|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FUTEBOL
O velho exercício do "se..."
SONINHA
COLUNISTA DA FOLHA
Tinha de ser assim? Tinha de
ser por menos de quatro pontos? Não é tentativa de contemporizar, até porque não preciso disso
(comentarista pode, confortavelmente, riscar um fósforo e ficar
vendo as chamas), mas quero explicar por que acho que o Corinthians merece ficar com o título.
Como já disse, discordei da
anulação indistinta dos 11 jogos.
Não se pode deduzir que tudo o
que o "juiz ladrão" fez no campeonato foi ilícito; o fato de ter
manipulado alguns resultados
não prova que tenha manipulado
todos. A anulação de um jogo
equivale a uma pena capital; só
deve acontecer quando há certeza
absoluta do dolo, não a forte impressão ou possibilidade.
"Então, o que você faria?" Eu
anularia os jogos em que não havia nenhuma dúvida de fraude
-baseando-me no depoimento
do réu, nas provas colhidas por escuta telefônica ou em evidências
inegáveis. Caso alguém mais se
sentisse prejudicado pela arbitragem de Edilson Pereira de Carvalho, poderia entrar com recurso
no STJD (como prevê o artigo 84
do CBJD, que trata do "pedido de
impugnação") e teria seu caso
apreciado com todo o cuidado.
Em vez de o tribunal esmiuçar
cada uma das demais partidas
tentando adivinhar o que era erro comum e o que era dolo, ele
agiria quando solicitado, ouviria
as partes e então decidiria. Qual a
vantagem desse procedimento?
Ora, os dois times derrotados pelo
Cruzeiro nos jogos anulados, por
exemplo, teriam de convencer o
tribunal de que foram prejudicados pela arbitragem... Assim como o Juventude, goleado no dia
em que o Edmundo "acabou com
o jogo". Ou nem se dariam a esse
trabalho, por parecer infrutífero,
ou simplesmente não conseguiriam convencer ninguém de que
perderam os jogos por culpa da
manipulação do árbitro...
Nesses exemplos cabe a partida
do Corinthians contra o Santos.
Ainda que apontasse um ou outro erro do Edilson, o alvinegro seria convincente ao dizer que o árbitro "logrou seu intento" e foi o
responsável por sua derrota? Eu
não seria convencida... Mas no
caso da derrota para o São Paulo,
talvez fosse. Não pelo pênalti discutível no final da partida, mas
pelas queixas dos jogadores que
naquele dia se disseram provocados e ofendidos pelo árbitro. Juntando as reclamações de uns às
suspeitas sobre o outro, talvez o
STJD determinasse que aquele jogo fosse refeito -e o ponto obtido
no empate do repeteco teria mais
validade que os 3 do "bis" contra o
Santos. Esse ponto levaria o Corinthians a empatar com o Inter
em 78 pontos... Ele poderia ser o
ponto da "legitimidade" do título.
Mas agora é tarde; este é o velho e
inútil exercício do "se".
Anular os 11 jogos foi ruim; desanular todos eles também seria.
Assim, se por um lado é irremediável e por vários outros pode ser
considerado justo, prefiro que o
Corinthians seja reconhecido
campeão, de direito e de fato. E
não só não ganho nada para dizer isso (antes que um engraçadinho sugira) como terei de agüentar os corintianos me "zoando".
Calma, a Libertadores vem aí...
Corintianos distintos
Enquanto Dualib diz que "ninguém quer saber de quanto foi
o contrato; quer saber de ganhar título", Citadini diz que a
o título não serve para avalizar
a MSI -como a taça do Brasil
em 70 não escondeu "censura,
cassações e ausência de eleições
e liberdade". Citadini 1, Dualib 0.
Bom e ruim - 1
Que Romário, 39, com o direito
de não treinar e de jogar só
quando quiser, seja o artilheiro
do Brasileiro é muito bom para
ele... E muito ruim para os outros atacantes, não é não?
Bom e ruim - 2
Que o Palmeiras vá à Libertadores
com virada inesquecível é muito
bom para o Verdão... E muito
ruim para o Flu, talvez a mais
amarga decepção do torneio.
E-mail
soninha.folha@uol.com.br
Texto Anterior: Basquete - Melchiades Filho: Os últimos serão os primeiros Próximo Texto: Futebol: Dualib afirma que taça veio no improviso Índice
|