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FUTEBOL
O velho e o novo
JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA
Como acontece todo final de
ano, o pessoal da Folha me
pediu para ajudar a escalar a seleção do Campeonato Brasileiro e
a eleger o craque do torneio e o jogador que foi a revelação.
Escolher o craque foi fácil (Alex,
sem pestanejar). Escalar o time
nem tanto. Ainda tenho dúvidas
em algumas posições. Mas o difícil mesmo está sendo escolher a
revelação. Ainda bem que tenho
até segunda-feira para votar.
Ao pensar nos nomes possíveis,
de repente me dei conta da vertiginosa renovação do futebol brasileiro nas últimas temporadas,
motivada em parte pela debandada de craques para o exterior e
em parte pela produção contínua
de novos talentos.
O processo é tão rápido que
atletas que mal chegaram aos 20
anos, como Daniel Carvalho, do
Inter, Dudu Cearense, do Vitória,
ou Dagoberto, do Atlético-PR, já
são quase veteranos, comparados
aos "verdadeiros" novatos, como
Nilmar, Abuda ou Diego Tardelli.
Há também aqueles que já não
são tão jovens, mas que tiveram
este ano pela primeira vez a oportunidade de se mostrar num torneio nacional. É o caso do excelente lateral-esquerdo Triguinho
(Figueirense). Aos 24 anos, pode
ser considerado uma revelação? A
meu ver, sim, o que não quer dizer que eu vá votar nele.
Claro que a performance e o
destaque de um jovem talento dependem muito da situação do
clube em que atua.
O Santos campeão de 2002 pôde
dar o devido relevo a jogadores
como Diego, Robinho, Maurinho,
Elano e Alex -e mesmo a Renato, que já havia disputado dois
Brasileiros pelo clube e dois pelo
Guarani.
Da mesma forma, o Cruzeiro
campeão deste ano pôde destacar
o atacante Mota, o goleiro Gomes, o zagueiro Thiago e o lateral
Leandro, ainda que os dois últimos já fossem um tanto rodados.
Situação oposta viveram os jovens talentos surgidos no Parque
São Jorge. Garotos com grande
potencial, como os atacantes Jô,
Wilson e Abuda e os laterais Roger e Vinícius (Fininho), foram
lançados num time sem pé nem
cabeça e hoje lutam contra o estigma do fracasso. Não foram revelações.
O conceito de "revelação", de
resto, pode ser bastante elástico.
Para mim, foi uma revelação ver
o zagueirão Cris botando a bola
no chão e saindo para o jogo com
serenidade. Foi o mesmo que ver
um primo da roça adotar os costumes mais refinados da cidade.
Até um veterano pode ser uma
revelação, por jogar como nunca
jogou (vide Paulo Baier) ou como
não jogava havia muito tempo
(vide Zinho).
Uma das razões do mau desempenho do futebol carioca no Brasileirão, a meu ver, foi a aposta
cega em veteranos que acabaram
não rendendo o que se esperava:
Romário e Djair no Fluminense;
Edmundo, Beto e Donizete no
Vasco; Edílson no Flamengo.
Nesse contexto, a exceção foi o
veteraníssimo Valdo, que, mesmo
sem ser titular, deu sua valiosa
contribuição à volta do Botafogo
à Série A. Leve e alegre como um
menino, aos 39. Juventude é isso.
Pechincha
A Fifa divulgou anteontem os
preços dos ingressos para a Copa do Mundo de 2006, que será
realizada na Alemanha. Na primeira fase, o ingresso mais barato vai custar 35 (cerca de R$
125). Nas quartas, 55; nas semifinais, 90; na final, 120
euros (cerca de R$ 425). O ingresso mais caro da decisão
custará 600 (R$ 2.130). E eles
dizem que está barato. Nessas
horas é que a gente vê o tamanho da nossa pobreza.
Recordar é viver
Tristes por não terem conquistado o bicampeonato, os santistas ganharam um consolo: o livro "Time dos Sonhos" (editora Códex), de Odir Cunha, uma
apaixonada e informativa história do clube, enriquecida com
as escalações, os títulos, os artilheiros, os hinos etc.
E-mail jgcouto@uol.com.br
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