JOSÉ ROBERTO TORERO
COLUNISTA DA FOLHA

Eu vos pergunto, leitores: qual a posição mais desejada nesta primeira fase do Campeonato Brasileiro?
Errou quem disse "a primeira, é claro, seu tonto!". Errou e foi mal-educado.
Na verdade só cinco times sonham com o primeiro lugar. Os Atléticos, o São Caetano, o Grêmio e o ressurreto Fluminense.
Já a 24ª colocação é objeto de desejo de sete equipes: Juventude, Gama, Flamengo, Sport, América-MG, Santa Cruz e Botafogo-SP. Estes não têm mais chance de classificação e lutam só para não cair (ou para não ter que recorrer ao tapetão). Para eles, a 24ª posição será um alívio, um copo d'água gelada depois de uma longa caminhada. Seu técnico será considerado um salvador da pátria, e a equipe será tida como "esforçada e aguerrida, principalmente nos momentos decisivos".
Porém a posição mais sonhada hoje é mesmo a oitava, objetivo dos outros 16 times do torneio. Aquele que a conseguir vibrará como um campeão. Enquanto isso, o nono colocado olhará para os céus e, entre lágrimas, perguntará: "Por que eu, por que eu...?"
Aliás, esses 16 times formam um conjunto tão heterogêneo que, para entendê-lo, será preciso fazer algumas subdivisões:
Grupo 1 ou "cuidado, pista escorregadia". É formado por Palmeiras e Internacional. Hoje estão à frente dos outros 14 adversários, mas têm campanhas irregulares e vão enfrentar equipes fortes, podendo escorregar no final.
Grupo 2 ou "caminho suave": aqui estão Ponte Preta e Bahia. É verdade que os dois estão posicionados abaixo do Grupo 1, mas também é verdade que, pelas singularidades da tabela, enfrentarão agora adversários mais fáceis, ou melhor, menos difíceis.
A Ponte, por exemplo, tem um jogo parelho contra o Santos, mas, em contrapartida, pega Botafogo-SP, Goiás, Juventude, Sport e Coritiba. Sem dúvida é um time que pode sonhar com a classificação.
Grupo 3, ou "no meio do caminho tinham seis pedras": composto por Santos e São Paulo, equipes que têm bons elencos, mas fizeram campanhas tropeçudas. Agora terão pela frente rivais duros e igualmente interessados em se colocar entre os oito melhores.
O Santos enfrenta Cruzeiro, Inter, Vasco, Lusa, Ponte Preta e Fluminense. Já o São Paulo pega os três primeiros mais Atlético-MG, Flamengo e Botafogo-RJ.
Ambos têm a necessidade de vencer quatro partidas. É hora de acender velas.
Grupo 4 ou "tudo é possível": formado por Vitória, Goiás, Paraná, Lusa e Guarani. São cinco times medianos que enfrentarão uma cesta com times fortes e fracos. O problema é que eles dependerão muito do desempenho de seus rivais.
O Bugre, que vem numa impressionante reação, enfrenta Gama, América-MG, São Caetano, Paraná, Atlético-PR e Santa Cruz. Que é possível, é.
Grupo 5 ou "eu acredito em duendes": aí ficam Corinthians, Coritiba, Botafogo-RJ, Cruzeiro e Vasco, equipes que necessitam vencer todos seus jogos daqui para frente. Parece algo impossível, mas a recuperação do Corinthians no Campeonato Paulista diz que esse negócio de probabilidade nem sempre dá certo.
Porém, dessa vez, o time de Dualib terá que ter um aproveitamento de 1-0-0% e vencer Vasco, São Caetano, Botafogo, Atlético-MG, Inter e Fluminense. Uma missão impossível. Ou quase.

Prata dourada
Sou contra os superlativos, que sempre parecem um exagero, um realce de gosto duvidosíssimo, mas acho que a prata de Daniele Hypólito é uma conquista importantíssima, algo como o título de Guga em Roland Garros ou a primeira vitória de Emerson Fittipaldi na F-1. É um daqueles feitos que abrem portas e inauguram tradições, um daqueles fatos que, se bem aproveitados, podem fazer crescer um esporte.

Gol
Ronaldo, que infelizmente há muito tempo não balança as redes, marcou um golaço, metaforicamente falando, ao patrocinar Daniele.

Outros
Daiane dos Santos, que foi quinta colocada no solo, e o resto da equipe, que conseguiu o 11º lugar no geral, também merecem parabéns. E patrocinadores.

E-mail: torero@uol.com.br



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