|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Atleta sai ileso de "doping sexual"
RAPHAEL GOMIDE E
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
A Comissão Disciplinar do
STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) absolveu ontem o
lateral Rubens de Assis, 23, do
Paysandu, em um caso inusitado
de "doping sexual" no futebol.
Na semana passada, o caso de
Assis constrangeu os auditores da
comissão. Dois deles, sem saber
como votar, pediram o adiamento da decisão para ontem, quando
ambos votaram pela absolvição
do jogador. O resultado final foi
três votos a um pela absolvição.
Assis e seu advogado, José Mauro Couto, afirmaram que o jogador foi "vítima de seus débitos
conjugais". A defesa alegou que
Assis teria consumido o esteróide
anabolizante clostebol involuntariamente, ao ter relações sexuais
com sua mulher, que usava uma
pomada na vagina contendo a
substância proibida.
Em 25 de outubro, a Comissão
Nacional de Controle de Dopagem da CBF anunciou que havia
detectado os metabólitos do clostebol na urina do lateral, após jogo de seu time contra o Fortaleza,
pelo Módulo Amarelo da JH.
Para tentar comprovar a sua
inocência, o jogador levou ao tribunal a sua mulher, Lurdes.
Ela afirmou que estava sofrendo
de cervicite -inflamação do colo
do útero- na ocasião do exame
antidoping. Para se curar do problema, disse ter usado a pomada
Trofodermim, que tem clostebol.
Na relação sexual, Assis teria tido contato com o creme, que teria
entrado em seu organismo por
meio de um ferimento no pênis. O
médico do Paysandu, Wilson Fiel,
disse aos auditores que constatou
um ferimento no local.
"Assis fez uso involuntário (de
clostebol) por questões de débito
sexual e por ter uma vida sexual
plena", disse Couto.
Para o bioquímico Marco Aurélio Dornelles, que trabalha com
Eduardo de Rose -uma das
maiores autoridades nacionais
em doping-, a pomada pode ter
sido absorvida por meio de um
ferimento no pênis, mas isso demandaria algumas condições.
"Até pode, mas é muito difícil.
Precisaria haver uma ferida grande e uma quantidade enorme da
pomada", disse. A movimentação, normal em uma relação sexual, dificultaria, explica, uma
possível absorção do clostebol.
Dornelles afirmou que a concentração de clostebol presente
na urina de Assis seria essencial
para se avaliar a possibilidade de
veracidade da tese dos advogados
do jogador. O exame, entretanto,
não verifica a quantidade.
"O clostebol é uma substância
exógena e, portanto, não é medida a sua quantidade no exame",
disse o presidente da Comissão
Nacional de Dopagem da CBF,
Tanus Nagem, que acompanhou
o exame de contraprova.
Texto Anterior: Futebol: Governo cede a dirigentes e pode adiar o fim do passe Próximo Texto: Panorâmica - Futebol: São Caetano acha difícil absolvição de Adhemar para jogo de volta do mata-mata Índice
|