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DOPING
Para manter candidatura olímpica, governo quitará débito deste ano com a agência mundial, que ainda cobra 2002
Pelo Rio, Brasil cede e aceita pagar dívida
ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério do Esporte divulgou ontem que irá acertar sua dívida com a Wada (Agência Mundial Antidoping) para não prejudicar a candidatura do Rio aos Jogos de 2012. Anteontem, o Comitê
Olímpico Internacional ameaçou
os países inadimplentes com a eliminação da disputa olímpica.
A possibilidade de exclusão da
candidatura carioca devido ao calote do governo federal foi revelada pela Folha, há duas semanas.
Segundo o ministério, o débito
será quitado até a próxima quarta-feira. "Não há problema algum. O valor da dívida, que é de
cerca de R$ 350 mil, é compatível
com o tamanho do Brasil", disse o
ministro Agnelo Queiroz, em entrevista à rádio Bandeirantes.
O problema é que o valor ao
qual o ministro se refere -US$
121.177- se refere só a 2003.
A agência também cobra uma
dívida de US$ 101.805, referente á
contribuição do ano passado. Segundo o ministério, há um documento enviado pela Wada especificando o valor que o Brasil se
comprometeu a pagar. A versão
não é confirmada pela agência.
"Certamente é uma boa notícia
que o Brasil irá pagar o débito de
2003 na semana que vem. Mas
ainda há o valor de 2002", disse à
Folha Farnaz Khadem, diretora
de comunicações da Wada.
O Brasil é o único país entre os
postulantes aos Jogos-2012 que
nunca pagou nada à agência.
Quase todos os europeus que
pleiteiam essa Olimpíada -Rússia, Alemanha, Inglaterra, França,
Espanha e Turquia- estão com
suas contribuições quitadas. A
única exceção é a França, que pagou US$ 594.849 em 2003, US$
1.740 a menos do que o previsto.
Na América, Cuba tem um débito quase insignificante de US$
1.339, referente a 2002 e 2003.
Nesse período, o país, que enfrenta crise econômica, enviou US$ 10
mil para a luta contra o doping.
O governo brasileiro alegava
que sua contribuição para este
ano seria de apenas US$ 13 mil. O
acordo para a diminuição da contribuição foi fechado em reunião
dos ministros do Esporte de 21
países da América, realizada há
dez meses, em Santo Domingo.
No encontro, foi acertado que
os países fariam, neste ano, um
pagamento simbólico de 10% do
valor pedido pela agência. A alegação era que essa despesa não estava prevista no orçamento do
ministério de cada país.
Para o ano que vem, a contribuição seria totalmente quitada.
O problema é que a Wada reclamou do calote do continente e fez
pressão ao COI para tomar medidas contra os devedores.
A reunião contou com a presença de representantes de Cuba e
EUA, também postulantes à
Olimpíada. Os dois, no entanto,
ignoraram o resultado da reunião
na República Dominicana em
suas negociações com a agência.
"Como a Wada não aceitou esses valores, vamos fazer nova rodada de negociações no Conselho
Americano do Esporte. Enquanto
isso, acertaremos a dívida", afirmou Agnelo Queiroz.
Além do Brasil, os EUA, que
lançaram Nova York como candidata aos Jogos, também estão
com pendência com a agência.
O país acertou sua contribuição
referente a 2002, mas continua em
débito neste ano. Inicialmente, os
EUA teriam que pagar US$ 1 milhão. O governo local, porém, divulgou que pagará só US$ 800 mil.
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