São Paulo, quarta-feira, 06 de dezembro de 2000

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Atleta sai ileso de "doping sexual"

RAPHAEL GOMIDE E
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

A Comissão Disciplinar do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) absolveu ontem o lateral Rubens de Assis, 23, do Paysandu, em um caso inusitado de "doping sexual" no futebol.
Na semana passada, o caso de Assis constrangeu os auditores da comissão. Dois deles, sem saber como votar, pediram o adiamento da decisão para ontem, quando ambos votaram pela absolvição do jogador. O resultado final foi três votos a um pela absolvição.
Assis e seu advogado, José Mauro Couto, afirmaram que o jogador foi "vítima de seus débitos conjugais". A defesa alegou que Assis teria consumido o esteróide anabolizante clostebol involuntariamente, ao ter relações sexuais com sua mulher, que usava uma pomada na vagina contendo a substância proibida.
Em 25 de outubro, a Comissão Nacional de Controle de Dopagem da CBF anunciou que havia detectado os metabólitos do clostebol na urina do lateral, após jogo de seu time contra o Fortaleza, pelo Módulo Amarelo da JH.
Para tentar comprovar a sua inocência, o jogador levou ao tribunal a sua mulher, Lurdes.
Ela afirmou que estava sofrendo de cervicite -inflamação do colo do útero- na ocasião do exame antidoping. Para se curar do problema, disse ter usado a pomada Trofodermim, que tem clostebol.
Na relação sexual, Assis teria tido contato com o creme, que teria entrado em seu organismo por meio de um ferimento no pênis. O médico do Paysandu, Wilson Fiel, disse aos auditores que constatou um ferimento no local.
"Assis fez uso involuntário (de clostebol) por questões de débito sexual e por ter uma vida sexual plena", disse Couto.
Para o bioquímico Marco Aurélio Dornelles, que trabalha com Eduardo de Rose -uma das maiores autoridades nacionais em doping-, a pomada pode ter sido absorvida por meio de um ferimento no pênis, mas isso demandaria algumas condições.
"Até pode, mas é muito difícil. Precisaria haver uma ferida grande e uma quantidade enorme da pomada", disse. A movimentação, normal em uma relação sexual, dificultaria, explica, uma possível absorção do clostebol.
Dornelles afirmou que a concentração de clostebol presente na urina de Assis seria essencial para se avaliar a possibilidade de veracidade da tese dos advogados do jogador. O exame, entretanto, não verifica a quantidade.
"O clostebol é uma substância exógena e, portanto, não é medida a sua quantidade no exame", disse o presidente da Comissão Nacional de Dopagem da CBF, Tanus Nagem, que acompanhou o exame de contraprova.


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