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FUTEBOL
Cobranças feitas em público já provocaram divergências na equipe, mas técnico afirma não se incomodar com elas
Nelsinho incentiva críticas no São Paulo
RICARDO PERRONE
DA REPORTAGEM LOCAL
Se depender do técnico Nelsinho Baptista, as críticas e cobranças feitas pelos jogadores do São
Paulo a companheiros de equipe
vão continuar. O treinador afirmou ontem aprovar a atitude de
alguns atletas que têm criticado
abertamente setores do time.
Depois do empate em 1 a 1 com
o Corinthians, no último sábado,
em São José do Rio Preto (SP), as
cobranças voltaram a ser feitas.
No clássico, o gol do empate corintiano aconteceu aos 41min do
segundo tempo, e o meia-atacante Kaká disse que o São Paulo deveria ter usado mais a experiência
para assegurar a vitória, em uma
referência aos mais velhos.
Sem falar nomes, o goleiro Rogério também criticou o fato de a
equipe do Morumbi não ter conseguido manter a vantagem.
Nelsinho discorda que as críticas demonstrem a desunião dos
jogadores são-paulinos.
Na semana passada, ele manteve os seus comandados concentrados em Jarinu (a 71 km de São
Paulo) para tentar promover uma
integração maior entre os atletas.
"Foram cobranças que mostram a nossa preocupação em
acertar. É bom que elas aconteçam", declarou o treinador.
Mas nem todos os jogadores
pensam dessa forma. As críticas
feitas em público já provocaram
divergências entre os atletas.
O caso mais emblemático aconteceu após o empate em 1 a 1 com
o Grêmio. O atacante França criticou o setor de criação da equipe e,
de maneira velada, Luis Fabiano,
seu companheiro de ataque.
As críticas deixaram alguns jogadores, como o lateral-direito
Belletti, descontentes. Um dia depois das reclamações de França,
Carlos Miguel, responsável pela
armação das jogadas, foi afastado
do time pelo treinador.
Apesar de aprovar a atitude de
Kaká, Nelsinho não concorda que
tenha faltado malícia ao time, como sugeriu o meia-atacante.
"O problema não foi esse. Jogamos contra um time forte, tivemos chances para definir o jogo,
não aproveitamos, e o adversário
chegou ao empate", disse.
Segundo o treinador, melhorar
o desempenho nas finalizações
passou a ser a prioridade da equipe. Antes, a principal preocupação era com os erros nos passes.
Ontem, o treinador iniciou o
seu trabalho para tentar melhorar
a pontaria. Os jogadores passaram parte do treino chutando a
gol, sem marcação. Mas o resultado foi desanimador.
A maioria dos arremates foi para fora do gol, e algumas vezes a
bola chegou a passar por cima do
alambrado, atrás do gol.
A justificativa do treinador para
os erros foi estranha. "É que nesse
treino o objetivo é chutar onde o
goleiro não está, e isso dificulta as
coisas", afirmou.
Nelsinho levará pela primeira
vez o atacante Sandro Hiroshi como opção no banco de reservas
no jogo contra o Internacional,
amanhã, em Porto Alegre.
O técnico soube ontem que ficará de 10 a 15 dias sem o meia Leonardo, que sofreu uma contusão
na coxa esquerda no clássico.
Ele se contundiu justamente no
jogo em que voltou depois de ter
se recuperado de uma fratura no
nariz, sofrida no empate contra o
Grêmio, no dia 11 do mês passado. "Talvez o tempo que fiquei
parado tenha aumentado o risco
de me contundir. O pior é que ficarei fora em um momento decisivo para o time tentar a classificação", afirmou Leonardo.
Amanhã, Nelsinho também não
contará com o zagueiro Reginaldo, outro jogador contundido na
coxa esquerda.
Hoje, os conselheiros do clube
se reunirão para analisar o contrato da Liga Rio-SP. Se o documento não for aprovado, a assinatura do presidente são-paulino,
Paulo Amaral, será considerada
por eles sem valor, mas isso dificilmente ocorrerá. Os conselheiros também pedirão ao presidente explicações sobre a transferência do clássico de sábado do Morumbi para o interior do Estado.
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