-se,
conquistou em 2001 o cinturão
dos supermédios do CMB, e hoje
faz a terceira defesa do cinturão,
contra Omar Sheika (a ESPN International exibe VT às 22h30 da
próxima sexta). O combate, ao
menos no papel, é equilibrado.
Mesquita x Chop Chop
O meio-médio-ligeiro brasileiro Antonio Mesquita Jr. disputará o
título da Organização Mundial de Boxe contra o campeão, Demarcus "Chop Chop" Corley, e inclusive já teria assinado contrato para
a luta, segundo informou a esta coluna Félix "Tuto" Zabala Jr., diretor de boxe da Don King Productions, que promove os pugilistas. O manager de Mesquita e Xuxa, Mauro Katzenelson, confirma
a informação. Zabala explicou que a idéia é que o combate aconteça entre as duas primeiras semanas de dezembro ("para não ficar
muito perto dos festejos do Natal") e que planeja visitar o Brasil em
breve para tentar viabilizar sua realização no país. Para o amigo de
Mesquita, o leve Edson do Nascimento, o Xuxa, outro contratado
da Don King Productions, a empresa atua no sentido de garantir a
ele uma disputa pelo título interino da Associação Mundial de Boxe (provavelmente contra Gilberto Serrano) ou da OMB. Enquanto esperam pela definição de suas situações, Mesquita e Xuxa, que
nesta semana voltam ao país, devem passar a treinar na Venezuela.
E-mail eohata@folhasp.com.br
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