São Paulo, terça-feira, 06 de novembro de 2001

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FUTEBOL

Cobranças feitas em público já provocaram divergências na equipe, mas técnico afirma não se incomodar com elas

Nelsinho incentiva críticas no São Paulo

RICARDO PERRONE
DA REPORTAGEM LOCAL

Se depender do técnico Nelsinho Baptista, as críticas e cobranças feitas pelos jogadores do São Paulo a companheiros de equipe vão continuar. O treinador afirmou ontem aprovar a atitude de alguns atletas que têm criticado abertamente setores do time.
Depois do empate em 1 a 1 com o Corinthians, no último sábado, em São José do Rio Preto (SP), as cobranças voltaram a ser feitas.
No clássico, o gol do empate corintiano aconteceu aos 41min do segundo tempo, e o meia-atacante Kaká disse que o São Paulo deveria ter usado mais a experiência para assegurar a vitória, em uma referência aos mais velhos.
Sem falar nomes, o goleiro Rogério também criticou o fato de a equipe do Morumbi não ter conseguido manter a vantagem.
Nelsinho discorda que as críticas demonstrem a desunião dos jogadores são-paulinos.
Na semana passada, ele manteve os seus comandados concentrados em Jarinu (a 71 km de São Paulo) para tentar promover uma integração maior entre os atletas.
"Foram cobranças que mostram a nossa preocupação em acertar. É bom que elas aconteçam", declarou o treinador.
Mas nem todos os jogadores pensam dessa forma. As críticas feitas em público já provocaram divergências entre os atletas.
O caso mais emblemático aconteceu após o empate em 1 a 1 com o Grêmio. O atacante França criticou o setor de criação da equipe e, de maneira velada, Luis Fabiano, seu companheiro de ataque.
As críticas deixaram alguns jogadores, como o lateral-direito Belletti, descontentes. Um dia depois das reclamações de França, Carlos Miguel, responsável pela armação das jogadas, foi afastado do time pelo treinador.
Apesar de aprovar a atitude de Kaká, Nelsinho não concorda que tenha faltado malícia ao time, como sugeriu o meia-atacante.
"O problema não foi esse. Jogamos contra um time forte, tivemos chances para definir o jogo, não aproveitamos, e o adversário chegou ao empate", disse.
Segundo o treinador, melhorar o desempenho nas finalizações passou a ser a prioridade da equipe. Antes, a principal preocupação era com os erros nos passes.
Ontem, o treinador iniciou o seu trabalho para tentar melhorar a pontaria. Os jogadores passaram parte do treino chutando a gol, sem marcação. Mas o resultado foi desanimador.
A maioria dos arremates foi para fora do gol, e algumas vezes a bola chegou a passar por cima do alambrado, atrás do gol.
A justificativa do treinador para os erros foi estranha. "É que nesse treino o objetivo é chutar onde o goleiro não está, e isso dificulta as coisas", afirmou.
Nelsinho levará pela primeira vez o atacante Sandro Hiroshi como opção no banco de reservas no jogo contra o Internacional, amanhã, em Porto Alegre.
O técnico soube ontem que ficará de 10 a 15 dias sem o meia Leonardo, que sofreu uma contusão na coxa esquerda no clássico.
Ele se contundiu justamente no jogo em que voltou depois de ter se recuperado de uma fratura no nariz, sofrida no empate contra o Grêmio, no dia 11 do mês passado. "Talvez o tempo que fiquei parado tenha aumentado o risco de me contundir. O pior é que ficarei fora em um momento decisivo para o time tentar a classificação", afirmou Leonardo.
Amanhã, Nelsinho também não contará com o zagueiro Reginaldo, outro jogador contundido na coxa esquerda.
Hoje, os conselheiros do clube se reunirão para analisar o contrato da Liga Rio-SP. Se o documento não for aprovado, a assinatura do presidente são-paulino, Paulo Amaral, será considerada por eles sem valor, mas isso dificilmente ocorrerá. Os conselheiros também pedirão ao presidente explicações sobre a transferência do clássico de sábado do Morumbi para o interior do Estado.


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