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São Paulo, sábado, 06 de dezembro de 2003

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CHILIQUE LONGA VIDA

Polêmico treinador esteve em todas as edições do campeonato, sempre à frente do Suzano

Língua solta, Navajas eterniza emprego

Juca Varella/Folha Imagem
Ricardo Navajas, do Suzano, único treinador que se manteve fiel a uma equipe nos dez anos de existência da Superliga


DA REPORTAGEM LOCAL

Ricardo Navajas construiu uma identidade rara com seu clube. Hoje, é impossível imaginá-lo sem a camisa do Suzano.
Em dez anos de Superliga marcados pela "promiscuidade", ele é o único técnico que se manteve fiel e disputou toda as edições no comando da mesma equipe.
"Suzano nunca me deu uma brecha para sair. Sempre tive estrutura, um time de razoável para bom, sou nascido lá... Nunca recebi uma proposta melhor", disse Navajas, 46, que está treinando com a equipe no Guarujá para a estréia na quinta-feira.
Nos 14 anos dedicados ao Suzano, Navajas imprimiu as marcas de técnico linha-dura e de eterna fonte de reclamações.
A cada final de temporada, o treinador chora a falta de patrocínios e a incerteza de continuação da equipe, a mais vencedora de São Paulo -oito títulos. A Superliga, levou apenas uma vez, na temporada 1996/1997.
"Patrocínio no vôlei é assim. Se ganham dinheiro rápido, ficam. Se não, caem fora. Todo ano é a mesma tortura. Só estou aqui porque ainda gosto e tenho família para sustentar. Mas se aparecer proposta para eu fazer outra coisa ligada ao esporte...", declarou o pai de Samia, 13.
Navajas lembra que, durante a Liga Nacional, nos anos 80 e 90, e no início da Superliga era mais fácil manter o patrocínio por causa da TV aberta e da presença das estrelas da seleção no país.
As reclamações do treinador também sempre ecoaram com muita força dentro da quadra.
Ele assumiu o comando do Suzano em 1989. Levantador "muito ruim", aceitou o cargo quando viu que o clube não teria como pagar os profissionais que havia sondado. Logo de cara, precisou procurar patrocínio.
Navajas capricha nos treinos, nos chiliques e broncas e nas declarações bombásticas. O treinador do Suzano já se autodenominou "socialista democrático" e confessa que não sabe perder.
A relação com os jogadores também, às vezes, é conturbada. Navajas já revelou que "saiu no braço" com alguns atletas e foi suspenso várias vezes por confusões durante as partidas.
Em 2001, foi alvo de investigação por suposto uso irregular do ginásio Paulo Portela, que é da Prefeitura de Suzano.
No ano passado, o pragmático treinador usou a psicologia na final do Paulista. "Língua solta eu sempre fui. Mas acho que estou sendo mais controlado." (ML)


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