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São Paulo, sábado, 06 de dezembro de 2003

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DOPING

Para manter candidatura olímpica, governo quitará débito deste ano com a agência mundial, que ainda cobra 2002

Pelo Rio, Brasil cede e aceita pagar dívida

ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

O Ministério do Esporte divulgou ontem que irá acertar sua dívida com a Wada (Agência Mundial Antidoping) para não prejudicar a candidatura do Rio aos Jogos de 2012. Anteontem, o Comitê Olímpico Internacional ameaçou os países inadimplentes com a eliminação da disputa olímpica.
A possibilidade de exclusão da candidatura carioca devido ao calote do governo federal foi revelada pela Folha, há duas semanas.
Segundo o ministério, o débito será quitado até a próxima quarta-feira. "Não há problema algum. O valor da dívida, que é de cerca de R$ 350 mil, é compatível com o tamanho do Brasil", disse o ministro Agnelo Queiroz, em entrevista à rádio Bandeirantes.
O problema é que o valor ao qual o ministro se refere -US$ 121.177- se refere só a 2003.
A agência também cobra uma dívida de US$ 101.805, referente á contribuição do ano passado. Segundo o ministério, há um documento enviado pela Wada especificando o valor que o Brasil se comprometeu a pagar. A versão não é confirmada pela agência.
"Certamente é uma boa notícia que o Brasil irá pagar o débito de 2003 na semana que vem. Mas ainda há o valor de 2002", disse à Folha Farnaz Khadem, diretora de comunicações da Wada.
O Brasil é o único país entre os postulantes aos Jogos-2012 que nunca pagou nada à agência.
Quase todos os europeus que pleiteiam essa Olimpíada -Rússia, Alemanha, Inglaterra, França, Espanha e Turquia- estão com suas contribuições quitadas. A única exceção é a França, que pagou US$ 594.849 em 2003, US$ 1.740 a menos do que o previsto.
Na América, Cuba tem um débito quase insignificante de US$ 1.339, referente a 2002 e 2003. Nesse período, o país, que enfrenta crise econômica, enviou US$ 10 mil para a luta contra o doping.
O governo brasileiro alegava que sua contribuição para este ano seria de apenas US$ 13 mil. O acordo para a diminuição da contribuição foi fechado em reunião dos ministros do Esporte de 21 países da América, realizada há dez meses, em Santo Domingo.
No encontro, foi acertado que os países fariam, neste ano, um pagamento simbólico de 10% do valor pedido pela agência. A alegação era que essa despesa não estava prevista no orçamento do ministério de cada país.
Para o ano que vem, a contribuição seria totalmente quitada. O problema é que a Wada reclamou do calote do continente e fez pressão ao COI para tomar medidas contra os devedores.
A reunião contou com a presença de representantes de Cuba e EUA, também postulantes à Olimpíada. Os dois, no entanto, ignoraram o resultado da reunião na República Dominicana em suas negociações com a agência.
"Como a Wada não aceitou esses valores, vamos fazer nova rodada de negociações no Conselho Americano do Esporte. Enquanto isso, acertaremos a dívida", afirmou Agnelo Queiroz.
Além do Brasil, os EUA, que lançaram Nova York como candidata aos Jogos, também estão com pendência com a agência.
O país acertou sua contribuição referente a 2002, mas continua em débito neste ano. Inicialmente, os EUA teriam que pagar US$ 1 milhão. O governo local, porém, divulgou que pagará só US$ 800 mil.


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