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São Paulo, sábado, 06 de dezembro de 2003

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FUTEBOL

O velho e o novo

JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA

Como acontece todo final de ano, o pessoal da Folha me pediu para ajudar a escalar a seleção do Campeonato Brasileiro e a eleger o craque do torneio e o jogador que foi a revelação.
Escolher o craque foi fácil (Alex, sem pestanejar). Escalar o time nem tanto. Ainda tenho dúvidas em algumas posições. Mas o difícil mesmo está sendo escolher a revelação. Ainda bem que tenho até segunda-feira para votar.
Ao pensar nos nomes possíveis, de repente me dei conta da vertiginosa renovação do futebol brasileiro nas últimas temporadas, motivada em parte pela debandada de craques para o exterior e em parte pela produção contínua de novos talentos.
O processo é tão rápido que atletas que mal chegaram aos 20 anos, como Daniel Carvalho, do Inter, Dudu Cearense, do Vitória, ou Dagoberto, do Atlético-PR, já são quase veteranos, comparados aos "verdadeiros" novatos, como Nilmar, Abuda ou Diego Tardelli.
Há também aqueles que já não são tão jovens, mas que tiveram este ano pela primeira vez a oportunidade de se mostrar num torneio nacional. É o caso do excelente lateral-esquerdo Triguinho (Figueirense). Aos 24 anos, pode ser considerado uma revelação? A meu ver, sim, o que não quer dizer que eu vá votar nele.
Claro que a performance e o destaque de um jovem talento dependem muito da situação do clube em que atua.
O Santos campeão de 2002 pôde dar o devido relevo a jogadores como Diego, Robinho, Maurinho, Elano e Alex -e mesmo a Renato, que já havia disputado dois Brasileiros pelo clube e dois pelo Guarani.
Da mesma forma, o Cruzeiro campeão deste ano pôde destacar o atacante Mota, o goleiro Gomes, o zagueiro Thiago e o lateral Leandro, ainda que os dois últimos já fossem um tanto rodados.
Situação oposta viveram os jovens talentos surgidos no Parque São Jorge. Garotos com grande potencial, como os atacantes Jô, Wilson e Abuda e os laterais Roger e Vinícius (Fininho), foram lançados num time sem pé nem cabeça e hoje lutam contra o estigma do fracasso. Não foram revelações.
O conceito de "revelação", de resto, pode ser bastante elástico. Para mim, foi uma revelação ver o zagueirão Cris botando a bola no chão e saindo para o jogo com serenidade. Foi o mesmo que ver um primo da roça adotar os costumes mais refinados da cidade.
Até um veterano pode ser uma revelação, por jogar como nunca jogou (vide Paulo Baier) ou como não jogava havia muito tempo (vide Zinho).
Uma das razões do mau desempenho do futebol carioca no Brasileirão, a meu ver, foi a aposta cega em veteranos que acabaram não rendendo o que se esperava: Romário e Djair no Fluminense; Edmundo, Beto e Donizete no Vasco; Edílson no Flamengo.
Nesse contexto, a exceção foi o veteraníssimo Valdo, que, mesmo sem ser titular, deu sua valiosa contribuição à volta do Botafogo à Série A. Leve e alegre como um menino, aos 39. Juventude é isso.

Pechincha
A Fifa divulgou anteontem os preços dos ingressos para a Copa do Mundo de 2006, que será realizada na Alemanha. Na primeira fase, o ingresso mais barato vai custar 35 (cerca de R$ 125). Nas quartas, 55; nas semifinais, 90; na final, 120 euros (cerca de R$ 425). O ingresso mais caro da decisão custará 600 (R$ 2.130). E eles dizem que está barato. Nessas horas é que a gente vê o tamanho da nossa pobreza.

Recordar é viver
Tristes por não terem conquistado o bicampeonato, os santistas ganharam um consolo: o livro "Time dos Sonhos" (editora Códex), de Odir Cunha, uma apaixonada e informativa história do clube, enriquecida com as escalações, os títulos, os artilheiros, os hinos etc.

E-mail jgcouto@uol.com.br


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