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Timemania é aprovada nos moldes dos cartolas
Congresso ratifica loteria, que terá sanção de Lula, para pagar dívidas de clubes
Governo aceitou sugestões
de dirigentes e foi decisivo
para triplicar o prazo para
quitar dívidas, sem exigir
contrapartidas dos times
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Ao anunciar a Timemania
por meio de medida provisória,
o presidente Lula disse que
pretendia ver "dirigentes-empresários", em maio de 2005.
Era a justificativa aos benefícios para pagamento de dívidas,
que somam R$ 900 milhões.
Ontem, com apoio decisivo
do governo, o projeto de lei que
institui a loteria foi aprovado
em cenário mais favorável aos
clubes que o da MP.
Para isso, houve desobstrução da pauta, em acordo de lideranças. Foram retiradas as urgências de três projetos, entre
eles o que prevê incentivo fiscal
a outros esportes.
O presidente Lula vai sancionar a Timemania nos próximos
dias. A loteria funcionará em
um prazo de seis a nove meses.
Pelo texto, os clubes poderão
parcelar suas dívidas em 180
meses. É três vezes mais do que
o prazo de 60 meses estabelecido na MP assinada por Lula,
que depois virou projeto de lei.
No intervalo entre a regulamentação da lei e o início dos
sorteios da Timemania, poderão pagar só R$ 20 mil por mês
por seus débitos antigos -R$
5.000 para cada órgão credor.
Ainda foi derrubada a restrição em relação a clubes que estivessem inadimplentes com
mais de dois órgãos federais.
Dirigentes festejaram o texto
final. Disseram que suas principais reivindicações foram atendidas e que as medidas que não
os interessavam foram tiradas
do projeto. Para isso, consideraram essencial a participação
do ex-ministro Agnelo de Queiroz, de quem foram aliados.
"Acredito em adesão em
massa. É a oportunidade de os
clubes se realinharem no âmbito fiscal", analisou o presidente
do Clube dos 13, Fábio Koff,
que recomendará que os filiados entrem na loteria.
Dirigentes dos clubes participarão até da regulamentação
da lei, em comissão que terá representantes do São Paulo e do
Flamengo. Os cartolas também
ajudaram a elaborar o projeto.
O PFL e o PSDB tentaram incluir uma medida para obrigar
os clubes a virarem empresas
para poderem aderir. "A influência dos clubes sobre o ministro Agnelo foi decisiva para
barrar a medida", acusou o deputado federal Rodrigo Maia,
líder do PFL na Câmara.
"Até para o Palmeiras, que
tem poucas dívidas, é interessante", explicou Antônio Carlos Corccione, assessor da presidência palmeirense.
O vice-financeiro do Corinthians, Emerson Piovezan, disse que usará a loteria para quitar débitos recentes. "Somos
favoráveis a essa ajuda."
Dirigentes são-paulinos
mostram-se mais cautelosos.
Aprovam o texto final, mas ainda vão estudar a adesão. "Preciso saber quais serão as condições, os pré-requisitos", disse o
diretor de planejamento, Marcelo Portugal Gouvêa.
Clubes como Flamengo, Botafogo, Atlético-MG e Fluminense, que acumulam as maiores dívidas fiscais, vêem a loteria como salvação. Tanto que o
presidente do clube rubro-negro, Márcio Braga, foi um dos
que mais atuaram nos bastidores para sua aprovação. Deputados ligados à bola também
atuaram no lobby.
Apesar do otimismo, os cartolas não acreditam que a loteria arrecade R$ 500 milhões,
como previsto pela Caixa Econômica Federal. Mas esperam
se livrar das execuções fiscais, o
que ocorrerá quando incluírem
todas as suas dívidas na loteria.
Colaborou RAINIER BRAGON , da Sucursal de
Brasília
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