São Paulo, terça-feira, 06 de dezembro de 2005

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FUTEBOL

Marcionílio Pinheiro e Fred Silva morrem após troca de tiros entre torcidas de Botafogo e Fortaleza, ontem, no Rio

Nova rixa de internet mata 2 no Nacional

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

Mais mortes na última rodada encerraram um brasileiro recheado de tragédias. As provocações trocadas pela internet entre torcedores de Botafogo e Fortaleza resultaram em selvageria anteontem à noite no Rio. Um microônibus alugado pela Torcida Uniformizada do Fortaleza foi emboscado por botafoguenses da Fúria Jovem resultando em duas mortes.
Os mortos a tiros foram Marcionílio Pinheiro, 28, presidente da TUF, e Fred Paiva da Silva, 29, da organizada do Botafogo. Houve quatro feridos. Dois acusados pelos homicídios foram presos.
O confronto ocorreu após o jogo em que o Botafogo bateu o Fortaleza por 2 a 0. Já em volta do estádio Luso-Brasileiro, na Ilha do Governador (zona norte), aconteceu tumulto, mas a PM impediu que a briga se alastrasse.
O microônibus que conduziria os 20 torcedores de volta ao Ceará foi atacado a pedradas e tiros quando estava preso em um engarrafamento no acesso da avenida Brasil à ponte Rio-Niterói.
A PM escoltara os cearenses a até pouco metros dali. Segundo major Marcelo Pessoa, do Grupamento Especial de Policiamento de Estádios, a escolta se desfez porque, como a Rio-Niterói está sob jurisdição federal, a segurança seria de responsabilidade da Polícia Rodoviária Federal. Além disso, não havia, aparentemente, botafoguenses próximos ao local.
Os PMs se enganaram. De um carro saíram quatro torcedores do Botafogo, que atacaram o ônibus com porretes de madeira e dispararam tiros com revólver.
Atingido na barriga e na cabeça, Pinheiro morreu na hora. Outros quatro colegas foram baleados sem gravidade: Renato Barros dos Santos, 24, Aldeluciano Santos Cassiano, 29, Wilker de Serpa Lima, 20, e Wilton Caetano Bezerra, 46, motorista-auxiliar.
Um dos cearenses estava armado. Ricardo Fernandes Fontenele, o Mexicano, vice-presidente da TUF, disse que também atirou.
Baleado, Fred Paiva da Silva morreu no Hospital Cardoso Fontes, em Jacarepaguá (zona oeste). Marcelo de Oliveira Ramos da Silva, o Geléia, um dos homens que o levaram ao hospital, foi preso pela PM, acusado de ter matado o presidente da TUF.
A família de Pinheiro, o torcedor do Fortaleza morto, quer que os irmãos dele, Addler e Arley, deixem de participar da organizada, por medo da violência.
Além de presidente da torcida, função que ocupava desde o início do ano, Pinheiro era estudante de direito. Ele tinha ido ao Rio na quinta-feira com outras 24 pessoas, em um microônibus, para ver a partida, cujo resultado poderia garantir uma vaga ao Fortaleza na Copa Sul-Americana.
O enterro de Pinheiro foi marcado para hoje pela manhã. Ontem, em luto, todas as lojas da TUF, sete espalhadas por Fortaleza, ficaram fechadas. A torcida tem 7.900 componentes.


Colaborou Kamila Fernandes, da Agência Folha, em Fortaleza

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